A Transição do Feudalismo para o Capitalismo
A transição do feudalismo ao capitalismo não se deu de forma instantânea, foi um processo longo e dividido em muitas etapas. Também não foi um processo uniforme, ocorrendo variações em diferentes países. Para Pierre Vilar, elementos contrários ao modo de produção feudal, como propriedade limitada sobre as pessoas e sobre a terra, preparam a sua destruição. As trocas exteriores, circulação monetária se desenvolvendo, progressão da propriedade absoluta, crescente número de homens livres, crescimento das cidades e impostos do Estado competindo com tributos senhoriais acabaram por abalar o feudalismo culminando com o seu fim.
Durante a crise do sistema feudal, por volta dos séculos XIV e XV, houve grandes invenções que modificaram o rendimento das forças de produção. Com isso a indústria passa a ser mais rentável que o campo, fazendo com que ocorresse uma diminuição da população dos campos. Foi também neste período (final do século XV) que a expansão ultramarina ganhou força, com o descobrimento da América e o comércio com as Índias, injetando riquezas nesses Estados.
Para Marx a origem do capital burguês ocorre por meio da acumulação primitiva de capital. Essa acumulação ocorre devido à expropriação agrária, proletarização das massas rurais, exploração colonial e saques. Para ele a expropriação agrária e proletarização das massas ocorreram devido à violência legalizada, que separou o produtor de seus meios de produção. Os saques a tesouros indígenas, que ocorriam frequentemente, alimentaram por muito tempo mercadores e banqueiros europeus. Além disso, a exploração colonial de ouro e prata provoca na Europa uma “revolução nos preços”, causando um aumento súbito nos preços dos produtos. Apenas a partir do século XVII os preços voltam a se normalizar, diminuindo a velocidade da acumulação primitiva, que só voltaria a crescer no século XVIII, com a reorganização da exploração colonial.
Pierre Vilar acredita que foi durante os séculos XVII e XVIII que as etapas finais da transformação ocorrem. É nesse período que ocorre a separação entre produtor e meio de produção, organização e divisão do trabalho e aumento do trabalho individual. Os Estados nacionais passam a buscar por lucros, cobrando impostos e priorizando a elite industrial. Também obtém lucros por meio do protecionismo nacional, que por intermédio das aduanas e da marinha nacional conseguiu arrecadar muitas riquezas. Por fim, durante o século XVIII, o desenvolvimento tecnológico acaba por culminar com a chegada da era capitalista. A partir desse período a manufatura passa a ser substituída pela maquinofatura, aumentando muito a produtividade do trabalho e reduzindo os custos da produção. A revolução industrial consolida o sistema econômico capitalista, que por consequência altera todo um regime social, alterando formas de pensar e agir de toda uma sociedade.
Para concluir, vale ressaltar que nem todos os países adentraram nesse sistema econômico nesta época, havendo grandes variações entre uns e outros.