A MORTE DA ÉTICA

Não existe nada mais sábio que o povo. Não existe nada mais estúpido que suas decisões coletivas ( Govedice ).

ARTIGO

Dos partidos políticos nunca gostei de falar, porque são a encarnação do mal, o triunfo da improbidade, o rosto debochado da vilania e o selo infame da falsidade.

Eu nunca desposei, nem jamais deitei com a virgem que inventam nos seus discursos de campanha. Eu nunca me filiei a nenhum deles! Eu sempre soube de suas mentiras e de suas artimanhas e nunca acreditei nos seus propósitos e também sempre duvidei de seus princípios.

Hoje abro uma exceção.

Porque nenhum partido na história triste e suja da política deste país carregou tantos anseios e levou tão longe o poder da mistificação, da malicia, os requintes da ilusão e o desprezo pela moral, pelos compromissos e pelos princípios como o PT.

A sigla bem que poderia significar Partido da TRAIÇÃO.

Eu nunca fui Petista, mas tive gente bem próxima de mim, gente acima de qualquer suspeita, que embalou seus mais uterinos sonhos neste carrossel de picaretisse que se transformou este partido.

Digo isto, porque entendo que ele traiu de forma criminosa a expectativa de milhares de brasileiros, que nele depositaram suas mais veementes esperanças de termos um dia, neste país um maior equilíbrio social, mais integridade, mais justiça e mais progresso para todos.

Ele usou e abusou do suporte sem contrapartidas dos que creem no bem e dos mais humildes que embarcaram na canoa furada destes sindicalistas muitos metidos em corrupção e sua corja de apaniguados de todos os matizes e de todos os rincões.

Para atingir seus objetivos, eles usaram de forma maquiavélica e despudorada o caudal de sonhos levantado nas portas das fábricas, a revolta intestina e silenciosa dos mais sensíveis pelos contornos insuportáveis das condições miseráveis em que vive nosso povo. Se apoderaram do grande sonho de democracia, liberdade e justiça para todos que inspirou o movimento das diretas-já. Usaram sem remorsos, o espírito de revolta que levou tantos jovens a pegarem em armas, abandonar suas famílias e lutar pelos seus ideais e pelo sangue que derramaram nos calabouços da ditadura. Eu incluo aí a Presidenta que sem medo empunhou sua arma e a entendo fora desta podridão reinante na seara do jogo político do partido, hoje manipulado por uma única pessoa, um ex-operário. Talvez seja apenas uma ilusão minha, mas eu prefiro pensar assim.

O PT usou todos estes anos sem nenhum escrúpulo, sem nenhuma reserva, o discurso da ética, da moralidade, da justiça social e hoje de braços dados com a elite apodrecida que jura combater, tomou de assalto o erário publico, como dizem os jornais e o ministério público que os acusa de formação de quadrilha no caso do mensalão e com isso soterraram a ética, enegreceram os nossos dias e tiraram o sol dos nossos quintais e a vontade dos nossos jovens de se interessar pelas coisas públicas e pela politica.

Hoje vejo que fecham acordo com o Partido do MALUF em São Paulo, que era até então o símbolo maior da corrupção e da direita peçonhenta que motivou tantas campanhas e que lhes trouxeram tantos votos de confiança. Que grande maçada! Que grande mentira estes vagaus nos pregaram!

Ignomínia, opróbrio, vergonha, desonra, mácula ou qualquer outro verbete será pouco para classificar este ato e outros tantos deslizes perpetrados pelo partido da traição, ou melhor dos trabalhadores.

Que diria Brizola nos dia de hoje? O que diriam os intelectuais que se engajaram na luta da esquerda como o Manuel Bandeira, Drummond, Alceu de Amoroso Lima, Otto Maria Carpeaux , Álvaro Lins e Érico Veríssimo?

Pobres almas se vivessem hoje! Pobre Brizola, pobre Cavaleiro da Esperança, pobre Olga, pobre sentimento de desesperança que bate nos peitos envelhecidos dos velhos esquerdistas que sempre acreditaram no socialismo vanguardista do PT.

Estão todos traídos, todos esbulhados, todos humilhados na vala comum do escárnio e da avacalhação.

Eu não deveria me importar, porque somos apenas povo, mais o que mais me dói neste quadro sombrio é a falência da indignação de todos e a morte da ética, a qual procurei registrar aqui.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 16/06/2012
Reeditado em 27/12/2014
Código do texto: T3726989
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