Fazendeiros de asfalto e o MST

Concordo plenamente que não se deve fazer reforma agrária na marra, ou seja, tomando terra de quem já tem. Mas... Existem restrições, ou deveriam existir, sobre a relatividade desse "quem já tem". Eu conheço muita gente que tem, mas a rigor não é dono. Por exemplo: Tem muito "fazendeiro de asfalto" que fica rico com o seu negócio, sonegando impostos ou deixando de pagar verdadeiras fortunas aos seus fornecedores e "compram terras" para criar gado, etc. especular e não são pequenas fazendas, são enormes latifúndios. Você vê, (por exemplo), no ramo de Confecções, o sujeito trabalha 5/6 anos, forma um "conceito" e compra R$500.000,00 de tecidos de fornecedores diversos e simplesmente não paga, e ai constrói uma mansão ou compra mais gado para colocar numa fazenda que a rigor não deveria ser dele. Médicos, advogados, pastores evangélicos, também fazem essa lavagem de dinheiro e ninguém critica publicamente.

Que lei existe nêsse Pais, que faz essa pessoa pagar essa divida? NENHUMA. Se ele consegue sonegar dinheiro à iniciativa privada, (não pagando os fornecedores) imagine o quanto ele não sonega do Governo. Eu Pergunto: Esse é um fazendeiro que merece a terra?

Um Governador que tem um mandato de 4 anos, quando sai, ostenta publicamente o titulo de fazendeiro com propriedades 30/40 mil alqueires e ninguém pode fazer nada. Este seria um fazendeiro intocável? E na opinião dos internautas desse site, deveriam permanecer intocáveis ?

Acredito que não. Então, eu sou a favor da moralidade e se nós caminharmos por aí, a gente pode fazer uma reforma ampla, tomando terras e terrenos de muita gente desonesta (que não são fazendeiros) e fazendo a reforma agrária, para que a gente possa tirar esse nosso pais da Miséria.

Outra coisa, quando penso em Reforma agrária, não penso em PRODUÇÃO EM SÉRIE, PRODUTIVIDADE, isto pode ficar para os fazendeiros grandes e com vocação empresarial e com dinheiro (honesto) para multiplicá-lo, gerar empregos e fazer desse Pais, o maior exportador de Grãos do mundo. O grande erro de todos nós, principalmente aqueles legítimos fazendeiros é pensar que uma Reforma agrária seria tomar a terra e distribuir. O pequeno camponês, que mora hoje nos grandes centros debaixo do viaduto, nas favelas, não volta mais. (mas eles foram um dia colonos que ficaram desempregados, pelo simples uso da alta tecnologia, todos sabemos disso)

Precisamos, contudo evitar mais êxodos e segurar esse pequeno agricultor no campo, dando-lhe a posse de uma pequena propriedade, para sua subsistência. Ele não quer produzir toneladas e nem entende de Cacex, de financiamentos, nem sabe falar Chinês ou Inglês, ele quer colher alguns quilos de mandioca, tirar um pouco de leite e comer alguns pés de alface ali perto do curral, de seu alqueire, que ele nunca teve.

Se nós não pensarmos nisso já, se nós não iniciarmos um processo de rejeição aos falsos fazendeiros, seja, taxando alto as terras improdutivas ou moralizando com Leis severas, para que a lavagem de dinheiro sujo, não ocorra, vamos ter um senado e um congresso e um poder judiciário e principalmente um poder executivo, só de Malas e os

verdadeiros fazendeiros, irão se arrepender de um dia ter tido medo da guerra do MST contra as Capitanias hereditárias.

As Fazendas do Rio de Janeiro, serão de propriedade do Mem do Bingo, ao invés do Mem de Sá e aqui de Goiás quem sabe Acadêmicos da Leg Terceirizada e poderão até importar algumas Escolas de Samba do Rio de Janeiro, porque dinheiro não faltará, pelo menos é o que continua arrorando o Cachoeira e o Demóstenes com essa CPI de merda que eu não sei pra que.

E assim, aqueles pobres camponeses sem terra, poderão durante 3 dias do ano, desfilar em carros alegóricos, com chapéus de alumínio, mostrando a grandeza do nosso Brasil, cantada em Samba e ao som da melodiosa voz do Martinho da Vila e os mais raivosos poderão durante os restantes 362 dias do ano, ficarem por ai, nos sinais de transito, vendendo biscoitos de polvilho, distribuindo panfletos, pedindo esmolas, chorando, morrendo de frio, de fome, enfrentando as filas da morte na Santa Casa de Misericórdia, porque lá, os médicos que também são fazendeiros de asfalto (por exemplo) não estarão atendendo de graça, porque tem que ganhar mais e mais dinheiro, para comprar mais e mais fazendas.

Se esse é o mundo que desejamos que os nossos filhos herdem, tudo bem.Seremos cada vez mais prisioneiros em nossas mansões protegidas com cercas elétricas e alarmes sofisticados, se possível dentro de condomínios fechados, com custo de manutenção altíssimo e desconfiando do vizinho do lado riquíssimo também, mas que pode ser um profissional em seqüestro de olho na sua família e com certeza vai lhe fazer muito mais mal do que aquele com uma foice na mão, querendo um pedaço de terra para morar e plantar. Continuemos pois, a nossa marcha egoísta de sabermos o porque das coisas e resistirmos por resistir no que diz respeito a fazer aquilo que já deveria ter sido feito.

Não sou fazendeiro, não sei como plantar um pé de milho e talvez nunca me esqueça da minha maior façanha num ato de intimidade com a terra, quando arranquei do chão, algumas raízes de mandioca. Foi um ato de sublimação e por isto respeito muito todos os legítimos fazendeiros e a eles dedico esse misto de Carta esclarecedora e crônica, misturada com um protesto de quem sonha com a liberdade e oportunidade e que acredita que, existindo um deus, ele absolutamente não tenha criado a terra somente para uma meia dúzia dominar.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 01/06/2012
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