Coisas que me deixam indignado

COISAS QUE ME DEIXAM INDIGNADO

Nos idos de maio eu estava indignado com o Imposto de Renda. Além de uma mala que me descontam mensalmente na fonte, eu tive – como nos anos an-teriores – de pagar outro tanto do citado imposto, em oito prestações devidamente corrigidas. Não sei quando é que alguns estafermos do Congresso Nacional vão legislar a favor do povo, dizendo que salário, aposentadoria ou pensão não é ren-da. Minha indignação já vinha desde o final de abril. Precisei de algumas informa-ções da Receita Federal, e esse órgão em Canoas atende das 13 às 16h. Coitados, como trabalham! A indignação chega às raias do paroxismo quando se vê o mau emprego dos tributos que se paga.

Na mesma semana, vi pela tevê o cinismo de Carlinhos Cachoeira, diante de uma impotente CPI, rindo cinicamente, ele e seu advogado. Rindo de nós, do con-tribuinte que injeta recursos no erário do qual ele se locupletou, a ponto de pagar 15 milhões ao causídico defensor. Isto causa indignação, pois esse elemento, como outros do mesmo jaez, não vai preso nem vai devolver o que adquiriu de forma fraudulenta. É a tônica nacional: cadeia só para ladrões de galinha.

No mesmo período, sofri com os aviões da FAB, um C-130 e um 707, autên-ticas sucatas voadoras, a tirar rasantes ruidosos sobre meu prédio, da manhã à noite, especialmente após as 13h, período da sesta das crianças, doentes e idosos aposentados. Um absurdo! Segundo soube, trata-se de exercícios de militares que vem do Rio, para treinar aqui, em cima da minha cabeça. Novamente a indignação me assaltou, na medida em que, no mesmo dia que eu pagava a segunda parcela do Imposto de Renda, vi o destino inglório que dão ao recolhimento, meu e de tan-tos outros contribuintes. Esses vôos, além da notável despesa do combustível, são regiamente indenizados como “horas de vôo”, que funcionam como uma “hora ex-tra” e até onde sei contam tempo para a aposentadoria. Alguém poderá objetar que esses exercícios são necessários para a defesa do Brasil. Defesa contra quem? Contra a falida Argentina? Ou contra a cavalaria marítima do Paraguai?

Por falar em aviões, há mais tempo, um amigo, um “intelectual” de Canoas me sugeriu: “Mesquita, faz um artigo na tua coluna sugerindo a relocalização da Base Aérea de Canoas, pois quando foi criada ficava numa várzea e Canoas possu-ía meia-dúzia de casas, e hoje está no meio da cidade, e seus sobrevôos represen-tam um perigo sobre nossas cabeças”. A sugestão do cidadão, que eu transcrevi, foi a instalação da Base em uma região mais ínvia, sem riscos aos edifícios, escolas e hospitais. Logo me veio nova indignação: dois meses depois vi num jornal o dito cujo sendo homenageado pela organização militar.