E QUEM NOS INDENIZARÁ?

Nessa semana que se foi algumas notícias me chamaram a atenção e me estimularam o pensamento e, obviamente, a vontade de escrever.

Dentre algumas "boas- novas" e muitas "novas- ruins" que nos bombardeiam todos os dias, coincidentemente, uma delas falava sobre a indenização que alguns Estados da Federação promovem aos cidadãos brasileiros que foram vítimas de tortura política, aliás, um tipo de violência que lamentavelmente se registra nas páginas não tão remotas da nossa história e que indubitavelmente nos causa extremo pesar.

Nenhum ser humano, por direito natural, deveria ser torturado por causa alguma, em hipótese alguma. Mas não é o que ocorre.

E, diante da notícia, soubemos que um dos importantes personagens beneficiários, militantes da histórica "luta democrática" frente à ditadura militar, é a nossa Presidenta, cujo montante de vinte mil reais a ser recebido será por ela doado às obras assisto-sociais.

É claro que se trata dum valor monetário simbólico com o qual nada daria sequer para se começar quando a causa é "pelo social e assistencial".

Muito bem, o mérito do meu artigo, que pega carona no cerne da questão tortura, também é sobre indenizações sociais.

Mais precisamente: indenizações cidadãs.

Antes de discorrer sobre o meu pensamento é mister que eu aqui lance uma simples pergunta: QUAL O CONCEITO DE VIOLÊNCIA SOCIAL?

Será que os gestores a saberiam conceituar?

Destarte, a semântica do vocábulo "violência" é muito ampla e quiçá a palavra "tortura", seja ela de qual forma for, vocábulo de forte impacto conotativo social, talvez seja ele o superlativo maior que melhor enfoca qualquer forma de violência extrema, ainda que aparentemente invisível.

Olhemos para o nosso atual cenário sócio-político:

Alguém com o olhar em foco, em sã "transparência" cidadã, como se costuma dizer por aí no mais moderno "linguajar democrático", seria capaz de negar o tipo de "tortura moral -social" da qual todos nós, cidadãos de bem, somos vítimas nos últimos tempos, todos os dias?

Por acaso não seriam formas variadas e surreais de torturas invisíveis o tudo que vemos acontecer, e pior ainda , o que vemos "não acontecer" no nosso dia -a -dia de cidadãos contribuintes com o todo que mantemos mas que pouco nos beneficia?

E quando nos beneficia nos vem em forma de favores e dádivas dos altruístas benfeitores políticos que tudo fazem pelo social sucateado?

Não seriam formas de violência velada as agonizantes filas da saúde, as das que aguardam por leitos nos hospitais públicos do país, as filas da previdência, o negligente descaso com o idoso, a infância ignorada e abandonada, o exército de analfabetismo funcional que nos assola, o desprestígio com o qual o poder público trata os professores e a educação, a violência urbana, a inversão das prioridades sociais, a segmentação social sorrateiramente insuflada em ações de veladas lutas de classe que nos dividem enquanto iguais, a corrupção que consegue fragilizar e DRIBLAR a Constituição e a Justiça, enfim, uma lista de violências de todas as geneses políticas, angariadas e acumuladas de quaisquer sistemas políticos presentes ou passados, "torturas" que além de não nos serem indenizadas nunca, são bancadas pelos nossos impostos nas alturas de sempre?

Deixo aqui a minha reflexão.

Parece que a moda atual de governar, a que mais "populisticamente" emociona e manipula as opiniões e a consciência, é a de vitimizar os governos para que o povo continue cego, afundado na tortura e na ingerência social. E sem direito a qualquer tipo de indenização, ainda que fosse a de gritar pelos nossos legítimos direitos que uma verdadeira democracia nos asseguraria.

Governar aqui no Brasil é puro "marketing pessoal" me desculpem a expressão sincera do que sinto.

Todos os governos são santos, quiçá sejamos nós os cidadãos historicamente torturadores...das sempre ocultas intenções políticas.

Finalizo meu artigo com o máximo de "Data Venia" para com todos, aqui, apenas a deixar umas letras de alguém que um dia espera concretizar a tempo, sem indenização alguma, o direito de ser cidadão de verdade.