Começou a batalha decisiva pelo futuro
As eleições parlamentares da Grécia de 6 de maio de 2012 entrarão para a História como o momento decisivo da batalha dos trabalhadores e da juventude contra a crise econômica e contra o fascismo. O partido social-democrata de centro-esquerda, PASOK, ficou em terceiro lugar, perdendo o posto de principal força de esquerda do país para a Syriza (Coligação da Esquerda Radical), que é uma coalizão de partidos de esquerda da Grécia. A Coalizão de Esquerda em torno da Syriza aglutinou grupos trotskistas e maoístas e alcançou 16,2% dos votos contra os 14,2% do PASOK. A coalizão entre conservadores e socialistas não se concretizou e, mesmo tendo ficado em primeiro lugar, os conservadores do Nova Democracia não conseguiram constituir um novo governo. Agora, a Syriza tentará formar um governo de extrema-esquerda. No campo da esquerda que é oposição aos planos de austeridade estão os Comunistas do KKE com 8,6% dos votos e a Esquerda Democrática com 5,8% dos votos. Outro aspecto deste xadrez político é o crescimento da extrema-direita, em especial do partido neonazista Aurora Dourada, partido abertamente fascista, que ostenta a suástica como símbolo e que cresceu de 0,2% (20 mil votos) em 2009 para 7% dos votos em 2012. O partido fascista conquistou 21 cadeiras do Parlamento Grego. Os fascistas comemoraram essa vitória com uma marcha onde todos saíram de negro e com tochas. Isso mesmo, não estamos nas décadas de 20 e 30 do século XX, não se trata de um fato passado, dos Camisas Negras do Mussolini ou dos Nazistas de Hitler, trata-se do mundo em crise do século XXI. O discurso do líder do partido foi em tom de ameaça, de conteúdo xenófobo, completamente anti-imigrante. Para aqueles que questionam o conceito de luta de classes, estamos às portas de uma verdadeira guerra de classes. A batalha contra o fascismo começou!
A França também viveu o crescimento da oposição de esquerda na Frente de Esquerda de Jean-Luc Melénchon e da extrema-direita de Marine Le Pen, que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais. Mas os franceses derrubaram mais um governo pró-austeridade e impuseram uma derrota ao discurso fascista entoado por Sarkozy, que passou a dialogar com a extrema-direita. A vitória do PS foi dada principalmente pela juventude que tomou as ruas às centenas de milhares pouco antes do anúncio da vitória. Os jovens estão na linha de frente dos combates da crise. A Praça Tahrir e a Revolução Egípcia seguem vivas graças à juventude, que não se ilude com os acordos por cima e denuncia a manutenção da Ditadura no Governo da Junta Militar Pós-Mubarak e a traição da Irmandade Muçulmana. Os conservadores tiveram importantes vitórias eleitorais na Europa, mas todos os governos que não atenderam às reivindicações da população - de direita ou de esquerda - caíram. É a política das ruas contra a política parlamentar. Os conservadores ganharam na Espanha, na Irlanda, na Inglaterra e em Portugal diante da aplicação dos planos do FMI e da União Europeia pelos socialistas e pelos trabalhistas. A extrema-direita ascendeu ao poder na Holanda, na Bélgica e na Finlândia. A oposição de esquerda chegou ao poder na Eslovênia e os social-democratas derrotaram os conservadores na Eslováquia. Na Islândia, uma revolução está em curso: a direita foi derrubada do poder pela mobilização popular com uma manifestação pacífica que sitiou o palácio presidencial; 93% dos islandeses votaram num referendo contra o pagamento da dívida aos bancos e pela nacionalização dos bancos; e uma Assembleia Constituinte foi eleita em novembro de 2010. Como parte desse processo de radicalização política, nas eleições legislativas de 2009 venceu a coligação de esquerda formada pela Aliança (agrupamento de partidos constituídos por social-democratas, feministas e ex-comunistas) e pelo Movimento dos Verdes de Esquerda. Na Islândia formou-se um governo de esquerda e uma Assembleia Constituinte. Na Grécia uma coligação de extrema-esquerda se tornou a segunda força política do país. Grécia e Islândia serão pontos de apoio importantes para a luta contra a extrema-direita e o imperialismo. A França, o país de maior tradição revolucionária da Europa e do mundo, pode alterar a tendência atual rumo ao fascismo com uma vitória socialista sustentada pela juventude e impulsionada pela mobilização da Frente de Esquerda e da oposição aos planos de austeridade. Isso dará aos franceses a força necessária para combater o próprio PS no poder, quando o mesmo tentar um acordo com a Alemanha e com os organismos financeiros internacionais contra o povo.
O papel revolucionário da juventude hoje e o crescimento do fascismo de um lado e da extrema-esquerda de outro são os elementos fundamentais da atual conjuntura. Não há mais espaço para a conciliação de classes. Novamente o mundo se depara com a disjuntiva Revolução ou Contrarrevolução. Começou a batalha decisiva pelo futuro!