FRENTE DE ESQUERDA PSTU-PCB NO RIO

A candidatura de Marcelo Freixo poderia cumprir um papel fundamental na luta contra a direita e contra o governo de Frente Popular, enfraquecendo um futuro governo de Paes e disputando a consciência dos trabalhadores contra a falsa alternativa Rodrigo Maia-Clarissa Garotinho, representantes do que existiu de pior na política fluminense nas últimas décadas. Uma alternativa de esquerda e socialista contra a coligação PMDB-PT e contra o governo de Cabral-Paes-Picciani, os chefes políticos do PMDB do Rio, com um candidato competitivo e que poderia liderar um verdadeiro movimento de massas, com audácia e coragem, na figura de Freixo deixou de existir no momento em que se buscou aliança com o PV e se realizaram conversas com Andréa Gouvêa, do PSDB. A política de "aliança com a sociedade e não com os partidos" só dialoga com a consciência mais atrasada e com o senso comum. O sectarismo em relação ao PSTU e a busca, ao mesmo tempo, de alianças com dissidentes dos grandes partidos da ordem revelam uma estratégia absolutamente reformista e nem um pouco radical. Infelizmente, a candidatura de Marcelo Freixo deixou de ser uma alternativa política para a classe trabalhadora e para a juventude. O mesmo erro foi cometido por Luciana Genro em 2008, quando fez uma aliança com o PV gaúcho, aceitou o apoio de Rodrigo Pimentel (ex-capitão do BOPE) e dinheiro da GERDAU. Naquela circunstância, PSTU e PCB mantiveram a Frente de Esquerda sem o PSOL. Terão esses partidos no Rio a mesma habilidade e vontade políticas de repetir o feito?

Uma Frente de Esquerda com PSTU e PCB é a única alternativa real neste momento. Ambos os partidos cometeram o erro de não intervir no processo de construção da chapa em torno de Freixo, abdicando de influenciar na luta política contra a divisão da oposição de esquerda. Uma política isolacionista e sectária como em 2010, em que PSOL, PSTU, PCB e PCO lançaram candidatos e não conseguiram disputar a consciência política da classe como em 2006, apesar das limitações programáticas e de campanha e do personalismo da candidata Heloísa Helena, seria um grave equívoco. É a oportunidade de construir no Rio de Janeiro uma candidatura que seja uma verdadeira Frente Única Revolucionária e que pode se conformar num movimento político. A Frente de Esquerda Francesa, mesmo com as limitações programáticas, mostrou o caminho ao se transformar num movimento de massas, com uma aliança de partidos de esquerda, uma campanha tocada pela militância e a postura independente e radical frente aos grandes partidos. Candidaturas isoladas do PSTU e do PCB só tendem a fortalecer a estratégia reformista e colaboracionista. Um último chamado conjunto deve ser feito a Freixo para que repense sua estratégia. É um gesto importante no sentido de demonstrar a disposição real de formar uma frente única para travar o combate contra a burguesia e o seu projeto nefasto para o Rio de Janeiro que conta com milícias e UPP´s para manter os pobres sob controle, violações constitucionais a partir da ação do Exército como força policial e de ocupações militares de comunidades e a estratégia fascista de repressão sistemática aos movimentos sociais com o BOPE, a P2 e a Tropa de Choque e as remoções de comunidades e de famílias pobres para as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas, embalando a política higienista e racista de Paes e Cabral com um ufanismo de quinta categoria, com o patriotismo da "Pátria de Chuteiras".

O ano de 2012 será decisivo para a luta política futura. A crise econômica já começou no Brasil. Não importa o quanto o governo Dilma tente esconder. Por isso, as medidas favorecendo o empresariado, de desoneração de impostos, incentivos ao consumo e à indústria contra a desindustrialização do país, a alta inflacionária e a diminuição do crescimento do PIB já estão em curso. Além disso, uma nova reforma da previdência foi aprovada pelo Congresso Nacional a mando do governo petista, ou como a esquerda no governo gosta de chamar, do governo de coalizão. O FUNPRESP foi aprovado sem resistência. Outros ataques ainda mais duros virão. Nos próximos anos, teremos que debater não um acordo eleitoral entre partidos, mas a necessidade de uma greve geral contra as medidas do governo contrárias aos interesses dos trabalhadores, levando à piora do seu nível de vida. A Frente de Esquerda PSTU-PCB no Rio será estratégica para o fortalecimento da oposição de esquerda e dos socialistas na disputa com a burguesia reacionária dentro do governo e na oposição de direita presente nos governos estaduais e municipais. O Rio de Janeiro hoje é uma vitrine para todo o Brasil. O laboratório político e social do país é o estado do Rio nesse momento. A política de segurança do governo de Frente Popular foi gestada aqui. A política de higienização social dos grandes centros urbanos, que vem sendo implementada de forma brutal pelos governos do PSDB e do PSD em São Paulo, assumirá feições ainda mais cruentas e cruéis no Rio por causa dos megaeventos. A política pode ser uma paixão, mas não é um jogo. Não se brinca com as vidas dos trabalhadores e dos militantes e muito menos com o destino de todo o povo brasileiro, especialmente sua classe trabalhadora e sua juventude. A necessidade é urgente e a atual conjuntura exige coragem, inteligência e ousadia dos atores políticos. A situação presente exige ainda o abandono das vaidades e das rixas políticas menores. Mas, acima de tudo, exige a unidade daqueles que querem unir pra lutar, que querem, devem e podem fazer uma candidatura que não seja um projeto pessoal ou político eleitoral, mas parte de um movimento mais amplo e que aponte para o futuro. Nas eleições municipais do Rio de Janeiro em 2012 só uma coligação que reedite aqui a Frente de Esquerda de 2008 do Rio Grande do Sul, alimentando-se do seu exemplo para realizar algo ainda maior, poderá atender aos anseios da população carioca. Uma coligação entre PSTU e PCB é a única alternativa política real para o Rio.

Rafael Rossi