Abril de 2012, os cidadãos brotenses vivenciam momento histórico que vai ficar na memória por muitos e muitos anos.
No ano de 2008, um homem considerado “humilde”, sofrido e marginalizado surge no cenário político, vence as eleições e sucede seu antecessor, Du Barreto, por 3 vezes prefeito de Brotas.
A popularidade, o novo, são alguns adjetivos que geram expectativas e curiosidade. Nas eleições de 2008, o cenário político tinha alguns fatores que beneficiavam Salla, entre eles o desgaste do seu antecessor, por estar a frente do poder a mais de 8 nos, a sua exposição massiva na mídia local e regional, talvez seja estes alguns dos fatores que influenciaram a vitória de Salla nas eleições. Eu tenho a convicção que cada eleitor enxerga como em espelho, ele quer no poder um representante que tenha as suas características e o seu estilo de vida. Vou citar um exemplo clássico: O eleitor humilde procura um representante que tenha a mesmas características sua, acredito que tenha sido um dos fatores que fez Antônio Benedito Salla em 2008 cair nas graças do povo. Os eleitores simples e humildes enxergavam a simplicidade e o padrão de vida que Salla vivia na época, a sua história, o deslize com a justiça e o cumprimento da pena em regime fechado, acredito que tenha sido um dos fatores predominantes que induziu a opinião do povo, e entre os eleitores mais esclarecidos, pode ter sido o desejo de mudança.
Quando o administrador não está preparado, o poder pode se tornar uma arma, uma faca de dois gumes. Aquele que exerce o poder sobre o povo tende a despertar dois tipos de caráter, a pré-disposição de construir ou destruir. O administrador tem que estar profundamente amparado pelo conhecimento intelectual, psicológico e espiritual para não deixar o poder dominar seus instintos e colocar tudo a perder. Não vou citar o que o prefeito Salla fez, ou o que deixou de fazer em sua gestão, até porque, como todos sabem, os representantes eleitos têm como objetivo realizarem grandes obras que beneficiem a maioria.
O maior erro de Antonio Benedito Salla foi negligenciar a condução do seu mandato. Indispôs com todos os partidários do município, com a imprensa se relacionou de maneira desdenhada e, quando se viu sozinho se apoiou a quem não tinha expressão e nem credibilidade, seus discursos eram fundamentados a comover os ouvintes, passando a impressão de coitado e perseguido pelos opositores. Na parte administrativa, por inúmeras vezes trocou a sua equipe de governo, não criou uma equipe coesa, cedeu à coroa ao seu filho Jorge Salla, dando poder supremo a um jovem que sofreu bullying na época de colégio, devido à condição de seu pai estar na prisão cumprindo pena. Jorge Salla desenvolveu um poder paralelo, onde tomava decisões importantes, contratava, demitia, fazia lobby, influenciava aberta ou secretamente nas decisões das secretarias de governo a favorecer os seus interesses. O poder em suas mãos, acompanhado da prepotência, altivez, despreparo e desrespeito com os poderes constituídos e mais o desejo de mostrar a todos que ele “podia”, as declarações intempestivas, acompanhadas de denúncias envolvendo atos irregulares, foram fatores decisivos que atingiram e derrubaram o pouco prestígio político que Salla ainda tinha entre a maioria. A recente inauguração do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) retrata a falta de prestígio. No palanque de autoridades somente o prefeito Salla recepcionou o secretário de Emprego e Relações de Trabalho do governo do Estado, Carlos Ortiz, nenhuma outra autoridade do município estava presente, nem mesmo os vereadores da sua base aliada.
Após um ano e cinco meses cassado pela câmara de vereadores, como já era esperado, desembargadores da 12ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspenderam o mandado de segurança expedido pela Justiça de Brotas, que garantia o exercício do poder de Antônio Benedito Salla (PR) na prefeitura. Como consolo e esperança para os aliados, Salla ainda continua no poder aguardando a comunicado pelo Diário Oficial, e caso seja confirmado sua saída, deixa a prefeitura com inúmeros problemas com a justiça. Quem assume em seu lugar é Alexandre Takashi Schiavinato (PT) que rompeu com Salla, após denúncias de supostas irregularidades e declarações inoportunas na rádio FM de Brotas.
De tudo isso que aconteceu, o político atilado, caso consiga se eleger nas próximas eleições e chegue ao poder, deve ter em mente que “a glória de Deus é oculta as coisas, e a glória dos reis é pesquisá-las.” Acima de alguém que exerce o poder, há sempre Um mais poderoso, Ele coloca, mas também tira quem não estiver em conformidade com as suas Leis.
Por: José Renato Bueno