Vamos celebrar
Mais um feriado se aproxima e quero convidar a todos para celebramos, não a paixão de Cristo, essa sim, pode ser um eterno combustível para uma fé, a mais forte no Brasil, que segue o cristianismo, que incorporado ao sistema nos colocou onde estamos. Não convido também para a comemoração das festas de sábado de Aleluia, onde com mais um feriado, sentimos o alivio momentâneo de termos uma falsa liberdade, que cai por terra na segunda próxima, pois novamente assumimos nosso papel do teatro da vida. Convido a todos para celebramos nossa atual situação que persiste em não ser atual e sim constante. Vamos celebrar aquilo que vemos todos os dias, mas que quando não vende mais, sai de circulação sem ser comprovada a condenação, sem sem extirpada esse mal da população.
Vamos celebrar a corrupção, que corrompe a verdade, Vamos celebrar essa falsa alegria vivida em feriados prolongados, celebrar a morte da inocência exaltada mediante as audiências televisivas. Vamos celebrar essa hipocrisia enaltecida por políticos em horários comerciais, onde iludem a realidade que realmente vivemos. Vamos celebrar a falsidade do ser humano, a falta de amor, a incompreensão com o próximo. Vamos celebrar a falta de corporação, de vida, em todos os meios, a falta de humanidade diante os segmentos desse universo industrializado e mundo corporativo, onde o melhor é o que mais tem e não o que melhor faz, onde o companheirismo se dá com sorrisos sem nexos e com ausência de sinceridade. Vamos celebrar a vaidade das massas, a solidão de não ter o que comer de muita gente diante da possibilidade de poder comprar uma televisão LCD em 24 vezes e fazer uma prestação da desigualdade. Vamos celebrar o medo que tudo isso impõe e o fato de milhares de religiões usarem o nome de "deus" para retirar desse povo, aquilo que pouco eles tem. Vamos celebrar a violência mascarada nos afastados bairros, os presídios lotados, e o congresso nacional inchado com dinheiro de gente que assim como eu, sonha, trabalha e vive a ilusão de ser tudo perfeito num país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza. Vamos celebrar o silicone, as plásticas, pois é isso a imagem que tenho do meu doce país, onde o que se vê por fora não reflete o que se tem por dentro. Vamos celebrar essa falta de contexto, essa falta de essência, essa falta de caráter, impregnada pelos preenchimentos automáticos do capitalismo e do consumismo. Vamos celebrar a criança sem esperança que manipulada pelo sistema pede esmola no farol, não se deve alimentar esse sistema, mas as poucas moedas dadas por nós, é muito menos perante o descaso das autoridades perante essa pobreza. Vamos celebrar o mundo que vive em constante temor, que vive em sombras de guerras, pois não assumem o que realmente são por dentro, interesseiros. Vamos celebrar a máquina americana, a engrenagem que movimento e fomenta todo o planeta terra, que dá foco onde quer, quando quer, e se for necessariamente bom para seus próprios interesses, mediante isso, vamos celebrar o egoísmo, o voto desperdiçado na espera que se possa eu, e não os outros, utilizar essa máquina para o meu próprio crescimento. Vamos celebrar a robotização do ser humano, a falta de sentimentalidade, a falta de fé com atitude, a falta de aprimoramento, a inércia. Vamos celebrar a inércia, que nos faz sentir paz se na minha vida a paz perante tudo isso que celebramos acima, estiver em minha vida, como se eu fosse uma borboleta e não precisasse da flor. Vamos celebrar essa individualidade irracional, que nos leva cada dia mais, querer mais, e explorar mais, e mais e mais ter menos. Vamos celebrar o analfabetismo que se ensina na escola, o descaso com a base da nossa sociedade, a falta de respeito com os trabalhadores da saúde e da educação, a falta de segurança de quem cuida da nossa segurança, celebrar os deputados iníquos que fazem o que querem, que manipulam julgamentos, que se masturbam em busca de auto realização, celebrar a falta de justiça para os crimes cometidos nos mensalões, mensalinhos e mesadas, vamos todos, celebrar os acordos de interesses que medem a pessoa única do singular invés do contexto plural, vamos celebrar a tosca política analítica, medida em dados, e tomando como base crescimento em parcelas e não da forma que nosso país poderia ter crescido. Vamos celebrar a inverdade anunciada por barbudos e engravatados seres desumanos, e mulheres manipuladas por esses, que mesmo cometendo erros, trabalham sobre a falta de memória brasileira e aparecem de tempo em tempo como bem feitores da melhora de vida nacional. Vamos celebrar essa melhora visível também, pois antes não tínhamos nada, agora? Temos. Vamos celebrar a moeda forte que temos, que nos permite fazer longas prestações para uma vida inteira, vamos celebrar o parcelamento de todo nosso lar, e vamos celebrar a falta de visibilidade, pois tudo isso só será nosso quando realmente estiver pago, ou seja, celebremos a ignorância humana, que não compreende que os juros baixos dão fôlego para os contribuintes que beneficiam os bancos, que transferem dinheiro para as empresas, que financiam as campanhas, que trabalham diante essa mesma ignorância, e que depois beneficiam as empresas, com obras públicas hipervalorizadas, que dão mais dinheiro a lobistas que manipulam os mesmos bancos e dinheiros por nós ali depositados, que fortalece a máquina, que nos empurram modas, conceitos, e modelos padrões de vida. Vamos celebrar esse grande teatro que vivemos, e quando as cortinas cessarem, vamos aplaudir os atores que vemos todos os dias, dizendo e aclamando diante palmas:
- Eu falei para vocês, sempre foi assim, eu só fiz o meu papel.
Vamos celebras os Malufes, os ACMs, os Sarneys, os Lulas, os Collors, e por que não, até os Tiriricas, que diante tanta palhaçada, celebra a nossa idiotice e comprova a todos:
- PIOR QUE ESTÁ, PODE SIM FICAR.
Fernando Lobos.