A POLÊMICA DOS MINISTROS DO SUPREMO
A POLÊMICA DOS MINISTROS DO SUPREMO
Durval Carvalhal
A dura polêmica estabelecida, recentemente, entre dois ministros do egrégio Supremo Tribunal Federal, em plena seção de trabalho, deve ter, no início, causado espanto a todos que viram e ouviram a contenda histórica; mas, uma coisa puxa outra. Por causa do famigerado racismo no Brasil, quantos negros deixaram de ser economistas, escritores, advogados, engenheiros, executivos, gestores, médicos, professores, empresários de peso, pesquisadores, educadores, oficiais militares, jornalistas, etc.?
O que seria do futebol brasileiro sem Pelé, Garrincha, Didi, Romário, Ronaldo Fenômeno, Manga, Djalma Santos, Luís Pereira, Amaral, Marco Antônio, Jorge Mendonça, Jairzinho, Ronaldinho Gaúcho, Leônidas da Silva, etc.?
O que seria da música popular brasileira sem Pixinguinha, Ataulfo Alves, Dorival Caymi, Ângela Maria, Cartola, Djavan, Elizete Cardoso, Gilberto Gil, Jair Rodrigues, Jorge Benjor, Luiz Gonzaga, Luiz Melodia, Lupicínio Rodrigues, Martinho da Vila, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Sandra de Sá, Tim Maia, Wilson Simonal, Zezé Mota, etc.?
Erich Fromm, alemão, um dos maiores psicanalistas do mundo contemporâneo, já apontava a música e o esporte como os únicos caminhos, através dos quais, o negro poderia se sobressair; exatamente, por não depender de chefes "brancos" para ascender profissionalmente.
Quantos “Joaquins Barbosa” estão nos morros, nas favelas, nas palafitas, nas masmorras, no desemprego, na marginalidade, nas profissões e nos cargos mais ínfimos da sociedade, sem oportunidade de estudar, trabalhar e contribuir qualitativamente com a democracia e a economia brasileiras?
Quem perde é o próprio País e a sociedade brasileira. Todavia, uma sociedade preconceituosa, capaz de pagar R$500,00 para um afro-descendente não ganhar R$400,00 é digna de pena e tem seu futuro comprometido. Quem não sabe que, dentro de qualquer organização nacional, o negro tem limites de crescimento profissional e pessoal?
Mesmo com perfil de trabalhador competente e eficiente, raramente o negro ocupa cargos de confiança nas empresas, quando não sofrem assédio moral. Sem dúvida, o lugar do negro na sociedade brasileira equivale ao dedo mindinho, e ai daquele que ascender pessoal e profissionalmente e chegar aos dedos indicador e anelar, área de competição! Vai sofrer muito; e chegar ao dedo médio (o maior), é um sonho inatingível dentro das entidades pátrias. Dessa forma, fica no ar a pergunta de Maquiavel: “De que vale inteligência sem oportunidade?”.
Mas, como sentenciou Júlio Ribeiro, “na batalha da existência, o importante é não ficar vencido, porque o vencedor tem sempre razão”. E a luta continua...