E POR FALAR EM VIOLA
A viola caipira, em sua simplicidade, mesmo quando a madeira tosca e reciclada se cobre de vernizes e enfeites em madrepérola, e apesar de cada vez mais elitizada, não perdeu, ao longo do tempo, sua identidade como instrumento de manifestação sentimental do homem da roça e, hodiernamente, do cidadão.
Das festas de folias, rodas de catira e pousadas dos boiadeiros aos estúdios de gravação, teatros, salas de concertos e ambientes universitários, ocupando espaço eruditos, a viola é a mesma do Brasil Colônia, do Brasil Caboclo, do Brasil Caipira, do Brasil Rural e do Brasil de todos os tempos. Viola Caipira! a mãe legítima da música autêntica sertaneja.
E não há como falar das coisas do sertão, da cultura sertaneja sem lembrar do carro de bois e do berrante puxando a boiada; das festas de santo e da vendinha na beira da estrada; do rancho de capim e da engenhoca de pau, dos mutirões e do canto triste do urutau, do forno de barro e do arroz de pilão, dos bailes de terreiro e festejos no mês de São João. Do cavalo manso e marchador e da linda moça de olhar sonhador.
E o brasileiro moderno, ainda que cercado de tecnologia e modernidades, traz, implicitamente, um sentimento nostálgico, facilmente identificável ao som da música sertaneja. Uma sanfona, uma viola, um violão, duas vozes "casadas" e modas que contam histórias e exprimem os segredos do coração: eis o típico espírito sertanejo - o mais é recordação e pura saudade!
Everaldo Reis Teixeira