O preço de um analfabeto político

O desinteresse da população em geral quando o tema envolve política não é só um presente exclusivo do Brasil. É sabido que em vários países do globo, quase a totalidade, o assunto é tratado como um monólogo cômico em que uma das partes, sempre o povo, acaba o ato dando-se mal.

A inércia de pessoas em procurar participar de um processo democrático faz surgirem candidatos a vir preencher, com seus projetos pessoais assistencialistas, as lacunas deixadas em branco.

Podemos pegar, por exemplo, a Casa de Leis Municipal ou popularmente chamada de Câmara Municipal. Uma rápida introdução conta que ela já existia no Brasil desde o tempo da Colônia. O conceito foi trazido de Portugal, e regimentado em terras tupiniquins, visto o gerenciamento ruim praticado pela Coroa Portuguesa.

No início o Poder Legislativo era integrado a outros dois, o Judiciário e Executivo. Já ao tempo do Império estes já davam sinais de separação, cada qual indo para seu atual posto.

O responsável para por em ação o seu funcionamento, o vereador, ou edil como é denominado por alguns, tem seu verdadeiro papel no ato de legislar e fiscalizar o Executivo.

Trocando em miúdos, a tarefa de um vereador é controlar gastos do executivo, propor leis e projetos que beneficiem à população e sendo sua primordial função a formulação do orçamento municipal.

Aí que mora o perigo da ignorância política. Quando o orçamento é votado pelos legisladores e não existe participação de seus eleitores, o razonete pode ser formulado e moldado ao gosto do chefe do executivo, vindo a tratar de interesses eleitoreiros e com o aval de grande parte de seus pares no plenário.

Com o orçamento em mãos de políticos não assistidos pela população, é inevitável a criação de uma emenda sugerindo um valor superestimado, ou seja, aprovam um valor maior do que realmente a cidade precisa.

Com este montante aprovado, mais dinheiro nos cofres públicos, o processo conhecido e levado à exaustão pelos canais televisivos com o nome de corrupção pode dar sua cara. O rombo nos cofres públicos da cidade de Santo André (SP), à época da gestão do Prefeito Celso Daniel, pode vim a servir como exemplo. Querido pelos moradores foi o grande responsável por desviar a cifra de cem milhões para interesses de seu partido.

Provavelmente a aprovação de um orçamento superestimado ajudou esta cifra milionária saltar para bolso de políticos escusos. Outro fator de um orçamento feito à revelia de interesses coletivos é denominado de margem de remanejamento exagerada.

Aprovada desta maneira a emenda permite que grandes quantidades de investimentos de inúmeras pastas sejam remanejadas para outras de interesse do prefeito sem que haja um limite para sua transferência. Bom, um pouco da verdade está aí! E poucos também a sabem. O interesse pelo o assunto não é um dos melhores, mas o estrago de sua ignorância, este sim, é um dos piores.

Chronus
Enviado por Chronus em 13/03/2012
Reeditado em 15/04/2012
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