O BRASIL PAGOU MESMO A DÍVIDA EXTERNA?

     Engraçado, de uns tempos para cá não se fala mais no fato de o Brasil ter pagado a dívida externa, como foi amplamente divulgado pela imprensa e nos programas eleitorais do governo petista em 2010. Será que pagou mesmo? Essa história merece um olhar mais apurado.

     Em janeiro de 2011, a dívida externa era de 357 bilhões de dólares. Esse montante era equivalente ao que o país tinha emprestado ou aplicado em outros países, quantia que já tinha sido superior em 2010, explicando o otimismo governamental. Diante da tabela de valores a pagar e a receber, pois tinha-se a receber quantia semelhante à que se tinha de pagar, surgiu o raciocínio simplista de que o país havia quitado a dívida externa. Os áulicos disseminaram essa ideia aos quatro cantos com o intuito de obter dividendos eleitorais.

     Mas a coisa não é bem assim. Vamos supor que o cliente de um banco tenha uma poupança de R$ 100,00 e seja convencido pela instituição a usar R$ 100,00 do cheque especial. No primeiro dia, ele poderá fazer a conta e pensar que está tudo bem com seu patrimônio. Afinal, ele tem R$ 100,00 de ativo e deve R$ 100,00 para o banco. Mas quanto tempo irá durar essa ilusão? Até completar o ciclo do mês. Ao final de 30 dias, ele terá a poupança creditada com R$ 0,60, ficando com R$ 100,60, mas terá de pagar ao banco cerca de R$ 109,00, uma vez que o juro do cheque especial gira em torno de 9%. Evidentemente, ele terá um rombo nas finanças e uma dívida impagável à medida que o tempo passa, verdadeira bola de neve.

     Foi algo semelhante que ocorreu com as contas do governo federal. O montante que ele tinha a receber era remunerado em 0,25%, mas para os países que ele deve, paga uma taxa de juros superior a 12%. Se fosse uma empresa, já teria fechado as portas. Se fosse uma família, já teria sido decretada sua insolvência civil. Mas como é um governo, que pode terceirizar a conta para um contribuinte combalido, ele vai mercadejando falácias e usufruindo dos seus privilégios nada republicanos.

Fonte: jornal Megalupa, nº 3, março/2012, Porto Alegre-RS.

Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 09/03/2012
Reeditado em 09/02/2018
Código do texto: T3543889
Classificação de conteúdo: seguro