FILHA DE PEIXE

Ainda que quisesse, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, não poderia negar ser filha do ex-senador Carlos Alberto, uma vez que herdou dele a mesma demagogia e a mesma capacidade de iludir as pessoas fazendo uso de suas palavras e de sua postura ensaiada diante das câmaras. Saber o que dizer, como olhar e como se portar diante dos holofotes foram alguns dos fatores determinantes para que ela, posando de boa moça, acabasse por assumir o cargo de prefeita da Cidade do Natal.

Eleita com mais de cinqüenta por cento de aprovação da população potiguar, a prefeita hoje amarga quase noventa por cento de desaprovação da sua administração, que reflete a sua incapacidade administrativa. Valendo-se da sua condição de “mulher e mãe”, Micarla de Sousa mostrava à população de forma dissimulada, qualidades que somente ela parecia possuir.

Comprovando que a força do DNA é uma arma muito poderosa, conseguiu, a exemplo de seu pai, mexer com a emoção do povo e acabou eleita prefeita da Cidade do Sol enquanto a população, percebendo seu engano, amarga a mais profunda decepção.

Incontáveis vezes, Micarla apareceu diante das câmaras para exibir sua capacidade de gerir o futuro de uma cidade, uma vez que conduzia os destinos de várias famílias através dos funcionários que mantêm na folha de pagamento de sua emissora de TV. Na ótica dela, o fato de administrar uma empresa, certamente facilitaria seu trabalho na condução administrativa da cidade. Ledo engano.

Micarla que afirmava em alto e bom som que iria cuidar de Natal como a sua própria casa, revela-se uma administradora ineficiente, incapaz e incompetente. Paralelamente deixa a impressão de que, como dona de casa e mãe também não deve ser lá grande coisa. Se a casa dela e a família forem administradas da mesma maneira como ela está gerindo Natal, imagina-se o caos que impera no seu clã.

Mal assumiu a condição de prefeita, Micarla de Sousa adotou com o seu vice-prefeito, Paulino Freire, a mesma postura que condenara em Carlos Eduardo, quando era sua vice-prefeita. “Vamos administrar Natal a quatro mãos” – era o seu discurso durante a campanha política. O discurso, porém, foi esquecido tão logo assumiu o cargo; relegou Paulino Freire ao ostracismo; transformou-o em um mero vice, que entra timidamente em cena apenas quando ela precisa se ausentar do cargo para tratamento de saúde. Fora disso ninguém sabe, sequer, se a cidade tem um vice-prefeito.

Conheci Micarla à distância, bem antes de ela imaginar que algum dia seria prefeita da Cidade do Natal; quando ainda usava os cabelos encaracolados, época em que a chapinha não fora descoberta ainda. Hoje, a postura dela, em nada lembra a jornalista recém-formada e recém empossada no cargo de superintendente de uma emissora de televisão, cargo de demasiada responsabilidade para alguém tão jovem, imatura e inexperiente profissionalmente.

Participando de um seminário de Jornalismo no antigo CEFET, ela ainda verdinha, verdinha, tremia a voz até mesmo para dizer o seu nome diante de uma platéia formada por estudantes do curso de Comunicação Social. Hoje, imbuída de poder e autoridade, emposta a voz para ameaçar professores e para tentar desacreditar as pessoas que compõem o movimento Xô Inseto – Fora Micarla.

Não satisfeita com o pífio trabalho como prefeita, gasta de forma irresponsável o erário público municipal, pagando os tubos por um show evangélico. Diferentemente da propaganda oficial, faltam médicos e medicamentos, porque a verba que deveria ser empregada nesse setor é utilizada no pagamento de salários a apadrinhados políticos que sequer comparecem aos locais de trabalho.

Queria saber qual é o exemplo de vida que esta criatura tem para repassar às pessoas através de um filme. O pior é saber que eu, por ser uma contribuinte potiguar e pagadora de impostos, também estou compactuando com esse descalabro. Afinal, a Prefeitura Municipal da Cidade do Natal será uma das instituições financiadoras da obra. Pago meus impostos compulsórios com tristeza, revolta e a certeza de que, o valor ganho à custa de muito suor é muito mal empregado.

Vivo com os olhos fixos no calendário contando os dias que faltam para esta borboleta alçar vôo para longe desse cargo que não deveria pertencer-lhe. Xô borboleta! Xô!