A bandidagem não tomará conta deste país.
A bandidagem não tomará conta deste país.
Em todo o mundo verificam-se manifestações de indignação contra a crise global que provoca mal-estar e insegurança nas populações. À exceção dos condicionamentos históricos, que podem ser os causadores dessas situações, várias pessoas são culpadas pelos crimes praticados, que tanto mal fazem à vida das nações.
O interessante é que não são partidos políticos, nem confissões religiosas, classes sociais organizadas, sindicatos ou entidades estudantis que lideram essas manifestações, como as que já vêm acontecendo em várias cidades brasileiras. É um movimento espontâneo do povo.
Cansado de tomar conhecimento sobre os desmandos, sobre a corrupção generalizada, a demagogia e incompetência instaladas no poder, o povo resolveu, numa ação silenciosa e coletiva, reunir-se para, nas ruas, dizer um basta ao avanço da canalha, dos bandidos, sobre a organização, funcionamento e direção das sociedades.
É o exercício mais puro da cidadania. É a forma mais corajosa de defender a liberdade e a justiça, conquistadas em lutas populares nos últimos séculos de aperfeiçoamento democrático.
A espontaneidade do surgimento desses movimentos populares indica que não durarão por muito tempo. Mas certamente farão surgir efeitos concretos e duradouros nas sociedades. Os oportunistas de plantão tratarão de procurar instrumentalizá-los, de acordo com seus interesses mesquinhos e muitas vezes inconfessáveis. Mas enquanto isso não acontecer a cidadania será sacudida: voltará a saber que detêm a autoridade primeira que legitima o ideal democrático, que é a maioria da população honesta e trabalhadora e que quando mobilizada não há como o Estado e as instituições abafarem os anseios básicos que animam os protestos: democracia, liberdade, justiça, honestidade, solidariedade e paz. Algo de positivo permanecerá: os reclamos do povo serão incorporados, com maior ou menor intensidade, dependendo da extensão dos protestos, como renovadas normas de funcionamento das instituições republicanas.
O ideário do momento é um basta à ladroagem, à violência do crime organizado, à incompetência instalada nos centros de poder da Republica, que pelo volume de ocorrências ameaçam a democracia.
A indignação é o estado de espírito que anima as multidões. O grito de “Basta à corrupção e à violência” são os objetivos a atingir. A mobilização nas praças e ruas é a palavra de ordem. A não eleição da canalha nas próximas eleições é o método de alcançar a vitória: – votemos nos candidatos indicados pelos sindicatos mais honestos, pelas diretórios estudantis mais aguerridos, pelas associações de classe mais atuantes, pelas agremiações religiosas mais comprometidas com as causas populares, nos candidatos que têm uma história de vida limpa e competente à apresentar. Só assim daremos um passo a mais na eterna luta pelo aperfeiçoamento da democracia.
Eurico Borba, 71, aposentado, ex professor, Diretor de Departamento e Vice Reitor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, é escritor e mora em Ana Rech – RS.