A REINVENÇÃO (DO SENTIDO) DA HISTÓRIA
Há poucos dias atrás, quando o ministro "encantador das multidões" tão precocemente já desencantava seu público, eu aqui escrevia meu sentimento de perplexidade quanto ao destino TÃO intrigante e de certo modo frustante das "esquerdas" do Brasil, um fenômeno que sinto como pessoa mas que obviamente não consigo explicar tecnicamente. Mas tento entender como gente.
A mim, apenas humanamente explicável e inteligível a tal diluição da esquerda brasileira, cada vez mais "direita" do que nunca, num processo de direção política na qual o sentido é claramente único: vale qualquer rearranjo dos "sentidos" quanda a direção é pela ambição, pela chegada e pela permanencia perene no poder.
Aliás, vale tudo por qualquer poder, inclusive o pequeno, muitas vezes o mais danoso deles para o nosso coletivo.
E foi assim que fiquei perplexa quando a foice e o martelo, juntos, num ato heróico se declararam socialistas do dia para a noite.
Nesta semana, apenas folheando uma revista de grande circulação, lá encontrei a mesma indignação dum colunista num artigo sobre o tal fenômeno.
Muitos perceberam a manobra.
O tal partido, na ânsia de afugentar os maus presságios políticos e aquietar a decepção da Nação, fez, em caráter de ultimato, uma lista publicitária de admiráveis do mundo político e intelectual, na qual dela diziam fazer parte até o poeta Drumond, como históricos militantes da causa operária.
Segundo a revista, o tal partido faltou com a verdade e ali o colunista cita e caracteriza, baseado na cronologia dos fatos históricos, o fenômeno que considera uma "falsificação da história".
Penso igualmente, todavia só um pouco diferente.
Penso que a reinvenção da HISTÓRIA é a desesperada tentativa de reinventar o destino DA SORTE dum partido desgastado no tempo e hoje totalmente desvirtuado da sua causa prioritária: a causa operária, a causa trabalhadora, bandeira gloriosa de tantos homens ditos "comprometidos" da nossa história.
E não é algo que ocorre apenas com a tal clássica legenda de esquerda: é um fenômeno que acontece universalmente com todas elas até que "reinventadamente" alcançem o poder sem sentido definido, ou seja, que não seja o famigerado sentido de "poder poder!".
O povo, obviamente sem noção da HISTÓRIA e sem educação no sentido amplo, é o que menos nota e o que sequer importa nas estórias reinventadas pelos nossos sempre tão altruístas partidos de esquerda, já mesclados á todas as direitas possíveis e inimagináveis .
São os contos da carrochinha...aqueles que transformam em heróis os tantos disfarçados "lobo maus" da nossa perene História.
Deve se por isso que alguns índices, os mais lamentáveis índices de desenvolvimento humano revelados pelo nosso último censo, advêm dos locais cujos representantes (de direita, também aliados aos de esquerda!) são perenes representantes populares sempre reinventados nas mesmas reinventadas histórias estóricas...de sempre.
Só Deus para mudar de rumo nossos sentidos sem nenhuma direção, ao menos uma que nos valha os sonhos.