Reflexão política. Brasil: o poder, o homem e a corrupção
"Platão foi o primeiro e talvez o último, a sustentar que o estado deve ser governado não pelos mais ricos, os mais ambiciosos ou os mais astutos, mas pelos mais sábios."(Percy Shelley)
Amigos leitores,
A maioria das vezes, o homem não sabe lidar com o Poder.
Falemos de duas hipóteses.
Se tem fortes Princípios, jamais os usará a seu favor – ou ao dos seus – sejam parentes, amigos ou/e correligionários.
Se tais ‘Princípios’, no entanto, são tíbios e ainda incipientes, não estratificados- mas tem a criatura boa índole, possivelmente iniciar-se-á uma luta íntima quando a ganância sobrepuser-se à Ética. Aquela será, neste caso, colocada na balança e sairá vencedora. Os referidos Princípios?... Esquecidos, pois lhe convém. Está a tecer politicamente futuros cargos, para alçar vôos mais altos. Vende mesmo sua alma ao diabo.
Temos exemplos de políticos assim. Perpetuados, encastelados no poder, como se fossem existir 'ad aeternitatem'.
Um aspecto triste deste agir é que, mesmo ‘poderosa’, transforma-se a criatura apenas na sombra de quem e do quê poderia ter sido como Ser Humano. Cai do alto de sua torre de barro (jamais de marfim...) e esfacela-se, não lhe sendo mais possível recompor-se frente a si mesmo. A propósito, lembro-me de ensinamento de Platão, que transcrevo com adaptação minha e peço-lhes entendam como metáfora inversa: “Vivemos no mundo do irreal onde tudo o que vemos é somente uma sombra imperfeita de uma realidade mais perfeita”
Por outro lado, em se tratando do primeiro caso referido, ie: em sendo dotado de sólidos Princípios, pode ainda a criatura pública ficar cega por tudo o que o Poder lhe concede e é levada a atuar também com despotismo e arrogância, pensando que a tudo e a todos pode ’comprar’, de uma ou outra forma...
Que está acima da lei... Quanto engano...
Lamentável é constatar-se que isso ocorre principalmente aos seres públicos nos países de origem latina, como-no caso- o Brasil. Nos países anglo saxões e mesmo em alguns do Extremo Oriente (cito como exemplo positivo o Japão), se acontecem distorções de caráter e o conseqüente comportamento indevido com a coisa pública (res publica), o agente excusa-se publicamente mostrando arrependimento. Alguns mesmo, por demais envergonhados , chegam ao suicídio.
No momento, o que mais me interessa diretamente são os políticos (politiqueiros?)(*) em nosso país, no qual o número de escândalos se sucede e mesmo multiplicam de forma assustadoramente surreal.
Saem ainda com honras, pompas e glórias. Afirmam uma inocência que se contrapõe frontalmente aos seus atos, aos fortes indícios e mesmo às provas existentes...
E mais: sem estudos quaisquer que sejam de fisiognomonia ou conhecimentos maiores da linguagem corporal, o observador mais atento verifica que estão a faltar com a verdade.
Quanto ao Poder Central, tristemente, só afasta os acusados após a mídia noticiar. E, para o cúmulo do despautério, ainda agradece os (sic) excelentes serviços prestados ao país.
Para grande maioria do 'exército dos corruptos nacionais', a Lei da Gravidade inexiste, pois caem para cima (!!!)
E, nada tão espantoso: voltam a ser chamados a ocupar outros cargos no governo, em descompasso com as diretrizes do Direito Administrativo e desobediência à própria Constituição Federal.
Tampouco se ouviu falar de que foram devolvidas às burras do Estado as vultosas somas que delas foi retirada- ou nelas deixaram de entrar- de uma ou outra forma.
Assim tem sido com TODOS os afastados forçosamente por corrupção. Não irei nomeá-los, pois não se faz necessário.
Enquanto isso, muitos seguem morrendo em filas de hospitais, outros sofrem os horrores de verdadeiro holocausto, pois são ínfimos. são míseros e insuficientes para uma vida digna os valores percebidos como aposentadorias e pensões... Morrem lenta e dolorosamente- e governo algum jamais veio a público pedir-lhes perdão e restaurar-lhes os direitos.(**)
Lembro, por oportuno: é questão suprapartidária. É assunto – este sim – não só de interesse nacional como da própria sobrevivência da democracia.
(*)Ressalvo aqui pouquíssimos políticos.Tampouco necessitam de nomeada. A mídia mostra-nos a todos, diuturnamente, sempre em ações positivas, a cumprir com os deveres de seus cargos representativos.
(**) Presidenta Dilma:antes que mais idosos venham a falecer: ainda dá tempo para que 'salve' os restantes. Seu antecessor nada fez por essa classe tão vilipendiada. Faça-o Vossa Excelência. Espero em Deus. Como lhe escrevi de outra feita: não recebeu meu voto, mas após eleita, dei-lhe meu voto de confiança (todavia, V.Exa. tem falhado para com esse segmento de nosso povo) .
Mirna Cavalcanti de Albuquerque
Rio de Janeiro, 26 de Outubro de 2011