O que eu penso da Primavera Árabe
Nos últimos meses, o mundo tem comemorado as vitórias conquistadas pelos movimentos “revolucionários” que tomaram conta do Oriente Médio e Norte da África, comumente chamados de “Primavera Árabe”, onde as populações se rebelaram contra os governos nacionais da Tunísia, Egito, Síria, Iêmen, Sudão, Argélia, Bahrein, Irã, Iraque, Jordânia, Omã e Marrocos, ocupando ruas e praças, promovendo protestos e manifestações onde se exige a deposição de seus governantes, classificados como ditadores e que se perpetuavam há décadas no poder; bem como a implementação da “sonhada” democracia plena.
Reza a lenda e pipoca a mídia que tais movimentos surgiram de iniciativas divulgadas e propagadas por meio de redes sociais, tais como facebook, twitter e youtube, onde cidadãos com idéias em comum passaram a marcar manifestações em locais estratégicos.
É lindo, e eu diria até idílico, romântico mesmo, conceber a idéia de que povos oprimidos deitaram-se cheios e despertaram-se saturados da opressão e do desmando, cheios de entusiasmo e ávidos por liberdade, impulsionados à luta e à revolução. No entanto, até que ponto pode-se enxergar autonomia nestes movimentos?
Nos últimos anos temos assistido a luta do “Ocidente Democrático” contra os “Tiranos Ditadores” do oriente. Entenda-se por esta afirmativa, a luta dos Estados Unidos da América contra ditaduras orientais que, no passado não tão distante, foram patrocinadas por eles, sendo implementadas não apenas com as bênçãos das mãos, mas, também, com a ajuda dos braços americanos. Amigos feitos por conveniências, inimigos feitos por ocasião.
A lista não é pequena, mas pode ser bem representada nas pessoas de Sadan Husain, Bin Laden, Muammar Kadhafi e Hosni Mubarak. Todos inimigos da democracia, mas amigos de infância dos Estados unidos e Europa.
Diz o popular que “quem pode mais, também pode menos” e como quem “põe, também tira”, é possível vislumbrar a atuação das grandes potências, orquestradas pelos Estados Unidos, incitando e fomentando tais movimentos. E não falo aqui daquilo que é público, como a missão empreendida por eles e repassada à OTAN, falo de interesses ocultados. Não haveria problema, caso o objetivo fosse mesmo nobre. Entretanto, há que se ter cuidado com os discursos embebidos do espírito democrático e benevolente.
Derrubam-se ditaduras incômodas, para que sejam implantadas ditaduras maiores, travestidas de democracia. A verdade é que a massa nasce escrava, serve de manobra e é feita de marionete, manipulada por aqueles que realmente governam o mundo.