Cenário de cinema em Monte Alegre de Sergipe
Mais uma vez, como um dia após o outro, é chegado o tempo da politicagem fardada de compromisso. Mais uma vez o povo começa a discutir, debater, questionar, reclamar até mesmo do que não há o que fazer. Nesse contexto dá até para visualizar o resultado de mais uma eleição no município: ganha quem tiver cacife para investir e lábia para seduzir o eleitor.
O mais impressionante é perceber o quanto as pessoas estão apolitizadas, o quanto estão vulneráveis diante das promessas de um "tostão mirrado", um empreguinho temporário o qual se arrisca sabendo que pode nem receber no final do mês. Dos quatro cantos não se vê a preocupação de ninguém em desenvolver o município, cada vez mais se cria a política do "quem dá mais", na qual o resultado é desastroso. De um lado o povo com seus problemas, seus anseios, seus medos e limitações, mas fissurados pela onda do ganho fácil. Do outro lado estão os políticos, que com sua disfarçatez, subestimam a população e promovem uma educação capitalista de modo exacerbado, na qual ganha o político que guardar os milhões para a noite anterior à eleição.
Seria utópico perguntar "até quando"? Ou seria prudente apostar numa proposta que tentasse mudar essa situação? Mas quem seria capaz de esquecer seus próprios interesses e, com seu trabalho, mostrar ao povo que numa comunidade os seus representantes devem se preocupar com os interesses da coletividade? Quem seria capaz de montar um projeto de governo que contemplasse a população carente, dando-lhe a vara para pescar e ensinando-lhe a fazer isso, bem c omo guardar esse peixe para a semana toda? Quem etria a coragem de despir-se de suas preocupações com lucros e luxos para revolucionar a educação, ampliando as possibilidades dos alunos e apoiando os profissionais da área no sentido de trabalhar melhor as potencialidades de cada um? Quem seria capaz de oferecer uma saúde de qualidade, bem como atendimento mais humano para todos? Quem seria capaz de revolucionar a economia do município apontando caminhos para lucros e dicidendos sejam multiplicados e aplicados de maneira coerente, transparente, consciente e igualitária? Chamar a isso de utopia? Não estamos cantando a música de Pe. Zezinho na missa agora, estamos discutindo o futuro de nosso município, o desenvolvimento que gostaríamos que surgisse e a clareza com que gostaríamos que tudo fosse feito nas autarquias municipais.
Que bom seria se o próximo governante pensasse em soluções eficientes para conter a disseminação das drogas em nosso lugar, a prostituição de menores, a gravidez de adolescentes, a tempestade de roubos por conta do uso de drogas. Isso é real! O povo compactua com os devaneios dos políticos, isso é fato, mas alguém precisa mudar essa história. Estamos no século XXI, era da tecnologia, das facilidades, mas os problemas com as famílias ainda são os mesmos do século passado, como agravante de que não há mais diálogo dentro delas. Se a família se desfacela, o que esperar? Aos quatro ventos se diz que casamento é coisa de gente besta, o que contribui para que não se valorize a união matrimonial, fortalecendo a importância do "ficar". Assim, a sociedade está fragmentada e não se vê futuro nela. A quem culpar? Muitos são historicamente culpados, desde os que praticam e ou contribuem para que essa situação aconteça, aos que assistem a tudo calados ou comentam nas calçadas mas não fazem nada alegando não poder. Um político sério seria o antídoto para essa praga? Claro que não, pois essa mudança é um processo lento e doloroso, mas seria de grande valia, pois iniciaria o processo de reeducação sócio familiar do nosso município.
Sei, caro leitor, que minhas palavras saltam aos vossos olhos como fantasia e demonstram uma visão poética da situação, mas elas são um alerta necessário para que cada um pense muito bem no que irá fazer na próxima eleição. Depois de eleger, o futuro é esperar quatro anos para tentar mudar, pois até a justiça é totalmente cega no cumprimento da lei e da ordem. Cabe a nós, os cidadãos os que trabalham, os que sustentam a nação nos ombros abrir os olhos e aprender a dizer o que pensa de modo formal e contundente. Que venham os candidatos!