Pobreza, Políticas Públicas, Revolução e um debate entre o que temos e o que queremos.
Indiscutivelmente o mundo que temos está abarcado na calmaria da estagnação na qual as idéias que não se concentram nas relações positivistas entre o bem e o mal, o perfeito e o imperfeito, o certo e o errado não podem se credibilizar como formas coerentes de pensamento.
Absorvemos todo grande aspecto de que outra forma de mundo não é possível, pois as coisas são estas mesmas, os pobres continuaram pobres e os ricos, ou nasceram ricos filhos de pais que venceram na vida, ou melhor, nem sabermos, pois somos frágil suficiente para não enfrentar os poderosos.
No ímpeto revolucionário de como estabelecem as relações de poder e como os seres humanos organizaram o mundo, pensar superação da pobreza deixou de ser mera relação de ajuda e concretizou numa perspectiva amenizadora deste mundo no qual os pobres incomodam e como estratégia na qual as políticas públicas iram superar tais problemas, ou melhor, amenizar.
Neste ponto de vista, ao ler José Paulo Netto (2007) me vem um grande ensinamento, pois se como o autor constantemente nos cobra a idéia de: quem erra na análise erra na ação. O que seria então nosso papel frente às políticas sociais que tanto construímos? O porque que chegamos ao poder para dialogar sobre um país rico é um país sem pobreza se não entendemos ainda qual nosso verdadeiro papel.
Sugeriria recordar Antônio Gramsci (1921) na lógica do papel que cada mulher e homem que pretende construir novas formas de organização deste mundo, ou melhor, outra forma de agir e construir as coisas a pensar que em cada uma e cada um de nós a intelectualidade orgânica torna-se fundamental.
Ser Intelectual Orgânico para Gramsci é para além da simples produção de conhecimento que traduza a realidade presente, mas utilizar como Netto refere-se à análise de conjuntura e se perceber em qual “espaço do mundo” pretende atuar. Uma atuação mundo além do seu papel cotidiano, mas referente à práxis de propiciar aos demais componentes da classe trabalhadora (aqueles que vivem do seu trabalho) a reflexão de que se pode fazer diferente.
Um fazer que seja transformador. Que busque no princípio mais revolucionário de todos antes já pensados na humanidade que seria mudar o estabelecido, contrapor uma cultura imposta e perceber no caso das Políticas Públicas que a mesma sem esta ação contundentemente revolucionária que não se deve enxugar gelo. Neste aspecto perceber que a nossa ação enquanto Políticas Públicas muitas das vezes passam a ser lenços e a pobreza o gelo, pois amenizar o sofrimento coletivo na proposta de uma passiva transformação.
Quero se pode querer um país rico por atenuar nossas ações no combate a pobreza absoluta, pois a pobreza perpassa para além das simples condições de faixas de renda e se constituem em diversas facetas entre elas econômicas, políticas, educacionais entre outras que nada mais se constituem nas manifestações da Questão Social. A pobreza que ao mesmo tempo tão prometida seu combate se tem justificada pela mídia e demais setores da sociedade como culpa e produção dos pobres, na idéia de que se deve criminalizar toda e qualquer ação transformadora por mais inconsciente que possa inicialmente parecer.
Se não for nosso papel revolucionário em buscar compreender que nossa formação frente à classe que pertencemos e nossa atuação intelectual na busca da constante análise e busca de estratégias e orgânica na busca do “em si, para si”, estaremos perdendo um momento histórico que nos serve de mais apropriado.
Estamos agora em um momento de conferências, de direitos positivados (nem todos ainda efetivados), de debates, fóruns entre outros espaços de participação e do simples atendimento do dia a dia até aos espaços de massa devemos reafirmar um compromisso não simplesmente conosco, mas com os pares em que nos identifiquemos.
Assim como o pernambucano Chico Science, para que desorganizássemos o sistema vigente, temos que nos organizar e perceber que desconstruir o estabelecido antes de nascermos parte do compromisso militante de todas e todos nós.
*Leonardo Koury Martins: Assistente Social, Escritor de dois livros (O começo da história e Arte em Movimento) e Militante do MAIS-PT.