De Zés, Dirceus, manés, ladrões de hóstia e combate ao crime...
De Zés, Dirceus, manés, ladrões de hóstia e combate ao crime...
Numa entrevista à Folhateen, José Dirceu - aquele a quem o Procurador-Geral da República chamou de "chefe de quadrilha", na denúncia do Mensalão ao STF - informa em que altura da vida descobriu que tinha pendores (e talento) para o crime: quando era coroinha!
O pais da piada pronta. O Brasil, mais e mais, parece só isto. Tudo, por conta da leniência dos brasileiros, é claro.
Feito manés, vamos indo, na balada da invencionice, das "novidades" não aconselháveis, quando não, da sem-vergonhice costumeira ou do oportunismo deslavado. Por isso, dá no que dá.
Por exemplo: primeiro se criminaliza determinada conduta como criminosa, segundo valores morais, que se traduzem num tipo penal ("não roubar", "não matar", "não obter vantagem ilícita"). Depois, começam a aparecer os descompromissados, os sem-vergonhas e os oportunistas, para enquadrar tais condutas segundo o seu “poder ofensivo” e assim, vão alimentando uma cadeia de eventos em torno de uma argumentação falha e balofa, passando por cima de todo o edifício de valores envolvidos (do que decorre que um e outro crime, são equivalentes, na medida em que ofendem valores morais caros à sociedade).
E supostamente faltando cadeias para trancafiar criminosos, mas havendo recursos públicos para serem saqueados pelas quadrilhas que chegam ao governo e sobrando, por outro lado, irresponsabilidade e compromisso dos governantes se resolve pela aprovação de leis que livram a cara da (suposta) categoria de criminosos “de menor poder ofensivo”, que, não raro, são capazes ou os mesmos que praticam os crimes mais violentos e assombrosos - pois é sabido que a um pequeno traficante não incomada a prática de assalto a mão armada ou latrocínio, dependendo da necessidade momentânea e da oportunidade que se oferece...
Só num pais grande, porém muito sem vergonha, é que esse tipo de idéia e conduta persevera!
Recordemos que, na cidade de Nova York, após décadas, colocaram um freio na criminalidade justamente recuperando o valor de natureza moral envolvido na definição dos crimes e das penas, do que resultou o conceito publicitário - meio dãaaaa!, de “tolerância zero”, tendo sido alcançado bem mais que o resultado inicialmente educativo e preventivo inicialmente esperado, pois o que se verificou foi impactante, em termos de redução drástica da prática de crimes, independente do "poder ofensivo" envolvido, tendo por isto mesmo a tal política de combate à criminalidade virado modelo para o mundo.
E os americanos estavam absolutamente certos, no diagnóstico do problema e na proposição da solução ideal, pois sabemos pela nossa história recente que um sujeito que começa roubando hóstia na igreja, pode muito bem chegar a pegar em armas, matar, roubar, corromper e conspirar, em nome de suas paixões, sejam elas dinheiro, ideologia e poder (ou dinheiro, com o disfarce das outras duas).