Educação e conscientização: a solução político-econômica brasileira
Daniel A C de Moraes*
O Brasil vive hoje um grande dilema: como avançar no campo econômico e não concentrar a renda? A resposta é bem simples: educação e consciência. A educação é a base, o início. Sem ela conceitos como cidadania, soberania, democracia e outros tão importantes são nulos.
Se o povo não tiver uma educação de qualidade, estes conceitos-chave para se participar de uma vida pública são impraticáveis devido uma alienação absurda imposta pelas classes dominantes através de várias ações, com destaque para a dominação através da mídia.
Sem educação as grandes massas são facilmente levadas a uma ilusão provocada pela mídia, que incentiva o consumismo e maquia notícias de forma tal que pode levar até mesmo à eleição de um presidente da República. A eleição de Collor é um grande exemplo.
A compra dos direitos autorais de um documentário da BBC que exibe de forma nua e crua a influência da mídia no Brasil, e em especial a Rede Globo, é outro exemplo.
Este documentário de nome "Muito além do cidadão Kane" é documentário de Simon Hartog e está proibido de ser exibido no Brasil devido à compra destes direitos autorais. Nele são exibidas as alterações do jornalismo "Global" e como se dá a alienação direta e indireta por parte desta emissora, corroborados por vários depoimentos de ex-integrantes desta rede de televisão. Neles, os ex-funcionários relatam as diversas formas de manipulação da informação, como por exemplo o último debate eleitoral entre Fernando Collor de Melo e Luiz Inácio Lula da Silva, no qual se percebe claramente a vantagem de Lula, mas através de edição de imagem e a exibição no Jornal Nacional o quadro foi revertido, trazendo Collor como vencedor, o que acabou por influenciar diretamente o resultado das urnas. Tais fatos nos levam a crer que sem educação não há como se fazer a distinção do que é real e do que é montagem. A consciência é um fator que pode dar ignição a um processo que pode mudar as bases sociais do Brasil.
A classe dominante, conforme Roberto Lyra Filho, controla o Estado através de eleições de seus representantes e tutelados por grandes juristas. Mas se a elite se conscientizar de que agindo de forma oligárquica estará somente trazendo prejuízos para ela e para o resto da população, o atual quadro poderá mudar.
Atualmente a maioria dos integrantes do Legislativo e do Executivo Nacional, em suas diversas esferas, é composta por empresários, bancários, juristas, economistas, latifundiários e todos os que possuem poder aquisitivo suficiente para bancar uma campanha eleitoral que possa garantir a eleição ao cargo aspirado, para si ou para outrem. Uma vez que estes já se encontram no poder e podem puxar os cordéis do Estado, a consciência de se efetivarem reformas fiscais, políticas e sociais para o benefício geral poderá ser o pontapé inicial para as mudanças sociais almejadas.
Nestas reformas a educação deve ser priorizada, bem como a reestruturação da atual situação das propriedades e uma reordenação da máquina fiscal, para dar equilíbrio econômico a este processo, e o início da solução pode estar na mudança de pensamento egocêntrico por parte daqueles que estão por cima.
Cumpre salientar, ainda, que esta consciência, de forma geral, pode ser forçada. Sem a pressão por parte da classe dominada esta consciência ficará somente no campo da utopia, e somente a educação será o combustível necessário para se pressionar e forçar a conscientização dos integrantes estatais de maneira geral.
Portanto, se o atual sistema educacional é falho, como o processo se iniciará? A resposta é bem simples: boa parte da classe dominada é composta por integrantes da classe média. Os bancos universitários, onde integrantes desta classe estudam, deverá ser a ponte de consciência. É de lá que sairão os futuros professores, aos quais caberão a tarefa de instruir a grande massa, e que poderão dar pinceladas para a formação de jovens com estrutura, apesar das adversidades encontradas hoje no sistema educacional. Também é de lá que sairão os advogados, economistas, contadores, administradores e jornalistas que podem fazer a diferença ao atuarem de maneira ética, moral e transparente. Esta é a saída. E ela se encontra em nossas mãos, pois também pertenço a ela. E neste momento, a tomada de consciência deve ser nossa.
*Graduando em Direito pela PUC-MINAS, Núcleo Contagem.