SERVIDORES INCOMPETENTES
Existe um ditado popular cuja afirmação é a de que, cada povo tem o governo que merece. Eu discordo do provérbio, por achar que o povo, por mais inocente ou ignorante que seja, merece ser representado por cidadãos éticos e probos - valores que, desafortunadamente estão cada vez mais distantes de nossas vidas. Basta abrir um jornal ou assistir a um noticiário na televisão, que logo somos surpreendidos com uma manchete sobre alguma falcatrua envolvendo os políticos brasileiros.
Percebe-se, portanto, que a cada manchete, a classe política brasileira fica mais desacreditada, enquanto o povo perde também a sua crença não apenas nos políticos, mas na sua própria capacidade de escolher, através do voto, os seus representantes. Esta prática acaba por levar pessoas oportunistas, despreparadas e até mesmo palhaços aos cargos públicos mais altos do País.
Um deputado federal, por exemplo, é eleito para um mandato de quatro anos, com o compromisso de representar a população do seu estado, fiscalizando as contas do governo e zelando pelas leis do País. Também é sua responsabilidade autorizar e instaurar processos contra o Presidente, Vice-Presidente e Ministros de Estado, entre outras atribuições. Isto, porém, está posto no papel, em forma de teoria, porque na prática é outra história.
Na última eleição para deputados federais, o Brasil assistiu estarrecido à votação extraordinária com a qual a população de São Paulo elegeu Francisco Everardo Oliveira Silva – mais conhecido como o palhaço Tiririca, transformando-o em um campeão de votos. O mais surpreendente é ver que ele, completamente analfabeto, acabou por integrar justamente a Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal. Depois, a classe política ainda profere o discurso de que se preocupa com a Educação nesse País. Ora, façam-me o favor.
O Congresso Nacional conta com mais 500 deputados e entre esses, oito representam o Estado do Rio Grande do Norte. O salário dos deputados federais é fixado por eles próprios e atualmente gira em torno de quase 30 mil reais. Além do salário, eles têm direito a serem reembolsados das despesas com transporte, alimentação, hospedagem, moradia, consultorias técnicas, pesquisas, segurança, combustíveis, aluguel de escritórios políticos, divulgação do mandato, assinaturas de publicações e serviços de internet e TV.
Além disso, os nobres parlamentares ainda têm direito a 13º e 14º salários, assim como voar pelo Brasil à custa do erário público, bem como o pagamento por correspondências enviadas. Em cada gabinete, o deputado pode contratar 25 funcionários cujo número pode ser dividido com os escritórios políticos em seus estados de origem.
A verba de gabinete é estimada em mais de 60 mil reais e, portanto, os salários pagos a esses trabalhadores podem ser iguais ou superiores a oito mil reais por mês. No Senado, a verba de gabinete é superior a 80 mil reais. E isso sem contar com o plano de saúde ilimitado que pagamos para eles. É caro demais o que pagamos em saúde para os políticos e por isso acaba faltando verba para atender a nós, os contribuintes; os patrões; os donos do dinheiro.
Ao analisar esses valores cheguei à seguinte conclusão: Não dá mais para aceitar que os políticos, e em especial a governadora do Estado, Rosalba Ciarlini, utilize os meios de comunicação social para apregoar que o RN não tem recursos para aumentar o salário dos professores e da polícia; para pagar as gratificações dos servidores que cumprem com suas obrigações diárias; para pagar os vales refeições dos servidores, enfim, que o cofre do Estado não dispõe de recursos para que ela cumpra com as suas obrigações de gestora. Aliás, ela diz que falta dinheiro para tudo. Só não faltam verbas para pagar a propaganda oficial no horário nobre da Rede Globo.
As mordomias as quais a classe política do nosso Estado está acostumada, não combinam com a condição de um estado pobre. Está na hora, portanto, de parar com essa conversa fiada de que o povo precisa apertar o cinto, porque o cinto do povo pobre não tem mais o que apertar. Está na hora, por exemplo, de deputado federal parar de ficar indo e voltando no trecho Natal/Brasília e a gente ser obrigado pagar o custo da passagem.
Fico imaginando como é possível nesse meu Brasil varonil, uma única criatura ganhar tanto dinheiro, ser detentora de tantos benefícios e ainda ter coragem de se envolver em negócios espúrios, que acabam por tirar o leite de criançinhas; o medicamento dos doentes; e a possibilidade de construção de novas escolas. Será possível que um político inescrupuloso tenha condição de deitar a cabeça em um travesseiro e dormir o sono dos justos?
Está na hora de o povo aprender que existem políticos demais para administrar os recursos que saem do nosso bolso à custa de muito suor. São oito deputados federais que trabalham pouquíssimo para receber salários e benefícios tão vultosos. As mordomias ainda se estendem aos senadores, vereadores e deputados estaduais, o que acaba aumentando ainda mais as nossas despesas. Mudar o rumo dessa história está em nossas mãos. Vamos tratar de fazer economia; reduzir custos e demitir os servidores incompetentes.(04/08/11)