ETERNA NOVELA
Às vezes fica tudo tão repetitivo que até perco a graça em escrever alguma coisa. Quando criança, morando em casa de tias, ficava pê da vida quando acabava o Zorro e passava-se a primeira novela brasileira, se não me engano, O Direito de Nascer, na rede Tupi. Minhas solteiras tias se extasiavam tanto que quando mudou uma novela e apareceu um ator em outro papel alguns anos depois foi motivo para uma beata tia rezar sei lá quantas Aves Marias presumindo uma encarnação porque o maledito tinha sido assassinado na gestão anterior.
Assim continua sendo nos apresentada a vida. Tem alguns intervalos de subfaturamentos como eleições, copas do mundo, olimpíadas... Mas fora esses intervalos motivadores de novelísticas interpretações, a corrupção continua firme com vários tipos de sustentabilidade, sem ter como um brasileiro comum saber o que é certo ou errado.
Nossa ideologia, vaga debaixo de um tsunami de corrupções que não nos deixa respirar a tão sonhada democracia.
Juro, “de pé junto”, como diz o caboclo, nunca mais falar de política nesse país despolitizado porque quando escrevo de política ninguém dá assunto. Somos corruptos na essência do ser.
JOSÉ EDUARDO ANTUNES