COITADA DA CLASSE MÉDIA
Somos, a grosso modo, no pedigree capitalista, a reles da sociedade contemporânea brasileira. E o pior de tudo é não saber nossas divisas econômicas. O quê seria realmente a tal de classe média? Dizem por aí que de um valor tal até valor tal, seria a tal da classe média. Ora bolas! Quem vá lá saber.
A grosso modo, repito, não existe mais classe média no Brasil. Existe sim uma tentativa de erradicar a pobreza, coisa louvável do Lula e agora da Dilma, mas como não existe milagres, é a classe média que banca tudo.
Desde o FHC, sobrou para a classe média. Somos daquele povo que conserva o retrato amarelado do avô na parede; somos daquele povo que esquece o avô e vai trabalhar braçalmente para tentar resgatar sua dignidade. Somos daquele povo que ficamos trancados dentro de casa com medo dos ladrões; somos daquele povo que nos tempos dos avôs, mesmo com o coronelismo, existia respeito entre os cidadãos.
Coitada da classe média... Trancafiados, amontoados com medo do vizinho do lado; tendo que trabalhar cada vez mais para consumir mais; como se fosse castigo de Deus por sua descendência de coronéis que também trancafiaram escravos no passado... Agora somos escravos do capital. Uma mão lava a outra já dizia os antigos sobre alguma contenda. Mas não merecíamos tanto porque somos nós que sustentamos esse país desgovernado; infelizmente também somos nós que fornecemos a Brasília indivíduos que se dizem “do povo” e parlamentam para as elites e em benefício próprio esquecendo-se da gasolina mais cara do mundo, do lucro mais que abusivo dos banqueiros, da luz elétrica, dos impostos absurdos que estão levando a classe média à pobreza.
Para distrair a opinião pública ficam discutindo “preconceitos lingüísticos”, cartilhas de homofobia subfaturadas; agora pegaram mais pesado ainda. Querem aprovar uma lei que proíba governos futuros de divulgarem as falcatruas atuais. Meus Deus, como pode ter uma turma tão cara de pau!
JOSÉ EDUARDO ANTUNES