O PALOCCI PARA "INGLÊS VÊ!"

Aqui penso que deixarei só uma mera impressão pessoal de brasileira, um pensamento ancorado na inacreditável aparição do nosso ministro Palocci, DA CASA CIVIL, vejam só, que ontem veio, por intermédio do maior correio televisivo da Nação, nos explicar algo deveras muito pessoal, enfim, sobre as suspeitas da multiplicação ilícita dos seus pães.

Que episódio constrangedor a ele e a toda a Nação.

Afinal todos os que trabalham merecem multiplicar seu patrimônio, eu concordo, não vejo mal algum nisso.

O mais triste: O ministro falou tão calmamente, tão tecnicamente, tão educadamente...falou...sinceramente falou...falou...falou...quase cinicamente falou, na certeza impune de que não falaria nada...E ABSOLUTAMENTE NADA EXPLICOU.

Esta tal certeza se via no seu olhar.

Uma frase lhe escapou e que muito nos chama a atenção:" minha empresa apenas representava os clientes junto ao governo" Foi isso mesmo que ouvimos ou entendi errado? "Clientes que ele não julga ético revelar seus nomes".

Muito bem, de fato, a ética política entre nós é de enternecer o coração mais duro.

Dizem que brasileiro é um povo inteligente, eu também acho, o ministro, por exemplo, que é médico, conseguiu multiplicar mais que qualquer economista pós doutorado em economia, portanto, certas explicações dos políticos ferem a nossa inteligente cognição de brasileiros. Deveras, fere muito!

Cognição , Ministro Palocci, lembra o que significa o termo?

Eu sinceramente penso que, se for para ajudar o Brasil com a sua inteligência multiplicadora, e já que o ministro deixou de auditorar nas suas empresas, agora eu vestiria um jalequinho branco e tentaria resolver o grave problema da saúde pública brasileira, que urge não só pela multiplicação das verbas, como pela multiplicação dos profissionais da saúde, dos seus parcos salários, dos equipamentos, dos leitos, da ética e do compromisso social.

Valeu doutor Palocci, que tal operarmos agora o milagre médico da multiplicação da saúde?

Penso também que a nossa Presidente perde uma grande oportunidade de mostrar ao país para o quê realmente veio.

Qualquer país sério já teria tomado sérias providências, até que tudo se esclareça...de verdade. E não apenas "para inglês ver!".

Afinal, somos todos brasileiros.

***

Nota I:

(Já indicando um outro texto sobre o assunto, o maravilhoso texto do Leonel, "A BLINDAGEM DE ACÃ" , texto que li posteriormente a este que escrevi, através do comentário do Leonel deixado aí abaixo da minha escrivaninha. Muito bom mesmo! Boa leitura a todos!)

Nota II, fonte google:

Como surgiu a expressão "para inglês ver"?

Não deve ter existido apenas uma origem para o surgimento dessa expressão, diz John Schimitz, professor de Lingüística Aplicada da Unicamp. Mas, segundo a maioria dos especialistas, a fonte mais provável data de 1831, quando o Governo Regencial do Brasil, atendendo as pressões da Inglaterra, promulgou, naquele ano, uma lei proibindo o tráfico negreiro declarando assim livres os escravos que chegassem aqui e punindo severamente os importadores. Mas, como o sentimento geral era de que a lei não seria cumprida, teria começado a circular na Câmara dos Deputados, nas casas e nas ruas, o comentário de que o ministro Feijó fizera uma lei só para inglês ver.

E, de fato, foi isso que aconteceu, diz Regina Horta, professora de História do Brasil-Império da Universidade Federal de Minas Gerais. Apesar do esforço do governo inglês, que defendia o fim do tráfico por motivos que vão desde a pressão da opinião pública interna até seus Interesses coloniais na África, a lei brasileira permaneceu como letra morta por mais de 20 anos." Foi preciso esperar outra lei, promulgada pelo imperador Dom Pedro II, em 1852, para a proibição definitiva do tráfico.