AMANDA GURGEL-O GRITO QUE FALTAVA PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL

Antes de falar sobre a Amanda Gurgel e seu grito de socorro em nome da Educação e dos professores, primeiramente citarei alguns assuntos relacionados à Educação no Brasil. Não tecerei elogios e nem homenagens a esta mulher fantástica que, como educadora e cidadã, não se amedrontou diante das autoridades e muito pelo contrário, as deixou emudecidas diante da sua coragem em expressar a verdade sobre o caos na Educação do Rio Grande do norte e do Brasil em geral de norte a sul de leste a oeste e as penúrias impingidas para a maioria absoluta de professores. Escolhi dois textos para homenagear esta mulher educadora destemida que fez ecoar o grito de milhares de professores, textos escritos em versos que serão mencionados no final deste artigo.

Vejamos o capítulo I e II da LEI Nº 9.394, 20/12/1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

(...O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:..)

TÍTULO I

Da Educação

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

TÍTULO II

Dos Princípios e Fins da Educação Nacional

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extra-escolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

A Lei Federal 10.172 de 09/01/2001 aprova o Plano Nacional de Educação.

Declino pequenos textos considerações escritas por autores ligados à Educação no Brasil, extraídos da apostila"Nova",elaborada pela professora Janaína Guedes,Denise Oliveira e Equipe.

THURLER -(... Quem constrói a cultura de um estabelecimento escolar são os atores....)

RENÉ CHAR –(... “A lucidez é o ferimento próximo do sol” diz que a lucidez é uma c competência profissional. Que trabalhar sobre seu habitus não é confortável. É aceitar ser confrontado naquilo que se conhece menos e que se preferia que não emergisse...)

GADAMER (1997)-(...Tornar-se humano implica em romper com o mundo natural e ascender ao mundo humano, participando da esfera do espírito objetivo ou da cultura. A formação humana dá-se com elementos da individualidade e das relações com a natureza e com outros homens...)

ADORNO - (...A questão fundamental é pensar para onde a educação pode conduzir? Afirma que é através da experiência e da reflexão que se dá a superação da menoridade. A educação para emancipação deve propiciar condições em que os indivíduos conquistem socialmente a autonomia....)

MAX (1989)(.... O ser humano passa do ser natural para o ser social através do trabalho. Esse ser social que trabalha, o trabalhador, é sujeito da construção do mundo em suas dimensões material e intelectual....)

PAULO FREIRE – (.... A prática de ensinar deve ser constantemente criticada para que cada vez mais se recuse o ensino bancário que poda a criatividade do educando e do educador./ O educador deve aguçar a curiosidade, a capacidade crítica e a autonomia para aprender do educando/...Ensinar não é transferir conhecimentos: Ensinar é criar situações para estimular a aprendizagem dos alunos. O professor deve estar preparado para indagações, curiosidades e inibições./...Ensinar é um ato político e ideológico e o professor deve assumir isso. A ética deve nortear suas práticas porque elas não são neutras. Mas , resistir ao poder da ideologia cria qualidades indispensáveis à pratica docente. Discutir temas atuais e dar sua opinião faz com que os alunos conheçam o professor, esse ato é essencial para manter a transparência....)

FREITAS –(... A função social da escola está em jogo. Os liberais querem a “equidade”( ensinar tudo para todos igualmente), os socialistas querem que a escola lute para eliminar os desníveis sociais e ensinar em alto nível para todos. A escola ainda é fraca para lutar contra as hierarquias sociais que existem fora dela e que adentram seus muros. A diferença entre sonho e realidade precisa ser descoberta ( A escola não consegue ensinar com equidade porque existe uma hierarquia econômica fora dela que afeta o seu trabalho...)

Através dos excertos acima, e da própria lei em si, não haveria a necessidade da Amanda e demais professores brigarem por algo que já está instituído por Lei, más que não é cumprido em sua essência. Ou seja: No Brasil tudo é retórica e nada é concreto. Está na hora de acordamos e aproveitarmos este estado de democracia, para lutarmos pelos nossos direitos de cidadãos brasileiros em todos os sentidos. O grito de Amanda Gurgel, jamais deverá ficar parado no ar. Todos os professores, alunos, pais de alunos e a sociedade em geral deverão soltar a voz,mas com ação e atitudes, para engrossar o grito da professora Amanda Gurgel. Para aqueles que estão criticando a atitude da professora Amanda, deixo um alerta: Olhem para trás e dimensionem o futuro! Se estão satisfeitos com a atual situação da educação no pais, lavo as mãos por vocês. Mas para todos aqueles que dimensionam o futuro e estão preocupados com a nossa educação,a estes entrego as minhas mãos para que possamos fortalecer a frente de lutas de professores e alunos por uj ensino melhor e de qualidade conforme a lei estabelece .

Para a professora Amanda Gurgel, dedico o poema de João Cabral de Melo, tecendo o amanhã e alguns versos do cordel ACORDA, BRASIL! de Honorato Ribeiro dos Santos, publicado aqui no Recanto das letras.

Tecendo o amanhã(João Cabral de Melo )

1.

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

2.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão

ACORDA, BRASIL!

Cordel de Honorato Ribeiro dos Santos.

Uma homenagem à professora Amanda Gurgel

Ouviram uma voz forte,

Que empolgou os brasileiros,

Uma voz tão destemida,

Que ouviram té estrangeiros.

Amanda falou a verdade

Com tamanha hombridade

Mesmo não tendo dinheiro.

Amanda Gurgel contou

A vida do professor

Que sua suor de sangue

E não dão o seu valor

Não ganha nem mil reais

Mas vocês que são os tais

O que eu ganho tem sabor?

O desafio foi frontal

Ao vivo! Toda Nação

De boca aberta escutou:

“Onde está a educação?

Não podemos carregar

Nas costas pra educar

Com mixaria dum tostão.”

O povo aplaudiu a Amanda

Com sua voz destemida,

Segura e determinada

Disse tudo de sua vida.

Mostrou seu cheque pra todos

Ganha melhor quem faz rodo

Vendendo nas avenidas.

Amanda Gurgel é forte

Como Judite ou Sansão

Convocou todos amigos

Pra lutar pra educação.

Pois essa está falida

Em todo canto sem vida

No País, nessa Nação!

Amanda é bem preparada

Eu a vi lá no Faustão

Nem gaguejou e nem calou

Com palavras qual Salomão.

Decidida com firmeza

Segura com a certeza

De fazer revolução.

Revolução de ideias

Com valor humanitário

Em qualidade de ensino

E valorizar o salário.

Eu admiro a Amanda

Nessa luta na demanda

Contra os “Neros” mercenários.

Trocam sempre as coleiras

Cachorradas são iguais

Quem faz greve é agitador

E a mídia põe nos jornais

Cortam logo o ganha pão

O salário seu tostão

E o professor vira banais.

É o Brasil colonial

Democracia não há não,

Só há imposto e cobrança

De aluguel da tal pensão...

Vou terminar o meu cordel

Coloco o dedo o anel

Em Amanda um abração.

Viva a Educação!

Morram os comelões.

hagaribeiro/Zé de Patricio

É o que há

Jacaré do Corrente