Palocci, "Sucesso" e PMDB: bum!
A notícia que movimenta o cenário político dos últimos dias, versa sobre o enriquecimento -que dizem, ilícito- do Ministro-Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci (PaloFFí, para os íntimos).
Dados divulgados* à exaustão, apontam que, em plena campanha eleitoral de 2006, a empresa de consultoria Projeto, de propriedade de Palocci, faturou nada menos que R$ 20 milhões. Aqueles que reforçam a sugestão de que algo não está cheirando bem, citam, também, a recente aquisição do Ministro: um "puxadinho", nos Jardins, bairro dito “nobre”, em São Paulo, pela mixaria de R$ 6,6 milhões. E dizem mais: Palocci multiplicou por 20 (vinte) o valor do seu patrimônio pessoal, em apenas 4 anos. Um misto de George Soros e Warren Buffett, que deu origem ao híbrido tupiniquim!
Mas, para a aquisição daquele puxadinho, provavelmente ele foi um dos primeiros a se inscrever no programa que visa reduzir o déficit habitacional no país, intitulado “Minha Casa, Minha Vida”. Vai saber.
A oposição diz que existem indícios de tráfico de influência, junto aos pretensos clientes da empresa, o que seria sugerido pelas “cláusulas de sucesso” de alguns dos contratos firmados pela Projeto. Esta cláusula diz que, em caso de sucesso na ação contratada, o prestador de serviço tem direito a um tipo de bonificação, uma taxa extra, além do valor inicialmente acertado para a consultoria. Expediente muito comum entre advogados e clientes, quando o litígio envolve valores, independente do vulto.
Coincidência ou não, a antecessora de Palocci, Erenice Guerra, também não teve paz, após a descoberta e divulgação de que seu filho, dono da Capital Assessoria e Consultoria também fazia uso da mesma cláusula, nos contratos que intermediava entre Governo e empresários.
Enquanto a Oposição tenta demonstrar a improbidade que supostamente permeia os confortáveis e caros sofás do sexagenário Palácio do Planalto – inclusive tentando atiçar o fogo que redundaria num incêndio institucional, que responde pela alcunha, temida por muitos, de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)-, a Situação (Governo) busca blindar seu aliado de todas as formas, inclusive numa velada ameaça -dizem, que partiu da própria Presidenta- tanto ao partido, quanto ao vice-presidente, Michel Temer.
O recado foi dado por ninguém menos que seu subordinado e agora “menino-de-recados” de Dilma, alvo de (mais) aguardadas investigações, Palocci: se o PMDB não votasse com o Governo, no que se refere à Emenda 164 (de autoria de um deputado do PMDB), que anistia desmatadores, cabeças ministeriais da legenda de Temer, rolariam, a saber: Defesa (Jobim), Garibaldi (Previdência Social), Lobão (Minas e Energia), Novais (Turismo), Franco (Assuntos Estratégicos) e Rossi (Agricultura).
Não pegou bem. O PMDB votou em peso CONTRA o Governo, e instalou-se um súbito (?) mal-estar -na verdade, antigo, e agora requentado, em função do fato de que o PMDB nunca foi “fechado” com o PT, apesar das aparências e falas de seus caciques.
Temer, dizem, disse que não haveria necessidade dessa decapitação em massa, por que os ministros de seu partido entregariam seus cargos no dia seguinte; e, pelo que chega dos noticiários, descartou o arrogante insubordinado que o telefonou, após esse episódio, numa segunda oportunidade, em que aquele, com voz de menino arteiro pego no flagra, iniciou o seguinte diálogo:
Paloffi: Desculpe pelo telefonema anterior. A tensão está grande, mas sempre fomos amigos.
Temer: Não, Palocci. Nunca fomos amigos íntimos.
O fato é que, percebe-se, ainda que negada, inicial, veemente (?) e publicamente, por ambos os partidos, uma crise de governo. A questão que surge é: o PT conseguirá manter sua famosa blindagem aos seus militantes mais, digamos, “afoitinhos”, sem um provável apoio do gigante PMDB, no futuro? Yeda Crusius (PT- RS) já sentiu como é governar sem um vice alinhado, quando “ficou de mal” com o seu. E acredito que ela não o aconselhe a ninguém.
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*Vide Diários eletrônicos.