Prêmios
PRÊMIOS
Eu fico estarrecido, para não dizer indignado, quando vejo a “generosidade” que existe por aí com que certas instâncias concedem prêmios, comendas e títulos a indivíduos de capacidade específica duvidosa.
Rui Barbosa, em uma sentença antológica e inquietante afirmou que, de tanto ver triunfar nulidades, o cidadão de bem chega a sentir vergonha de postular em favor da ética.
Embora muita gente possa discordar, eu desposo o clamor do jornalista gaúcho Luiz Carlos Prates, militante em uma emissora de tevê em Florianópolis, que se manifestou furibundo a favor da meritocracia, isto é, cada pessoa receber de acordo com a sua capacidade e obras.
Tal fenômeno não ocorre só no Brasil, mas no mundo todo, onde pessoas sem qualificação recebem honrarias, títulos de “cidadão honorário” e medalhas disso e daquilo não por seus méritos, mas pelo nome, pelo título que carregam ou o glamour de sua atividade.
Querem exemplos? Barak Obama, o todo-poderoso presidente norte-americano ganhou o “Prêmio Nobel da Paz”. O que o governante do país mais sanguinário do mundo, acelerador da corrida armamentista e mantenedor de ameaçadores estoques nucleares fez em favor da paz? Agora, recentemente, o episódio do assassinato de Bin Laden retrata bem a felonia e a truculência daquele “premiado”.
Outro episódio que fere a cultura nacional e atenta contra os nossos neurônios foi a concessão da “Medalha Machado de Assis”, pela Academia Brasileira de Letras ao jogador Ronaldinho Gaúcho. O velho Machado deve estar dando “voltas na cova”. Que méritos literários ou intelectuais tem Ronaldinho para ganhar um prêmio desse quilate?
Como jogador de futebol talvez ele merecesse um prêmio esportivo, como já ocorreu: "o melhor jogador do mundo", craque especial, bola de prata ou chuteira de ouro, mas a comenda Machado de Assis, da ABL convenhamos é demais! Só se há parentesco, já que ele é Ronaldo de Assis Moreira, o que não acredito.
Mas no Brasil é assim mesmo! Alunos de excelente currículo, professores brilhantes, pesquisadores destacados, escritores de larga produção intelectual, jornalistas criativos, gente de grande capacidade e expressiva contribuição à ciência, às letras e às artes ficam relegados a um cruel e imoral anonimato.
Existe, no entanto, uma enxurrada de títulos honoríficos, medalhas, comendas e diplomas de amigo desse ou daquele órgão, distribuídas a rodo, sem critérios éticos, mas na maioria das vezes, pela cara do freguês.