O LEGADO DE OSAMA BIN LADEN

Na manhã dessa segunda feira o mundo acordou surpreso com a notícia da morte do inimigo público número um dos Estados Unidos da América, finalmente após quase 10 anos de uma longa caçada humana, chega à um fim inglório o mega terrorista Osama Bin Laden. A pergunta que temos que fazer nesse momento é “Qual o legado que se deixa da história desse personagem?

Abriremos novo parágrafo para tentar grosso modo explanar nossa limitada visão acerca de um assunto tão complexo como o que vem à tela. Para responder a indagação supramencionada é preciso recorrermos aos anais que os eventos históricos nos revelam. Não podemos de forma igual nos esquivar doutra contundente pergunta: “Quem era o fenômeno Bin Laden? Bin Laden pode ser entendido como mais um produto da política neocolonial estabelecida pelos Estados Unidos. Bin Laden representa as alianças duvidosas e escusas da diplomacia americana no sentido de controlar o mundo. Sem dificuldade perceberemos que tal indivíduo quando necessário na guerra contra os “vermelhos”, foi grande aliado da Casa Branca”, cumpriu seu papel na guerra contra a ameaça comunista que segundo os americanos contaminariam "o mundo virtuoso do capitalismo”. Era preciso combater essa praga! E na leitura mais extrema do texto de Maquiavel no seu manual de manutenção do poder (Livro O Príncipe), a máxima que se pode retirar dessa aliança é: “os inimigos dos meus inimigos são meus amigos”, e nessa perspectiva não está presente nenhum mecanismo de ponderação de valores éticos e morais que norteiam a vida do “homem médio”. Há outra máxima, do dito popular que assevera que “no amor e na guerra vale tudo”, e é justamente ai que os americanos se equivocaram, ao usufruírem dos serviços de um extremista alienado e mercenário, estava nitidamente claro que sua fidelidade era uma via de mão dupla, isto é, o amigo de agora pode ser inimigo de depois.

Sun Tsu, em “A arte da guerra” concebe a idéia de afirmação da superioridade não pelo tamanho, mas pelo conhecimento, pela meticulosidade dos métodos, e por não subestimar seu inimigo. E foi nesse ponto que os americanos pecaram, ao subestimar aqueles pobres miseráveis, criaram situação propícia para serem surpreendidos no próprio território. As armas e o treinamento da Al qaeda , procedem dos próprios americanos por ocasião da guerra contra os soviéticos. Bin Laden foi uma marionete que subitamente tomou consciência do seu papel histórico e rebelou-se contra seu controlador.

O legado que se deixa dessa parceria e desse homem é a revisão norte americana de sua política externa, sobretudo no concernente as suas ações militares. Há que se respeitar a soberania dos povos, há mesmo que se pelejar na batalha pela efetivação dos diretos humanos ao redor do mundo, mas há que se fazer isso como Mahatma Gandhi, o fez, por vias que denotem o comprometimento com a paz e com os valores há muito solidificados. A América precisa entender que a leitura errada de sua famosa frase “a América para os americanos”, não é verdadeira nem em relação ao nosso continente, nem tão pouco pode ser extensiva ao mundo, criando o mundo para os “Norte-americanos”.

Um tiro na cabeça pode derrubar um tirano e fazer justiça tardia, como falou o presidente de Israel, mas não acaba com um legado, com uma filosofia, nem tão pouco com o extremismo religioso, se fosse assim o Cristianismo não teria sobrevivido aos séculos e à brutal perseguição a que fomos sujeitos nos primórdios. Bin Laden a nosso ver personifica uma visão deturpada de que o mundo pode ser mudado pela força (Barrabás)... Pobre criatura! Arisco em dizer, sem medo de parecer utópico, que se o mundo mudou para melhor nos últimos dois mil anos foi pelo exemplo de abnegação e amor ao próximo, extensivo a humanidade que Cristo nos deixou. Sob os pés de cristo impérios se renderam, nações se curvaram e dois mil anos depois ainda posso falar que sem levantar uma arma, sem mover um dedo para fazer o mal esse homem fantástico, influenciou constituições, leis, direitos e deveres ao redor de todo do mundo. Os Estados Unidos, como Bin Laden, são a personificação do Barrabás bíblico que confia na espada e na força para mudar o que só o exemplo pode mudar.

E nesse diapasão, se paradigmas não forem quebrados novos Kadafs, Hugo Chaves, Hitlers surgirão; todos estigmatizados pela violência, pela opressão a que foram sujeitos como castigo. E como bem dito por Sir. Isaac Newton “Toda ação provoca uma reação de igual intensidade e em sentido contrário". Por isso mesmo que a base do cristianismo consiste em fazer o bem, para que ele de novo nos alcance.

Gilmar Faustino
Enviado por Gilmar Faustino em 02/05/2011
Reeditado em 04/09/2011
Código do texto: T2944393