TIRADENTES, JK E A BELÉM-BRASÍLIA
Sérgio Martins Pandolfo*
"que a virtude louvada vive e cresce / e o louvor altos casos persuade” .
Camões, Os Lusíadas, IV- 81
Este 21de abril de 2011 assinala mais um ano da morte do Herói Nacional, protomártir da Independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, por antonomásia o Tiradentes, hoje reverenciado em todo o território nacional, mas que só foi oficialmente reconhecido como tal após a Proclamação da República, ou seja, um século após sua morte por enforcamento em 1792.
Mas este 21 de abril de 2011 consigna também o 51º aniversário de fundação de Brasília e da conclusão das obras de abertura da estrada de integração nacional, a Belém-Brasília, as duas obras de primeira grandeza do maior de todos os presidentes que tivemos até aqui, Juscelino Kubitschek de Oliveira, ou simplesmente JK. Na atual e progressista Capital Federal a população está em festas, a comemorar a efeméride que determinou a transferência da sede do governo da República do litoral para o interior do País, a possibilitar um distanciamento mais equânime do poder central em relação às demais capitais brasileiras. O nome de Juscelino está na boca de todos, que redizem e relembram os feitos do atilado presidente.
Contudo, aqui em nossa querida Belém sempre esquecida e reprimida, capital da Parauaralândia que JK uniu por meio do estradão de integração ao restante do Brasil, Belém que havia séculos vivia isolada e só tinha ligação com a capital federal por água e pelo ar, nada se vê, nada se escuta, nada se propala ou enaltece em relação ao surgimento desse estradão redentor que, rasgando a mata virgem e até então impenetrada atravessou rios caudalosos e nos ligou, qual a Corda do Círio que liga o povo à Santa, com a surgente Brasília de JK que o imortalizou.
JK, o homem que fez o Brasil avançar 50 anos em cinco, que abriu estradas e deu energia ao País, que em Belém construiu obras e ações que nos redimiram e aviventaram (seria um nunca acabar sua enumeração) é hoje lembrado e reverenciado em todo o território deste pernil brasílico, em todas as capitais estaduais, à exceção desta que foi exatamente a que ele mais beneficiou. Por aqui não se vê um busto, uma rua, uma viela, uma escola, um hospital (e ele era médico! dos bons!), um ginásio, um “caminito” sequer a sufragar seu honrado nome, sua determinação e ação. Nada! Somos a exceção.
Por isso tudo ficamos a pensar, desoladoramente: Será que o insigne JK vai também amargar aqui a mesma incompreensão e indiferença que teve Tiradentes? Seus feitos e ajeitos somente serão reconhecidos pelos belenenses um século depois?
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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br
www.sergiopandolfo.com
Sérgio Martins Pandolfo*
"que a virtude louvada vive e cresce / e o louvor altos casos persuade” .
Camões, Os Lusíadas, IV- 81
Este 21de abril de 2011 assinala mais um ano da morte do Herói Nacional, protomártir da Independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, por antonomásia o Tiradentes, hoje reverenciado em todo o território nacional, mas que só foi oficialmente reconhecido como tal após a Proclamação da República, ou seja, um século após sua morte por enforcamento em 1792.
Mas este 21 de abril de 2011 consigna também o 51º aniversário de fundação de Brasília e da conclusão das obras de abertura da estrada de integração nacional, a Belém-Brasília, as duas obras de primeira grandeza do maior de todos os presidentes que tivemos até aqui, Juscelino Kubitschek de Oliveira, ou simplesmente JK. Na atual e progressista Capital Federal a população está em festas, a comemorar a efeméride que determinou a transferência da sede do governo da República do litoral para o interior do País, a possibilitar um distanciamento mais equânime do poder central em relação às demais capitais brasileiras. O nome de Juscelino está na boca de todos, que redizem e relembram os feitos do atilado presidente.
Contudo, aqui em nossa querida Belém sempre esquecida e reprimida, capital da Parauaralândia que JK uniu por meio do estradão de integração ao restante do Brasil, Belém que havia séculos vivia isolada e só tinha ligação com a capital federal por água e pelo ar, nada se vê, nada se escuta, nada se propala ou enaltece em relação ao surgimento desse estradão redentor que, rasgando a mata virgem e até então impenetrada atravessou rios caudalosos e nos ligou, qual a Corda do Círio que liga o povo à Santa, com a surgente Brasília de JK que o imortalizou.
JK, o homem que fez o Brasil avançar 50 anos em cinco, que abriu estradas e deu energia ao País, que em Belém construiu obras e ações que nos redimiram e aviventaram (seria um nunca acabar sua enumeração) é hoje lembrado e reverenciado em todo o território deste pernil brasílico, em todas as capitais estaduais, à exceção desta que foi exatamente a que ele mais beneficiou. Por aqui não se vê um busto, uma rua, uma viela, uma escola, um hospital (e ele era médico! dos bons!), um ginásio, um “caminito” sequer a sufragar seu honrado nome, sua determinação e ação. Nada! Somos a exceção.
Por isso tudo ficamos a pensar, desoladoramente: Será que o insigne JK vai também amargar aqui a mesma incompreensão e indiferença que teve Tiradentes? Seus feitos e ajeitos somente serão reconhecidos pelos belenenses um século depois?
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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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