BRASIL - O PAÍS INSUSTENTÁVEL

Sérgio Murilo Ferreira

Rio de Janeiro

Brasil - O País Insustentável

A ninguém é permitido ignorar o alto grau de dificuldade que é bem governar e administrar um país como o nosso, com suas dimensões continentais, com sua topografia diferenciada, com suas variadas condições climáticas, com seus diversificados usos e costumes, mercê das colonizações que traçaram o perfil da desorganização desde o seu descobrimento e com seus estados e municípios governados por políticos de ideologias distintas e antagônicas.

A nossa Presidente Dilma sabe, melhor do que ninguém, que é muito bom o país ser reconhecido externamente pelas suas reservas monetárias, pelo seu potencial econômico, pelo seu volume crescente de exportação, mas é doloroso admitir que, na mesma proporção, o seu povo está no “podium” da miséria, da violência, da deseducação. O brasileiro já cansou de estar preparado somente para o pior, para o caos, para as catástrofes climáticas, para os fenômenos naturais, para a dengue. Ele já não suporta ser enaltecido apenas pelo seu espírito de solidariedade, quando se dispõe a dar do pouco que tem ou doar o seu precioso sangue.

A nossa Presidente sabe que é preciso fortalecê-lo, incluí-lo, torná-lo digno, útil e à altura de ser ouvido em todas as reivindicações que envolvam o seu bem-estar, da sua família, da sua comunidade. Que não lhe seja permitido desconfiar que aquele que diz existir uma luz no fim do túnel, não passa de um oportunista vendedor de lanternas... Ele não quer participar do movimento democrático somente na hora do voto, ele quer opinar, ser atuante, exercer a sua cidadania. Caso contrário, em qualquer outra calamidade imprevista, mas não imprevisível, como a que ora atinge a região serrana, ele sentir-se-á desmotivado, com medo e sem forças para emprestar a sua dose homeopática de solidariedade.

Só que aí o seu medo não pode ser rotulado como fraqueza, mas como instinto de sobrevivência. Não temos o direito de produzir em alta escala brasileiros sem consciência de vocação, homens de futuros mortos, sem incentivos, sem perspectivas, cansados de contabilizar saudades após a dor de cada perda. Sabemos que será uma luta sem tréguas, mas não inglória.

Temos absoluta certeza, minha Presidente, que a sua indiscutível competência e poder de decisão, aliados à sua sensibilidade de mulher, são as armas que precisamos, porque adequadas para combater a pobreza física e espiritual deste povo, que não quer morrer antes da esperança. A priorização do que é importante deu lugar à banalização do que era do urgente. Daí, que medidas urgentes se avolumaram de tal forma, que agora é urgente esperar!!!

Murillo da Villa
Enviado por Murillo da Villa em 18/04/2011
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