A EPOPÉIA DE UM GUERREIRO
Paulo Lemos- A Epopéia de um Guerreiro
Por Antonio Teles Zimerer-Prof. Inativo UFES- Ex. Aluno ESAES
REMANESCENTES.
Fui designado como Técnico Agrícola, recém formado, para trabalhar em Alegre como extensionista da antiga ACARES em 1966. Em pouco tempo, passei a conhecer todo povo daquela cidade. Como fazia parte do meu trabalho, precisava estabelecer boas relações com as pessoas mais influentes da cidade. Entre elas estava o Sr. Antonio Lemos, Prefeito de Alegre e sua família (D. Maria, Paulo, Lalim, e Tony). Passado algum, tempo começou a ser ventilado na cidade a idéia de se ter uma Escola de Agronomia. Em principio parecia um absurdo, considerando a topografia do município, as influencias políticas negativas e a presença de Viçosa e outras Universidades, que basicamente, absorvia todos candidatos que almejavam tal curso. Mas a idéia foi crescendo e algumas posições foram tomadas lideradas pelo Prefeito Sr. Antonio Lemos Barbosa e junto com ele os lideres estudantis alegrenses, entre eles Jorge Rodrigues e Gilson Iguatemi e ainda, Almir Carvalho e Alvimar (ambos jornalistas)
Nesta ocasião eu organizava para a ACARES uma exposição de produtos e trabalhos oriundos do meio Rural. Esta exposição era muito visitada e nesta oportunidade, iniciamos uma lista de abaixo assinados onde conseguimos milhares de assinaturas, cujo objetivo era solicitar do Governador o apoio para que a Escola fosse instalada em Alegre. Nesta época surgiram muitos conflitos de interesse. Guaçuí, Cachoeiro, Linhares, todos tentando a mesma coisa. Após longa luta que deve ter começado aí pelo anos 67 e 68, com o trabalho do Sr. Antonio Lemos e o Governador Cristiano Dias Lopes, e após os trâmites legais e muito trabalho, foi enfim, criada a ESAES.
O primeiro vestibular foi planejado com vagas para 40 alunos.A concorrência foi grande. Os que conseguiram passar não preencheram as vagas. Outro vestibular foi marcado para completá-las Neste vestibular, tive a sorte de ser incluído. Não tínhamos prédio,nem carteiras, nem professores e nem Diretor. O Diretor, Engº. Deusdará Rodrigues, foi nomeado pelo então Governador. Profissionais que não eram professores, mas com bom curriculum, foram contratados provisoriamente. Um local foi escolhido , o Colégio Estadual. Por ali ficamos até que se conseguisse lugar melhor. Posteriormente, através da compra do Castelinho do Sr Felicio Alcure, com recursos do PRODECA (Programa de Desenvolvimento de Ciências Agrárias), a administração da ESAES foi instalada naquele local. Os prédios adjacentes, antigo local onde se alojavam pessoas deficientes, foi doado a ESAES pelo Monsenhor Pavesi, através da Igreja. A instalação foi totalmente reformada para funcionamento do Estabelecimento.
Nesta movimentação, desde a criação da ESAES, surge a influencia do Paulo nas decisões e futuro dos acontecimentos. Funcionário do Banco do Brasil, professor de química do Colégio Estadual e também professor da então ESAES, recém criada, sempre trocávamos idéias sobre o futuro daquela Escola. Isto, porque o então Diretor Deusdará, não tinha uma influencia política suficiente para continuar com a formação de uma infra estrutura necessária para culminar com o reconhecimento da Escola que deveria acontecer até o ano de 1974. Nós, alunos pioneiros, começamos a ficar preocupados com o que poderia acontecer. Certo professor, chegou a comentar em aula, que nós seriamos indenizados pelo tempo perdido. Com este prognóstico nada agradável, tomamos uma decisão.
COMEÇA A LUTA.
Formamos uma comissão de 5 estudantes pró-reconhecimento do nosso curso. Essa comissão rodou pelo Brasil, visitou ministros e secretários (alguns eram militares), entre eles podemos destacar o apoio total do Ministro do Tribunal Militar, Juracy Pinheiro, do Ministro da Educação Ney Braga, do Ministro da Agricultura Alisson Paulinele do nosso conterrâneo Reitor da UFES Manoel Ceciliano Abel de Almeida. Mas, o então governador Artur Gerhard, era sempre contrário a Escola em Alegre assim como o seu Secretario de Agricultura Ivan Shalders.
A Escola tinha um Conselho que decidia seu rumo. Esse conselho era formado por representantes da comunidade, alunos, professores e diretor.
A comissão pró-reconhecimento ESAES chegou a conclusão de que o atual diretor Deusdará não possuía as condições essenciais para conduzir a ESAES a um final satisfatório. Assim sendo apelamos para o presidente do Conselho Dr. Hugo Zago Filho, para, de uma forma pacifica, solicitasse a renuncia do atual diretor. O que foi feito e a renuncia aconteceu. Mas aí, surgia a dúvida de quem seria o novo diretor. A Comissão já tinha tudo preparado. Pedimos ao Presidente do Conselho que fosse nomeado Paulo Lemos Barbosa. E assim aconteceu.
O LIDER CERTO NA HORA CERTA.
Já sabíamos da capacidade de lideranças do Paulo. As suas primeiras medidas foram, exatamente, o reconhecimento da ESAES; o que aconteceu já no último ano do curso. Mas não satisfeito, o Paulo partiu para a federalização e incorporação da ESAES à UFES. O que não agradou a ninguém daquela instituição. Muitas alegações contrárias. Mas, ainda neste tempo, antes da federalização da ESAES a primeira turma se formava e colava grau, no final de 1975. O Paulo não perdeu tempo. Dos 40 Alunos formados, maioria foi contratada como professor da entidade e imediatamente mandado para Lavras a fim de cursar o Mestrado dentro de suas respectivas especialidades. À medida que estes ex-alunos voltavam, os professores antigos eram exonerados.Mais ainda, os novos professores prestaram concurso para preencher as vagas dos exonerados.
DEFENDENDO A NOSSOS PROFISSIONAIS
Inicialmente, os profissionais formados na ESAES, que ainda não estavam empregados, eram discriminados pela UFMG-Viçosa, mas com o trabalho do Paulo, de maneira diplomática, foi contornado, pois verificou-se que os profissionais da ESAES eram tão bons e competentes como qualquer outro. E assim, a ESAES conquistou seu espaço em todos os setores sócio/econômicos/ciências de pesquisas/ensino/extensão etc.
A IMPORTANCIA DA PRESENÇA DO CCA/UFES HOJE EM ALEGRE
O município de Alegre tem uma população de 32.377 habitantes. Sua economia se baseava em produção de café e leite. Hoje se sabe que este comércio não está muito bom naquela região por razões de vários fatores: os preços baixos pagos aos produtores, a quebradeira de compradores e mesmo de muitos produtores. Além disso o município não diversificou sua área primária, com algum tipo de indústria. Assim sendo, o trabalho pioneiro do Paulo, foi decisivo para equilíbrio da economia (Receita anual de 38 milhões) de Alegre pelas seguintes razões: o orçamento anual aplicado ao Centro de Ciências Agrárias, o salário dos professores, a demanda dos alugueis de casas para estudantes e professores, a melhoria do comércio, a oferta de empregos em todos os setores e a melhoria da intelectualidade de seus habitantes. Como se pode ver, Alegre, hoje, depende do CENTRO para sua sobrevivência. Apesar da presença importante da Escola Agrotécnica Federal, da FAFIA, do Batalhão da Policia Militar e de outros setores, o CENTRO, sem dúvida, marca sua forte presença. Hoje, pelo menos, 15 cursos de graduação e pós graduação já são oferecidos em Ciências Agrárias e já vem amadurecendo o projeto em transformá-lo em Universidade do Sul (idéia do Paulo desde sua criação)-
A POLITICA.Paulo, após ter cumprido a parte mais cruciante da ESAES, transformando-a em Centro Universitário da UFES/CAUFES foi convidado para ser Secretario de Agricultura no Governo Élcio Alves. Sentimos a falta do Paulo, pois temíamos um retrocesso das conquistas. Mas, o Paulo, com a política no sangue, herdada de seu pai, partiu para escalar outros degraus.
Assim, após a Secretaria da Agricultura , Paulo foi ser Diretor do Banestes. A seguir foi eleito deputado Estadual onde cumpriu dois mandatos nos governos de Albuino Azeredo e Max Mauro, sendo líder em ambos, na Assembléia Legislativa. No governo do Albuino, foi Secretario de Educação. Terminado esse mandato, voltou para o CAUFES como professor. No ano 2000, elegeu-se Prefeito de Ibitirama cumprindo dois mandatos. Mudou a face da Cidade. Finalmente, Diretor do DETRAN em 2009.
Bem, aquí, damos uma trégua para o Paulo descansar e se preparar para sua próxima arrancada.
Guarapari, maio de 2010
Paulo Lemos- A Epopéia de um Guerreiro
Por Antonio Teles Zimerer-Prof. Inativo UFES- Ex. Aluno ESAES
REMANESCENTES.
Fui designado como Técnico Agrícola, recém formado, para trabalhar em Alegre como extensionista da antiga ACARES em 1966. Em pouco tempo, passei a conhecer todo povo daquela cidade. Como fazia parte do meu trabalho, precisava estabelecer boas relações com as pessoas mais influentes da cidade. Entre elas estava o Sr. Antonio Lemos, Prefeito de Alegre e sua família (D. Maria, Paulo, Lalim, e Tony). Passado algum, tempo começou a ser ventilado na cidade a idéia de se ter uma Escola de Agronomia. Em principio parecia um absurdo, considerando a topografia do município, as influencias políticas negativas e a presença de Viçosa e outras Universidades, que basicamente, absorvia todos candidatos que almejavam tal curso. Mas a idéia foi crescendo e algumas posições foram tomadas lideradas pelo Prefeito Sr. Antonio Lemos Barbosa e junto com ele os lideres estudantis alegrenses, entre eles Jorge Rodrigues e Gilson Iguatemi e ainda, Almir Carvalho e Alvimar (ambos jornalistas)
Nesta ocasião eu organizava para a ACARES uma exposição de produtos e trabalhos oriundos do meio Rural. Esta exposição era muito visitada e nesta oportunidade, iniciamos uma lista de abaixo assinados onde conseguimos milhares de assinaturas, cujo objetivo era solicitar do Governador o apoio para que a Escola fosse instalada em Alegre. Nesta época surgiram muitos conflitos de interesse. Guaçuí, Cachoeiro, Linhares, todos tentando a mesma coisa. Após longa luta que deve ter começado aí pelo anos 67 e 68, com o trabalho do Sr. Antonio Lemos e o Governador Cristiano Dias Lopes, e após os trâmites legais e muito trabalho, foi enfim, criada a ESAES.
O primeiro vestibular foi planejado com vagas para 40 alunos.A concorrência foi grande. Os que conseguiram passar não preencheram as vagas. Outro vestibular foi marcado para completá-las Neste vestibular, tive a sorte de ser incluído. Não tínhamos prédio,nem carteiras, nem professores e nem Diretor. O Diretor, Engº. Deusdará Rodrigues, foi nomeado pelo então Governador. Profissionais que não eram professores, mas com bom curriculum, foram contratados provisoriamente. Um local foi escolhido , o Colégio Estadual. Por ali ficamos até que se conseguisse lugar melhor. Posteriormente, através da compra do Castelinho do Sr Felicio Alcure, com recursos do PRODECA (Programa de Desenvolvimento de Ciências Agrárias), a administração da ESAES foi instalada naquele local. Os prédios adjacentes, antigo local onde se alojavam pessoas deficientes, foi doado a ESAES pelo Monsenhor Pavesi, através da Igreja. A instalação foi totalmente reformada para funcionamento do Estabelecimento.
Nesta movimentação, desde a criação da ESAES, surge a influencia do Paulo nas decisões e futuro dos acontecimentos. Funcionário do Banco do Brasil, professor de química do Colégio Estadual e também professor da então ESAES, recém criada, sempre trocávamos idéias sobre o futuro daquela Escola. Isto, porque o então Diretor Deusdará, não tinha uma influencia política suficiente para continuar com a formação de uma infra estrutura necessária para culminar com o reconhecimento da Escola que deveria acontecer até o ano de 1974. Nós, alunos pioneiros, começamos a ficar preocupados com o que poderia acontecer. Certo professor, chegou a comentar em aula, que nós seriamos indenizados pelo tempo perdido. Com este prognóstico nada agradável, tomamos uma decisão.
COMEÇA A LUTA.
Formamos uma comissão de 5 estudantes pró-reconhecimento do nosso curso. Essa comissão rodou pelo Brasil, visitou ministros e secretários (alguns eram militares), entre eles podemos destacar o apoio total do Ministro do Tribunal Militar, Juracy Pinheiro, do Ministro da Educação Ney Braga, do Ministro da Agricultura Alisson Paulinele do nosso conterrâneo Reitor da UFES Manoel Ceciliano Abel de Almeida. Mas, o então governador Artur Gerhard, era sempre contrário a Escola em Alegre assim como o seu Secretario de Agricultura Ivan Shalders.
A Escola tinha um Conselho que decidia seu rumo. Esse conselho era formado por representantes da comunidade, alunos, professores e diretor.
A comissão pró-reconhecimento ESAES chegou a conclusão de que o atual diretor Deusdará não possuía as condições essenciais para conduzir a ESAES a um final satisfatório. Assim sendo apelamos para o presidente do Conselho Dr. Hugo Zago Filho, para, de uma forma pacifica, solicitasse a renuncia do atual diretor. O que foi feito e a renuncia aconteceu. Mas aí, surgia a dúvida de quem seria o novo diretor. A Comissão já tinha tudo preparado. Pedimos ao Presidente do Conselho que fosse nomeado Paulo Lemos Barbosa. E assim aconteceu.
O LIDER CERTO NA HORA CERTA.
Já sabíamos da capacidade de lideranças do Paulo. As suas primeiras medidas foram, exatamente, o reconhecimento da ESAES; o que aconteceu já no último ano do curso. Mas não satisfeito, o Paulo partiu para a federalização e incorporação da ESAES à UFES. O que não agradou a ninguém daquela instituição. Muitas alegações contrárias. Mas, ainda neste tempo, antes da federalização da ESAES a primeira turma se formava e colava grau, no final de 1975. O Paulo não perdeu tempo. Dos 40 Alunos formados, maioria foi contratada como professor da entidade e imediatamente mandado para Lavras a fim de cursar o Mestrado dentro de suas respectivas especialidades. À medida que estes ex-alunos voltavam, os professores antigos eram exonerados.Mais ainda, os novos professores prestaram concurso para preencher as vagas dos exonerados.
DEFENDENDO A NOSSOS PROFISSIONAIS
Inicialmente, os profissionais formados na ESAES, que ainda não estavam empregados, eram discriminados pela UFMG-Viçosa, mas com o trabalho do Paulo, de maneira diplomática, foi contornado, pois verificou-se que os profissionais da ESAES eram tão bons e competentes como qualquer outro. E assim, a ESAES conquistou seu espaço em todos os setores sócio/econômicos/ciências de pesquisas/ensino/extensão etc.
A IMPORTANCIA DA PRESENÇA DO CCA/UFES HOJE EM ALEGRE
O município de Alegre tem uma população de 32.377 habitantes. Sua economia se baseava em produção de café e leite. Hoje se sabe que este comércio não está muito bom naquela região por razões de vários fatores: os preços baixos pagos aos produtores, a quebradeira de compradores e mesmo de muitos produtores. Além disso o município não diversificou sua área primária, com algum tipo de indústria. Assim sendo, o trabalho pioneiro do Paulo, foi decisivo para equilíbrio da economia (Receita anual de 38 milhões) de Alegre pelas seguintes razões: o orçamento anual aplicado ao Centro de Ciências Agrárias, o salário dos professores, a demanda dos alugueis de casas para estudantes e professores, a melhoria do comércio, a oferta de empregos em todos os setores e a melhoria da intelectualidade de seus habitantes. Como se pode ver, Alegre, hoje, depende do CENTRO para sua sobrevivência. Apesar da presença importante da Escola Agrotécnica Federal, da FAFIA, do Batalhão da Policia Militar e de outros setores, o CENTRO, sem dúvida, marca sua forte presença. Hoje, pelo menos, 15 cursos de graduação e pós graduação já são oferecidos em Ciências Agrárias e já vem amadurecendo o projeto em transformá-lo em Universidade do Sul (idéia do Paulo desde sua criação)-
A POLITICA.Paulo, após ter cumprido a parte mais cruciante da ESAES, transformando-a em Centro Universitário da UFES/CAUFES foi convidado para ser Secretario de Agricultura no Governo Élcio Alves. Sentimos a falta do Paulo, pois temíamos um retrocesso das conquistas. Mas, o Paulo, com a política no sangue, herdada de seu pai, partiu para escalar outros degraus.
Assim, após a Secretaria da Agricultura , Paulo foi ser Diretor do Banestes. A seguir foi eleito deputado Estadual onde cumpriu dois mandatos nos governos de Albuino Azeredo e Max Mauro, sendo líder em ambos, na Assembléia Legislativa. No governo do Albuino, foi Secretario de Educação. Terminado esse mandato, voltou para o CAUFES como professor. No ano 2000, elegeu-se Prefeito de Ibitirama cumprindo dois mandatos. Mudou a face da Cidade. Finalmente, Diretor do DETRAN em 2009.
Bem, aquí, damos uma trégua para o Paulo descansar e se preparar para sua próxima arrancada.
Guarapari, maio de 2010