Brasília merece ser a Capital do país?
Juscelino Kubitschek, aos 73 anos de idade, talvez com a sensação de dever cumprido, escreveu em suas memórias o que era pertinente à realidade histórica de sua época a respeito da criação de Brasília, ao afirmar enfaticamente: “Como valeu a pena!” Porém, diante de 50 anos de controvérsias, escândalos e muita corrupção, facilmente podemos encontrar aqueles que, de outra forma, pensam que a nossa Capital não valeu a pena, ou seja, que ela não correspondeu às expectativas nem as promessas vendidas ao povo brasileiro para justificar a sua criação. Afinal, Brasília realmente merece ser a Capital do país?
No início da epopéia da construção da cidade, o país se empenhou num grande esforço de recursos sócio-econômicos e políticos, somados ao empenho dos pioneiros, que para o Distrito Federal vieram em busca de melhores condições de vida, embalados pelos sonhos de uma próspera nova vida, edificada juntamente com a nova capital.
Em linhas gerais, pretendia-se construir Brasília para integrar e desenvolver o interior do país, ocupar parte da mão-de-obra nordestina e desafogar a Região Centro-Sul. De fato, foi a primeira vez que olhávamos para o interior do país e não para o Oceano Atlântico ou para a Europa, além de transferir o Distrito Federal para uma região estrategicamente mais segura.
Por outro lado, a antiga capital, a cidade do Rio de Janeiro, teve que arcar com o descuido dos governantes, agora todos voltados para o grandioso projeto do presidente “Bossa Nova”. O fato é que o país inteiro viveu anos em função da nova capital, período marcado pela má distribuição de renda, a favelização e a falta de investimento em saúde, segurança e, principalmente, na educação.
No cinqüentenário de Brasília, em meio a maior crise política de sua história, os brasilienses, morando tão perto de onde são tomadas as decisões que norteiam o país, poderiam, auspiciosamente, fazer valer mais os seus direitos e exigirem a atuação ética e competente de seus representantes, os mandatários legítimos e constituídos pela democracia, mas esperam, tão somente, através do voto!
A própria mídia faz um grande alarde neste direcionamento da opinião popular, desencorajando as manifestações populares e o acompanhamento dos trabalhos do Congresso Nacional, das Câmaras Municipais e Estaduais, órgãos que são de fato e de direito “A Casa do Povo”, onde se definem as diretrizes norteadoras da vida em sociedade, sempre abertos às correntes sociais, o que transcende a mera utilização das Urnas Eletrônicas.
É neste cenário de alienação, decepção e desmoralização dos brasilienses que o governador eleito, Dr. Agnelo Queiroz, assumirá no dia 01JAN2010, e sob ameaças de oposição ferrenha (!) do derrotado grupo rorizista, composto de nove parlamentares eleitos e 449.110 pessoas (eleitores do DF com sintomas de uma grave doença de caráter) que desejam um modelo de governo assistencialista, baseado no trinômio clientelismo, paternalismo e populismo barato, em que a corrupção impera em todas as ações do estado.
Eis o grande desafio do novo governador: fazer Brasília merecer o título de Capital do país, livre dos maus tratos dos últimos quatorze (leia-se cinquenta) anos, enfim, torná-la uma cidade mais digna e feliz, um exemplo para o Brasil, com alma e identidade próprias. Um lugar onde nos construímos entre os espaços vazios e o concreto armado, em que o Brasil se encontra e se reconhece.
Na prática, será necessário extirpar a corrupção, otimizar a máquina administrativa do GDF para fazer funcionar adequadamente os serviços públicos e, principalmente, moralizar e articular a Câmara Legislativa em prol do bem de Brasília. RORIZ NUNCA MAIS! Dr. Agnelo, nós fizemos a faxina, por favor, faça a arrumação!