Há pessoas que dizem não votar em Dilma porque ela é antipática. Retruco: presidente não é Miss. Há outras que não votam em Serra porque dizerem ser ele meio “turrão”. Retruco: presidente não é capataz. Há pessoas que dizem que não votam em Dilma porque ela nunca ocupou cargo executivo. Discuto: Lula também não, mas é o maior Presidente da História do Brasil. Há pessoas que dizem não votar em serra porque ele mata e morre pelo poder. Refuto: isto é verdade, mas não a suficiente verdade para não se eleger um presidente, acima de tudo se esse gosto pelo poder for altruísta e focado nos menos favorecidos o que não temos certeza. Há ainda pessoas que dizem não votar em Dilma por conta da Erenice. Retruco: nem Jesus se livrou da traição, senão Judas não seria história. O que não se seve é “lavar as mãos”. Ideal é que as Erenices da vida sejam banidas da vida pública dentro da legislação que dispõe um estado democrático de Direito, com amplo direito de defesa. Infelizmente as nossas leis, as nossas instituições, por conta de todo um passado espúrio de parte considerável das nossas elites, são meio frouxas em seu conteúdo punitivo. Talvez porque os legisladores, no processo histórico, tivessem legislado com medo dos seus “rabos presos”. Também os Paulos Pretos, os Pitas, os Malufs, os Anões, enfim, todos deverão, nalgum momento da vida republicana ser expurgados a bem da moral e dos bons costumes.
O governo Lula fica nos devendo várias reformas. Mas a principal delas foi feita: conceder cidadania a grande maioria de brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza e retornar, como sabemos mais de trinta milhões de patrícios à classe média que um dia saíram, por conta da política neoliberal do governo FHC. Pode ser que alguém ache pouco, mas não é. Nesse conjunto de ações, um volume grande de projetos foi desenvolvido no sentido de recuperar nossa economia, nossa auto-estima e, acima de tudo, garantindo direitos constitucionais. Lula vai deixar a Presidência. Quem poderá continuar a obra humana por ele deixada? Quem poderá ocupar o lugar de um plebeu que sucedeu ao rei FHC? O plebeu se reconheceu nos pobres, ficou junto deles, mas também foi justo no que pôde com os ricos. O rei massacrou os pobres, privilegiou um pequeno grupo de afilhados e entregou parte do patrimônio brasileiro aos estrangeiros. O plebeu se fez respeitar: investiu em universidades e escolas técnicas sem nunca ter passado por uma delas. No exterior falou de igual para igual com as nações mais poderosas e colocou o Brasil no mesmo patamar. Calou a boca do FMI e hoje é seu credor. A crise que quase acaba com o mundo, de fato, foi uma marolinha, contrariando a corte do todo poderoso Rei Fernando Primeiro e último. Obama o codinominou de “O CARA”; a rainha Elizabeth o recebeu com pompas de chefe de estado. Ele (Lula) já recebeu até um grupo de Garis de São Paulo – lógica do palácio e das palafitas?
Eu também acho que Dilma não é simpática, muito menos carismática. Mas eu quero um presidente que represente um projeto estruturador para o país e isto a nossa Dilma terá condições de realizar. No dia em que ela deixar a Presidência e quiser se candidatar a MISS da maturidade (detesto terceira idade), então vai precisar da simpatia. Também se depois do mandato ela quiser ser freira e liderar movimentos sociais, então o carisma se fará necessário. “Por enquanto a questão está posta.” “Não me importa que a burra manque, mas que a carga chegue”.
O dia já está marcado: 31 de outubro.