Debate na Record - Serra x Dilma - anotações tópicas...

Debate na Record - Serra x Dilma - anotações tópicas...

Aos leitores: estas, são apenas anotações tópicas que fui realizando, durante do debate entre Serra e Dilma, na TV Record. Delas, não tenho nenhuma pretensão ou objetivo definido, a não ser de que seja uma espécie de registro ou memória do evento, que arquivei aqui, no Recanto das letras, ok?

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Antes do debate, favorecimento de Dilma nas entrevistas, inclusive tentando comparações incabíveis nas perguntas dirigidas aos tucanos - é o caso dos direitos de respostas obtidos pelo candidato José Serra na Justiça Eleitoral. Mas, de gente do naipe de Sérgio Guerra, é difícil obter uma vantagem assim.

Começa o debate. O apresentador informa das regras. Câmera nos candidatos. Os dois aparentam visível cansaço. Dilma parece dislexa e, distante, pois não consegue entabular uma frase que não seja truncada. Serra, no início, parece apenas repetir posicionamentos do debate passado, sem maiores objetivos.

Capricharam na maquiagem de Dilma, que veio de amarelo ouro, em vez de vermelho ou Cinza. Quanto a Serra, estampa olheiras no rosto que, nem o panqueique deu jeito...

Dilma começa perguntando. PAC: a enrolação de Dilma x dados concretos, apresentados por Serra. Banda larga: Dilma fala promete cobertura nacional x Serra acusa a modéstia do projeto e, informa que São Paulo não entrou no projeto federal porque já tinha feito o seu. Pro-Uni: Dilma tenta atrair Serra para uma armadilha, falando na ação do DEM no STF x Serra, não cai. E fala em reforço do Pro-Uni. E Dilma começa a falr e insistir no suposto caso "Paulo Preto" x Serra apenas alega que o caso é um factoide produzido pelo PT.

Um debate chato e, um tanto burocrático - como todos os outros. Até agora, sem emoção alguma. Todavia, Dilma parece, agora, nervosa - gagueja, engasga, tropeça e volta atrás, para trocar palavras. Serra aproveita o momento e ataca, citando a quadrilha de Erenice e Cardeal, ressaltando que nem tudo é igual, na política.

Dilma volta à questão do "Paulo Preto" citando a queda de vigas no Rodoanel, na capital paulista, mas "tergivesou" sobre as propostas de saúde, anunciando que falaria do assunto durante o debate. Aí, Serra aproveitou para faser o proselitismo de uma área que domina bem, justificando, inclusive, a sua idéia de "bom continuismo".

A candidata oficial agora, parece um pouco menos insegura, agora e, consegue falar sobre sua proposta na área da saúde. E acusa ao oponente de enrolão. Vamos ver o que Serra vai fazer a respeito - se vai...

Tréplica: um saco. O oponente fica sempre com medo de entregar a "vaza" ao oponente.

Intervalo. Entre os patrocinadores, o remédio "Calcitran B3", um B.O. que o produtor alega rico em cálcio. Bem oportuno. Ambos os candidatos já estão perto de dobrar o cabo da "Boa Esperança".

Começa outro bloco do debate. Serra pergunta sobre as privatizações do Pré-sal. Dilma não fala sobre a privatização do PT. Serra se aproveita e fala sobre o número de privatizações do PT na área.

Serra cita o termo "trololó", para bater no fígado de Dilma, falando em aborto, privatização, etc. E lembra que a Petrobrás entregou a área de gás de cozinha para a White Martins. Dilma fala da grandeza do pré-sal e, da razão da mudança de regras - criação de fundo, etc, por causa da qualidade do petróleo. E insiste na tese do Pré-Sal como um bilhete premiado - o que explica a cor exótica da roupa que veste.

Dilma inquire sobre o número de empregos e, ressalta os números da administração petista. Serra volta ao tema "privatização do petróleo" e, mais algum "trololó", mas não responde à pergunta da oponente. Dilma insiste na tese da privatização pêssedebista. Serra explica a bobagem "Petrobrax ( - eu me lembro dessa bobagem na Veja, anos atrás!)" e, vixe, chama Dilma de mentirosa profissional.

Serra entra no assunto da segurança pública, criticando o governo federal e, o fracasso do Pronasci. Dilma aproveita para fazer um "trololó" sobre o Pré-Sal, voltando à tese perigosa do "bilhete premiado", que Serra não soube explorar (ué, a petrobrás agora entrou num jogo de azar?). Sobre segurança pública, diz que a proposta é o da polícia pacificadora, o Pronasci e presídios de segurança máxima. Serra fala da criação de um ministério "da segurança nacional", patrulhamento das fronteiras e, cadastro nacional de criminosos. Dilma insiste na fala sobre presídios e, Serra deixa escapar uma grande oportunidade. Dilma volta a guagejar e estacar nas palavras. Porquê? Nada a ameaça, neste momento do debate...

Dilma fala sobre ambientalismo - metas de desmatamento e emissão de gases do candidato Serra. Serra diz que São Paulo fez a melhor legislação e ações ambientais do sul do planeta. Dilma insiste nas metas nacionais e, enaltece o desmatamento em termos nacionais. Será que Serra vai se lembrar que o governo federal só fez compromissos em Copenhage por Serra anunciou que o Estado de São Paulo faria (Serra estava em Copenhage... Não lembrou do que ocorreu, lá). Mas, lembrou da geração de energia com combustíveis fósseis e, do financiamento de pecuária na Amazônia. Opa! Ele se lembrou do que ocorreu em Copenhage e, diz que o governo federal foi a reboca da proposta do governo de São Paulo.

Intervalo. Vou fazer um café, enquanto rolam os comerciais do B.O...

O debate caminha para o fim, sem grandes surpresas, sobressaltos ou, revelações. Só um clima mais tenso - o que era esperado. Serra pergunta inquire Dilma sobre o relaciomento do governo do MST, inclusive repasse de dinheiro. A oponente gagueja feio e, diz que o MST é uma coisa e, o governo outro. Serra lembra o episódio do uso do boné, pela candidata oficial, apesar da promessa de não fazê0-lo - o que diz ser simbólico. Afirma que o governo passado fez mais assentamentos e, ocorreram mais invasões neste governo, especialmente em época eleitoral. "Uma coisa é reforma agrária. Outra coisa, é usar a reforma agrária para quebrar a ordem jurídica", declara, mandando um recado cifrado para um setor importante para o setor do agronegócio. Lembra do que consta no PNHD3, a respeito. Dilma foge do assunto, falando das sucessivas renúncias de mandato de Serra. Mas, enrola-se no tratamento do tema da reforma agrária, tentando se salvar com os programas de energia elétrica, acesso ao crédito, etc. E diz esta pérola: "O MST é uma questão de política social". Vixe! Esta frase vai render...

Dilma volta perguntar a Serra sobre a política de emprego, comparando os números dos governos Lula x FHC. Serra encara o tema, falando nos programas oficiais de treinamento e geração de empregos, no governo passado - mas, não vai além. Não compara números e, entra na questão nos investimentos públicos em infraestrutura - e saca o aumento de preços dos alimentos, para reforçar seu argumento. Entra no assunto da "desindustrialização" do país - tema inexplorado na campanha televisiva, até agora. Dilma fala na confiança e, esperança, no país. Indica a construção civil, como exemplo de geração de empregos e o PAC, que ela afirma existir. Dilma parece firme, quando fala em crédito, consumo, etc. Serra ataca então, os altos juros, alta carga tributário e, menor investimento governamental do mundo. E exemplifica com o caso do baixo investimento em transporte. Volta à questão e, afirma que o Pré-Sal tem parte incluída nas privatizações do PT.

Encerramento. Dilma se refere ao suposto baixo nível do seu oponente. Ressalta as maravilhas do Brasil que conheceu durante a campanha, em todas as regiões. Diz que vai ser "servidora" e, assume um jeito de maezona, quando diz sobre a sua postura, se eleita. Serra diz que repele a intolerância (está falando da violência do PT contra sua campanha nas ruas, evidentemente) e, quer a solidariedade unindo todas as regiões. Diz que, com ele, a verdade voltará ao poder, com a sua eleição, na Administração Pública. E encerra, ofertando sua história e seu currículo ao eleitor.

A Record não quis fazer a conhecida "sala", que constumam se seguir aos debates. Porquê? Findo o debate, entrou Tom Calvante no ar, num sem-gração danado, pois o que aparece é um monte de palhaços anabolizados e travestidos - o que demonstra que, ali, exercendo a sua profissão e sua especialidade, ao contrário do Congresso Nacional, Tiririca faz falta...

O que realmente houve de novo neste debate? Talvez a introdução do MST entre os temas e, uma exploração mais a fundo da questão do petróleo e, da suposta privatização da exploração de petróleo.

Dilma tentou colar o bilhete de Paulo de Souza no paletó de Serra, mas ele se livrou do incômodo com certa tranquilidade. A candidata, entretanto, conseguiu tirar proveito dos números da criação de empregos. Mas, se enrolou com a pergunta de Serra sobre o relacionamento governamental com o MST e, acusou o golpe da lembrança dos companheiros Cardeal e Erenice e, além disso, sabe que fracassou na tentativa de fixar a imagem de "ameaça privatizante do Pré-Sal" no seu oponente. Serra, por sua vez, conseguiu avançar no questionamento das posições dúbias da candidata petista, em relação ao tema privatização, tirou proveito da discussão do tema segurança pública e, ainda conseguiu tirar a oponente do sério, lembrando-a da turma que a cercava no Gabinete Civil, usando o paradigma Erenice, sendo um tanto irônico (Serra, certamente, leva em consideração que amanhã, 26.10, vai reinar sozinho nas pílulas eleitorais da televisão, por causa do direito de resposta que conseguiu, na Justiça Eleitoral...).

Interessante: Serra tem um conceito semelhante ao da senadora Kátia Abreu - Presidente a Conferência Nacional da Agricultura - CNA, sobre a expansão da agricultura, sem necessidade de expansão da sua fronteira geográfica - pessoalmente, acho isso lorota.

No fundo, os riscos que os dois candidatos correram foram calculados, temendo um erro fatal na reta final da campanha e, lembrando que há, ainda, o debate da Globo pela frente - e é o que vale e interessa, pela audiência que tem.

Serra parecia tranquilo - até quando enrolava sobre a pergunta da candidata oponente e, transmitiu segurança e determinação, do começo ao fim. Dilma, ao contrário, começou nervosa e, em certos momentos parecia correr mentalmente, atrás das palavras certas. Em outros, indicava estar um tanto irritada com o comportamento do oponente e, tentou caracterizá-lo como agressivo e fujão - vai funcionar? É só conferir as manchetes da imprensa "a favor", amanhã.

A despeito da agenda dos candidatos incluem amanhã, por motivos diferentes, uma sucessão de acontecimentos relacionados com os escândalos no governo federal - Erenice, Cardeal, Quebra de Sigilo Fiscal, etc. Tudo em seu lugar. Quero dizer: tudo dentro daqueles parâmetros recordistas ou mensaleirísticos, por assim dizer, que o governo federal implantou nextepaíxz!...

- Eu? Caro leitor, sou um tipo que Presa a Constituição e o Estado de Direito, não gosto de "trololó", incompetência ou governos ladravazes, valorizo o suado dinheiro do contribuinte e, sim, valorizo bom um currículo e, uma história política respeitável. Por isso mesmo, à parte as paixões que a campanha eleitoral desperta, o leitor já adivinha minha escolha - vou de Serra. José Serra.

Mais um cafezinho, antes de terminar as anotações e, publicar, sem saber exatamente para quê...

No seca-bagaço, o que ficou para mim, do debate? Duas frases, ditas por José Serra e Dilma Russeff, respectivamente:

"Uma coisa é reforma agrária. Outra coisa, é usar a reforma agrária para quebrar a ordem jurídica" - para mim, uma observação arguta. Sem reparos. Enquadra perfeitamente o MST. E diz bem da forma como o candidato pretende lidar com a questão, se eleito presidente.

"O MST é uma questão de política social" - é, dona Dilma? Ou pelo contrário é a política agrária, ou seja lá a tara das esquerdas - a reforma agrária, que é uma questão social? Nas entrelinhas: se ela vencer as eleições, o MST vai estar à vontade para promover sua ação criminosa e retrógada no campo, alimentado pelo dinheiro do governo federal.