VENDILHÕES DO TEMPLO

Em tempos eleitorais, a velhaca fórmula “Religião & Estado” retorna à cena nacional de nosso país, levianamente manipulada pela nova instituição: a mídia. E a velhaca fórmula pretende nos assegurar de que os ventres da terra e das mulheres estão legitimamente preservados pelos santos imaculados criados pela mídia.

Ledo engano!

Partidos políticos constituem-se em torno de plataformas e visam o poder e o comando do estado. E, em cena, dois projetos de estado povoam nosso país. Um, calcado na entrega gratuita de nossas riquezas, pouca circulação da moeda e da produção e do trabalho, hoje, 16 de outubro de 2010, retratada na figura do tucano José Serra. Outro, calcado na distribuição de renda e benefícios sociais, na interiorização de cursos técnicos e universidades públicas, no fortalecimento da sociedade e dos movimentos civis, retratada na figura da petista Dilma Rousseff.

E, em torno disso que, deveria ser, o nosso maior debate e interesse, emerge a vampiresca figura da mídia a ressuscitar antigos temores e receios, reapresentando-nos antigos adversários da moral: o bem e o mal. E, claro, à mulher, como nos tempos idos, coube o papel do mal...

A mídia está aí! Sem compromisso com nenhum dos lados. Apenas com o compromisso narcísico de provar a tudo e todos que é capaz de manipular as mentes e corações das pessoas. Verdadeiros magos da criação e da previsão do futuro que a ela própria interessa. Arvoram a si o direito de “liberdade de imprensa”! Mas desprezam qualquer limite que os restrinjam ao fato, à informação. Não! Não há mais regras para os senhores da criação dos melhores dos mundos.

É preciso resistir a este acinte! Recolocar a mídia em seu único e legítimo lugar, que é o da liberdade de informação.

Assim como precisamos de um projeto político de circulação de moeda, precisamos de um projeto social de circulação de informação para o pleno exercício da escolha – valor tão caro à democracia.

O templo de nossos dias é o nosso país. Sim, o Brasil é o templo! Templo de uma nova humanidade que nasce da mistura de tantas outras humanidades. Expulsemos de nossas mentes e corações esses vendilhões de nossas riquezas e valores. Construamos uma discussão política sobre qual modelo de país queremos. E larguemos esses vampiros da mídia para lá. Basta não servirmos mais de público e expressarmos nossa crítica mais contundente nas urnas.

Liz Della Penna
Enviado por Liz Della Penna em 16/10/2010
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