TIRIRICA E CHAFUR.

 

Não, eu não estou TIRIRCA da vida. Na vida, tudo é assim. Uns sobem, outros descem. Uns estão verdes e nunca amadurecem. Uns ficam pequenos, outros sempre crescem. Uns perdem, outros ganham e por aí vai. Não, não estou TIRIRICA da vida. Nem puto dela, como costumamos dizer na intimidade. Eu teria muito a não estar, diante de um passado negro que a nossa democracia aboliu, mesmo diante de políticos recalcitrantes que mamaram na ditadura e que estão em nossa volta chafurdando. Mais DANDO do que CHAFUR. Aliás, “Chafur” era um cara na minha terra que nasceu e morreu pobre, a despeito das oportunidades que teve de enriquecer ilicitamente. Ele não, Chafur morreu pobre, mas feito vela: em pé na sua moral e nos seus bons costumes. Por isto, os que hoje estão chafurdando, se Chafur fosse vivo estaria puto, principalmente porque não queria o que essa corja teria pra lhe dar. Pena que Chafur passou desta pra melhor, mas poderia estar vivo hoje para comemorar. Do alto da sua inteligência, nunca pôde fazer faculdade, pois isto naquela época era coisa de rico. Hoje, com o PROUNI e se vivo fose, Chafur estaria formado e vislumbrando uma vida nova pra si e sua família. Este país tem resgatado a cidadania dos “Chafur” da vida não só com a interiorização das faculdades e escolas técnicas. A era Lula contrariou todos os prognósticos dos que ainda chafurdam para que o passado volte. Mas tudo indica que daqui pra frente não haverá retrocesso no trato das pessoas. Chafur não só estaria feliz pela possibilidade do acesso a faculdade. Mas porque ele seria testemunha viva, conosco, do aumento do emprego com carteira assinada, com a retirada de milhões de pobres que viviam na miséria e que hoje têm comida na mesa e emprego e acesso a informação via escola e internet. A classe média que já estava sem classificação de tão baixa, retornou ao seu lugar, graças ao modelo econômico do governo Lula. Não temos dúvidas de que Chafur saberia entender que muito tem que ser feito; que há corrupção no governo que tem que ser apurada, mas que algumas instituições que disso cuidam ainda carecem de legislação mais rigorosa para tal. A gente sabe que a polícia prende, mas a justiça solta e que só uma reforma no código penal resolveria parte da violência urbana. Igualmente a gente sabe que uma reforma tributária é urgente. Também a gente não esquece dos 45 escândalos do governo FHC que nos estarreceram e ainda caminham nos tribunais da justiça.  

Lembro da casa de Chafur, situada  no alto da Boa Vista. Não tinha sequer um bico de luz; seus familiares sempre estiveram abaixo da linha da pobreza, inclusive o próprio. Mas nem tanto, pois só não morreu na caridade pública, porque fez amizades boas que o ajudaram nos seus últimos dias de vida. Certamente, repito, Chafur iria permanecer se esquivando de receber o que essa escória do poder obscuro quisesse lhe dar.

Diferente de CHAFUR, os que vivem chafurdando logo acharam a quem dar: TIRIRICA. Claro que eu não aceitaria fazer o que ele fez, tampouco Chafour. Mas TIRIRICA fez e deve ter seus motivos, pois essa turma que chafurda "não dá ponto sem nó" e tudo articula e planeja para alcançar seus intentos. De uma coisa eu tenho certeza: Tiririca não é burro, embora seja analfabeto como dizem. Talvez ele tenha alcançado como poucos a “jogada” política dos partidos ao usarem seu nome como puxador de votos. Com isto, caso eleito, levaria (como aconteceu) a tiracolo para o Congresso Nacional um bando de ficha-suja sem voto. Tiririca deve ter aprendido a lição do “é dando que se recebe” tão difundida no meio político do país. Com certeza tem a franqueza e a coragem para dizer o que a maioria de parlamentares não tem:  “não sei o que um deputado federal faz. Vote em mim, que eu volto pra dizer como é”...  “Vote em Tiririca que pior não fica”... A rigor, fica pior. Mas não por ele e, sim, por conta dos que estão por trás dele utilizando uma legislação eleitoral espúria que precisa ser mudada. Se o fato de ser analfabeto não tirar Tiririca do páreo, daqui a quatro anos, certamente, ele não se elegerá. Mas a corja que elaborou essa estratégia, sim, pois em permanecendo a atual lei, outro "palhaço" há de aparecer. Por isto, insisto: dos males, Tiririca é o menor. Não que seja inocente, nem burro, nem “ABESTADO” como se diz de si mesmo, quando veste o personagem cômico.

Portanto, deixemos o rapaz na glória, enquanto muitos vão para Ipanema, Leblon, Brasília. Chafur está na outra vida, como dissemos. Não tenho dúvidas que concordaria conosco, pois como gente simples sempre soube que “a corda quebra no lado fraco”, bem como saberia compreender que esses que vivem chafurdando ignoram que, como dizia Dom Helder, “o povo pensa”! E porque o povo pensa os chafurdadores esquecem que de tanto usadas suas facas já não cortam...

Outro episódio carece menção neste paralelo entre Tiririca e Chafur. A Sra. Roriz. Tenho o entendimento de que ela e o que representa, são muito mais reveladoras de retrocesso político do que a expressiva votação do comediante. Mas poucos dizem abertamente, inclusive a imprensa, da vergonha que a eleição dessa Senhora representa. Principalmente por ser de Brasília, capital do Brasil, de onde se espera sejam os eleitores mais conscientes. E não me venham dizer que são os pobres de lá que deram essa votação. Foram também eles, mas com a grande maioria de ricos grileiros que foram beneficiados pelo então governador Roriz. Quanto a isto, nem Boris Casoy com seu biquinho fino exortou: “é uma vergonha” – ele só teve coragem para desqualificar os garis, coitados. Prefiro, pois, Tiririca, à Senhora Roriz que, graças a Deus não deve ser eleita para o bem dos senhores e senhoras dignos do Distrito Federal. E que Deus nos proteja, não é Chafur?