O PT e o aborto - a tentativa de tentar estancar a sangria de votos da candidata oficial...

O PT e o aborto - a tentativa de tentar estancar a sangria de votos da candidata oficial...

Para tentar estancar a sangria de votos da candidata oficial, o Partido dos Trabalhadores já estuda a possibilidade de retirar de seu programa partidário a defesa do aborto (que, na forma como está nele descrito, inclui as hipóteses do covarde e infame crime de infanticídio). Em certo sentido, chama à atenção, pelo oportunismo, pois demonstra que, pela hipótese de manutenção do poder, os petistas são capazes de abrir mão até de certos pontos muito caros às suas lideranças partidárias.

Mas, em certo sentido, tal decisão pode vir tarde demais, porque, agora, a sociedade tem uma visão formada (e, em alguns casos, decidida), sobre o assunto. E também pode ser inóqua, posto que não é apenas esta tese e este ponto de programa partidário do PT e, do governo, que está sendo discutido.

Alguns temas e pontos, talvez não possam ser resolvidos internamente, dentro do PT, em razão da polêmica e, do atrito que pode gerar.

É o caso do casamento entre homossexuais, assunto evitado por muita gente, por conta das reações apaixonadas que desperta, mas que deve merecer atenção e análise, eis que sendo objeto de mobilização, no âmbito político.

Ora, do ponto de vista legal, esta já é uma questão já pacificada, pois, em relação ao direito da pessoa, creio que já não exista resistência da sociedade quanto à união civil de homossexuais.

Outra coisa, porém, é falar de casamento e formação de família por casais homossexuais, porque, em tal caso, existe manifestações ou posicionamentos claramente contrários, no mundo religioso.

E o motivo é um só: todas as religiões derivadas da religião hebraica, por exemplo, não aceitam a institucionalização religiosa das uniões homossexuais e, menos ainda a formação de famílias, a partir delas, em virtude que consta da bíblia dos judeus, do alcorão e, da bíblia dos cristãos.

À primeira vista, parece algo retrógado. Mas, se for levado em consideração que a religião se movimenta em torno de valores perenes e tidos como eternos, ao contrário do mundo da política, que se movimenta justamente em torno das transformações de valores sociais mais superficiais e, é possível entender esta posição antagônica entre um e outro segmento, em relação a determinados valores, que estão relacionado com o exercício de direitos individuais e coletivos.

Esta visão de mundo pode ser contestada pelo leigo, mas para quem professa a fé religiosa, conceito assim estão dentro de uma ordem de valores simétrica e abrangente, desde que foi criada, na qual a mutação de idéias e valores é muito mais lenta e depurada, no curso do tempo.

Para exemplificar melhor: nossa última Constituição data de 1.988. E a bíblia sagrada é um repositório cultural de milhares de anos (rementendo-se ao instante da Criação mítica - e mística - do mundo!...);

Assisti, dias atrás, um vídeo de um líder evangélico respeitado, o pastor Silas Malafaia, se posicionando de maneira enfática - e contrária, sobre o tema. E estas discussão estão hoje na agenda de todas as confissões religiosas, inclusive a igreja Católica.

Por isso, a sangria de votos pode até continuar, porque a resolução de determinados temas, assuntos e, pontos, tem diferentes formas, no mundo da religião e, no mundo da política e, imagino que os petistas simplesmente não tem como separar a imagem de sua candidata da discussão de determinados temas, eis que eles sempre constaram da agenda partidária petista e, em certo sentido, não há razão de natureza política para serem eliminados.

Porque estas questões estão relacionadas com a candidatura petista, neste momento da campanha presidencial? Em primeiro lugar, porque ela não costuma ser objeto de discussão política em nível regional, em nosso país - sendo reputado um tema de alcance nacional. Em segundo lugar, pelo simples fato de que elas são tratadas com destaque, senão minudência, dentro do programa do partido dos trabalhadores e, mais vagamente, dentro da candidatura petista. Mas, não significa que não possa migrar para outro acontecimento político, partido ou, candidato.

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A despeito da campanha supostamente morna e sem interesse, esta talvez seja a mais importa eleição brasileira dos últimos tempos, pois a discussão de alguns temas, reposicionaram ou introduziram os mais diversos agrupamentos sociais em torno de sua discussão - o que está ligado à mudança do suposto e esperado resultado da eleição presidencial e, que demonstra que a segmentação de discussão de temas e, posicionamento de interesses de grupos específicos em relação ao que se supõe interesse mais geral emerge como um fato inquestionável destre pleito eleitoral.

Em certo sentido, o mundo da política não sai muito diferente destas eleições. Mas, está emergindo uma sociedade muito mais segmentada, posicionada e mobilizada, com relação a determinados temas e, agendas políticas.

Mas, recordemos que…

…o sinal de que isso viria aconteceu anos atrás, durante o canhestro plebiscito em que a sociedade foi chamada a se manifestar sobre uma questão já decidida (em dissonância com ela), isto é, a posse de armas pelos cidadãos. Lembram? Aprovou-se a Lei e, no Referendo, a população manifestou-se contrária ao veto do porte de armas...

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Voltei às 14:00h: Os petistas estão atribuindo também a perda de votos de sua candidata ao caso Erenice.

Continuo afirmando: eles fingindo que não estão entendendo. Afirmo, porém, que o caso Erenice foi o de menos - pois, desde o mensalão, esse tipo de coisa era corriqueira, no governo, sem que ninguém, da oposição, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União, da OAB, Igreja, Ministério Público ou qualquer outra instituição tenha se levantado e, se batido, pelo enfrentamento do governo e sua estrutura contaminada pela podridão.

Eles sabem muito bem que o buraco é mais embaixo. E o problema da perda de votos está ligada à ameaça de valores tão importantes quanto perenes, que simplesmente não podem ser avacalhados no mundo político.

A sociedade despertou para a defesa de valores extremes. E o bicho pegou. E o fogo das discussões em curso não vai apagar tão fácil...

Como diria um deputado federal goiano: virou "...fogo de morro acima e, água de morro abaixo!".