A Urna ( Ainda Pulsa )
E cá estamos uma vez mais diante da urna ( muda ) a nos fitar , a pensar no que fazer e no que virá ...
Em frações de segundos posso ver os rostos , gestos , acenos e fotos, e a distância da qual vivemos em meio a palavras exatas e tecnicamente ditas como um sonho bom ...
O calor aquece a emoção de poder mudar a vontade daqueles que ditam o que devo pensar semana a semana , como se meu cerebro fosse um gráfico regado a champagne ...
E cá estamos diante de uma urna ( surda ) que por vezes nos faz gritar o horror e a tortura daqueles que perderam o mais puro prazer em acreditar para mudar .
O tempo está passando e lentamente nos transformando em meros expectadores do teatro do absurdo .
O espetáculo dos bonecos está pronto e por vezes vejo o povo vestido de fantoches do caos , que como areia é sugado pela máquina do tempo ( a urna ) .
E cá estamos diante de uma urna ( cega ) que finge nos ver , ouvir e falar .
Ela tem nossa atenção . Ela quer o nosso calor . Ela quer a emoção .
Será que estamos definhando vagarosamente ?
Até quando permitiremos morrer de amnesia , no corredor , saindo do trabalho ou na esquina da padaria ?
Até quando me sentirei inválido ?
Até quando serei nulo ?
Até quando irei fazer o meu churrasco com o dinheiro do candidato ?
Sou cego , surdo e mudo .
E o meu prazer é pensar !
Acorda Brasil !