Aconteceu no Tocantins - a quadrilha de Gaguim, Manduca e Cepera...

Aconteceu no Tocantins - a quadrilha de Gaguim, Manduca e Cepera...

"Anarriê!". Aconteceu no tocantins. E foi assim:

O Estado do Tocantins tem um governador com o mimoso apelido de Gaguim. Carlos Gaguim tem aquela pinta de agricultor do centro-oeste, tem um monte de amigos, entre eles, um que tem o sertanejo apelido de Manduca, além de um outro, com um nome bem paulista, Cepera. E seu negócio não é a agricultura. Prefere negócios mais rendosos. Coisa assim, pela casa do bilhão de reais.

Pelo que entendi, Manduca organiza as coisas localmente e, Cepera é quem cria e viabiliza as "oportunidades de negócios", inclusive "remessa de lucros" e, coisas assim. E Gaguim, a necessária cobertura oficial, para que os negócios se concretizem.

Essa turma entrou num ramo de negócio muito rendoso: fraudar licitações públicas, para faturar milhões e, desenvolver os negócios, no Tocantins - pelo menos, os negócios particulares, usando a administração pública. Mas, também, não é para menos - isso virou moda até em Brasília - mais precisamente, dentro do Palácio do Planalto!

De repente, como sempre acontece em época de eleições - menos em Brasília, que alí, a lei e os negócios são outros, a Polícia Federal baixou em Palmas, flor das capitais. Uns dez presos. Manduca, também.

Carlos Gaguim, que se elejeu ao governo do estado do Tocantins pela chamada "via indireta"*, é candidato à reeleição e, não gostou da intervenção nos negócios da sua galera - inclusive, por causa do potencial reflexo na sua campanha de reeleição ao cargo de governador.

E então, Gaguim, como todo cidadão de bem, apelou ao Poder Judiciário, solicitando uma liminar para acabar com a farra da imprensa em torno do seu momentâneo infortúnio empresarial.

E não é que deu sorte? Ele ganhou a liminar de um desembargador amigo, cuja motivação para a alegado para a concessão foi "a divulgação ilegal de dados de investigação que corria sob sigilo da Justiça".

De onde saiu a idéia? Ora, do caso precendente, no qual o Senador e donatário da Capitania Geral e Hereditária de São Luiz do Maranhão** obteve liminar para calar a boca do centenário e respeitado jornal "O Estado de São Paulo", que divulgava dados de uma maracutaia de uma de suas crias, a partir dos meandros do Senado Federal.

Pois, é. Agora é assim: a imprensa não pode mais divulgar os fatos dos quais investigou pelos seus próprios meios - assim como acontece em todo o mundo civilizado, se a polícia ou a justiça já tiver entrado na jogada. De modo que, muito em breve, a imprensa terá de se dirigir ao Poder Judiciário, para consultar se pode ou não divulgar certas notícias.

Ou então, passar na assessoria de imprensa e, pegar as notícias colocadas à disposição pelo Poder Judiciário, Poder Executivo e, Poder Legislativo. Em relação ao Poder Executivo da União, aliás, uma parte da imprensa e dos jornalistas já está bem treinada - e cevada.

Mas, estou divagando. Voltemos à quadrilha de Gaguim, Manduca e, Cepera: o atual governador do Estado continua na disputa, como se nada tivesse acontecido e, ainda está à frente do opositor. Olha que, ainda ganha a eleição. E garante a continuidade dos negócios, com evidente reflexo no progresso do estadão do Tocantins!

Como diria o outro gaguinho, aquele dos desenhos animados:

"Ca-ca-ca-ramba. Se-se-gredo de jus-jus… justiça-ça para pro-te-te-ger a ban-ban-ban-didagem! Fan-fantástico. Q-qualquer d-d-desses, inventam a-a-algo assim pa-ra pro-te-te-ger a so-so-sociedade dos-dos ban-ban-bandidos, tan-tan-tan-ambém...!"

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* Você deve ter esfregado os olhos e, depois, duvidado do que leu ou, de quem escreveu aquelas linhas. Mas, é isto mesmo. Gaguim chegou ao governo através de uma eleição indireta, depois que o então governador, Marcelo Miranda (que agora é candidato ao Senado Federal, na chapa do primeiro - malgrado a ameaça da Lei da Ficha Limpa) teve o mandato de governador cassado.

Pois, é: a Constituição Federal prevê a eleição aos cargos de natureza política, mediante voto direto e, secreto, em pleito eleitoral. Mas, a justiça eleitoral resolveu inovar, inventando a eleição indireta. E veja o que deu: Roseana Sarney no governo da Capitania Geral e Hereditária de São Luiz do Maranhão e, Gaguim no governo do Estado do Tocantins...

Como se realiza um processo inconstitucional de eleição indireta? Taí uma boa pergunta. mandem e-mail para o Superior Tribunal de Justiça, perguntando. Eu passo. Se tomar a iniciativa sugerida, preciso avisar: no STJ tem dedo, digo, amigo indicado por... José Sarney.

"Três poderes. Independentes e harmônicos, todavia controlando-se uns aos outros através de freios e contrapesos...". Pobre Montesquieu. Dizem que o que existe no Brasil é democracia - o que só serve para humilhá-lo, em seu leito de morte.

"Nextepaíxz", tudo sempre acaba diferente: o sol tropical, a nossa alardeada malemolência, a lei de Gerson - que é mais influente e percebida no dia a dia que a lei da Gravidade e, o doce ácido da jabuticaba sempre mexem com a natureza de tudo...

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Diz o Estado de São Paulo on line que o tal desembargador fez lá suas indicações para o governo local, mas sem nenhuma visão ou inspiração de natureza sarneística. Todavia, arranjou ocupação (e bons salários) para a mulher e a sogra. E parece que ficou bem agradecido. E, pelo jeito, mal pode esperar a hora de demonstrar sua gratidão, se inspirando num colega indicado por Sarney para um cargo importante no Judiciário.

** Sarney! Este é o político mais poderoso do país, nas últimas décadas. Entra governo e, sai governo, todo mundo come em sua mão e, seu poder já chegou à estrutura do Partido Verde, de Marina Silva, onde o seu filho Zequinha agora é um dos manda-chuvas.

Indicações. Isto fez de Sarney o homem mais poderoso da República. Em todos os lugares tem alguém no posto chave, para ser acionado na hora certa.

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Atualizando: na sentença de concessão de liminar em mandado de segurança, foram censurados 84 (oitenta e quatro) órgãos de imprensa do Brasil inteiro - e, adivinhem?, o Estadão está no meio.

A Veja não consta da lista da sentença, mas, imagine?, Gaguim mandou a Polícia Militar impedir a distribuição da revista - que falava de sua interessante biografia. E, quase conseguiu.

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Veio até aqui, caro leitor? Que bom. Espero que tenha gostado do texto e, comente. Valeu!