Marina - enganos e distorções da realidade em torno da candidata do PV.
Marina - enganos e distorçõe da realidade em torno da candidata do PV.
Recebi um e-mail de um amigo, falando das excelências e qualidades de Marina. Li. Muito elogio e recomendação de voto. Meu amigo, diz que não vota em Dilma e, nem precisa explicar por quê. E não vota em Serra e explica porque - Serra é da elite e, não foi bem no que diz respeito à educação em São Paulo. Passei a ele uma série de dados sobre a ação governamental do estado vizinho sob a administração de José Serra e, fiz um comentário sobre a candidata Marina Silva, que está estendido nas linhas seguintes.
Marina Silva. Boa candidata, sem dúvida. Um passado político sem máculas. E seu partido é o que se chama de "politicamente correto". Todas as suas propostas de governo estão amarradas no arado do ambientalismo. Ok.
Além disso, tem como vice um capitalista milionário - o cara é dono da Natura.
E como é que se deu essa parceria política entre uma ambientalista e um capitalista? Foi assim: Marina acha que o melhor para o povo da Amazônia é praticar o extrativismo - e preservar a natureza.
O extrativismo, como sabem, via de regra, é o primeiro estágio da humanidade, naquele momento em que os povos ainda não acumularam cultura e, tecnologia suficiente para domar a natureza e, fazê-la produzir mais e melhor e, enfim, criar o que chamamos de riqueza.
Aí entrou a Natura. Foi comprar os víveres extraídos da floresta pelos amazônicos, que àquela altura já tinham ganhado a charmosa grife de "povos da floresta", inventada por gente da cidade grande, para fabricar produtos destinados às classes médias do mundo inteiro.
A parceria foi boa. Especialmente para a Natura, que viu explodir a venda e exportação de toda a sua linha de cosméticos com grife de coisa natural, da Amazônia - onde estão os "povos da floresta", cujo destino é, me permitam, catar coquinho e frutinha o resto da vida, longe do estresse do consumismo e da civilização.
Mas, há algo que precisa ser dito sobre Marina e, ninguém parece ter coragem. Lá vai.
Marina andou à borda do governo de Lula e do PT, cota do Partido Verde. Viu a ladroagem nos Correios - ficou na dela. Na posição em que estava, deve ter sido pelo menos testemunha ocular do Mensalão -que, lembremos, foi planejado pelo chefe da Casa Civil, José Dirceu, numa sala que ficava a alguns metros do gabinete do presidente da república. Mas não deu um pio.
Depois, vieram os dossiês montados na Casa Civil (Erenice cruzando bola para Dilma), para manchar a imagem honrada de FHC e, até de Ruth Cardoso, que ela conhecia bem. Mas, o negócio dela era meio ambiente - e, não se ouviu um muxoxo seu. A responsabilidade pelas encrencas era o presidente da república, afinal de contas. E o negócio dela, só o meio ambiente.
Mas, em certa altura, Dilma virou a xerifona da área de produção e geração de energia do governo federal. Por isso, assumiu pessoalmente um projeto de construção de uma hidrelétrica no rio Madeira, lá onde moram os "povos da floresta".
Marina tentou discutir o projeto - mas Dilma não lhe deu bola. E a coisa foi indo. Ela até tentou fazer "empate" com o projeto. Mas, foi vencida. Aí, sim, abriu o bico. Mas o seu chefe e sua colega não lhe deram trela.
Começaram a fazer assentamentos da reforma agrária na Amazônia, querendo transformar os sem-terra em contingentes dos "povos da floresta". E então, a floresta amazônica veio ao chão em vários lugares, para depois, virar carvão. Marina, que tinha relatórios diários e, fotos de satélite á mão, não reagiu...
A Senadora do Acre tem filhos. O presidente da república também. Mas, ao contrário dos filhos de Marina, a conta de uma empresa de informática do filho do presidente da república amanheceu certo dia com dez milhões de reais lá dentro. Depósito de uma das empresas do conglomerado de um famoso e influente banqueiro. E o que Marina teria com isso? Siga-me...
Pouco tempo depois de ter tanta sorte na informática quanto Ronaldinho no futebol, o filho do presidente da república virou fazendeiro no sul do Pará, mais precisamente na região de Conceição do Pará. Uma vastidão. Floresta amazônica milenar.
Um caminhão cheio de motosserras entrou na fazenda. E toda a floresta veio abaixo e, depois, virou um dantesco braseiro, que poderia ser enxergado da lua. Um evento destes seria, evidentemente, fotografado pelos satélites ambientais do INPE. Mas, ninguém deu um pio no IBAMA. E o que houve foi silêncio no Ministério do Meio Ambiente.*
Mas, de repente, Marina desembarcou do governo federal. Jamais explicou porque, ainda que, por dever político - ou pelos menos, coerência, tivesse que fazê-lo. Da mesma forma, não se manifestou pelos escândalos do governo federal.
Depois disso, viu Dilma aparecer com uma versão socialista de Direitos Humanos que incluía um de seus temas favoritos, o aborto. Mas aí, coerente com sua crença e convicção pessoal, veio a público para dizer que era contra tal proposta.
Arranjou o vice certo. Cara endinheirado. E ligado ao grand monde dos negócios, moda e das artes - tudo a ver com o ambientalismo. E foi registrar candidatura no PV.
Agora vem uma parte bem interessante. Para quem não sabe, Zequinha Sarney, é hoje um dos caciques do PV. Está no site. É só visitar. Imagine a cena: Pena, Sirkis, Gabeira, Marina e... um Sarney. ´
Zequinha diz que dá todo apoio a Marina (menos no Maranhão, mas aí, a questão é familiar, patriarcal). Pudera! Esse negócio de manter o povo no seu estado original, por assim dizer, mantendo-o longe dos males da civilização dá mesmo certo. Sarney Filho sabe muito bem que, nisto, Marina nem inova, pois foi só isso que viu seu pai, José Sarney, fez com a população do Maranhão, desde que entrou na política.
A candidata do PV entrou na disputa da campanha e, vai muito bem. A galerinha do jet-set da música e, das artes, muito moderna, a apoia. E nos últimos dias, aconteceu um fenômeno já conhecido da política: uma parte da população começou a deixar a cacicada dos movimentos sociais e religiosos falando sozinha e, passou a apoiá-la, dada a evidente diferença entre o seu passado respeitável e, do outro lado, toda a farsa e pantomima montada em torno de Dilma.
Durante a campanha se sucederam mais uns escândalos no governo ao qual Marina serviu. Três deles, são gravíssimos e, demonstram um nível periculosidade nunca verificado, antes, depois da redemocratização do país: a quebra do sigilo fiscal de um candidato de oposição ao governo e, seus correligionários e familiares, o ataque sistemático e a condenação do exercício da liberdade de imprensa pelo próprio presidente da república em palanques da candidata de seu partido e, por fim, a descoberta de uma quadrilha institucionalizada na Casa Civil, ministério que fica a metros de distância do gabinete do presidente da república.
Nos três casos, a ex-ministra foi bastante módica nos comentários, embora ela e todos os brasileiros tenham ficado politicamente mais pobres e, indefesos diante da avassaladora máquina do governo federal, com tais acontecimentos. Mas, em relação à quebra do sigilo fiscal de opositores do governo, por exemplo, ela enxergou o acontecimento pela ótica da disputa eleitoral (semeada aos quatro ventos pela imprensa "a favor"), quando o caso era de uma grave traição, em que o governo usou da avassaladora máquina do Estado para bisbilhotar e divulgar através da Internet, dados fiscais de pessoas (do mundo da política, ou não) cujo sigilo tem garantia constitucional. Bola muito fora, portanto.
Sim, Marina pode chegar ao segundo turno. Muitas pessoas são partidárias dela. Outros, do Partido Verde - ou do ambientalismo. E aí, o voto é fava contada. Mas, uma parte da população está em busca de um bom candidato para ocupar o Palácio do Planalto, de quem espera um bom governo.
E é aqui que a coisa pega: o PV e seus aliados vão fazer quantos deputados federais e quantos senadores? Resposta franca: muito poucos. E como é que se sustentaria um governo de Marina Silva? Resposta certeira: comendo na mão do PMDB, do PT, do PDT, do PR e, outros assim. Zequinha deve estar sorrindo. E seu paizão, esfregando as mãos - e já anotando nomes para uma futura indicação, porque nisto, ninguém o supera...
Participando de um governo petista, Marina não disse nada sobre o ambiente contaminado de governo. Agora, diz que fará um bom governo - o conjunto das ações governamentais amarradas no arado do ambientalismo. Não há razões para duvidar da candidata.
Mas, para governar, à aliança com partidos do bloco liderado pelo PSDB, preferirá entregar parte do governo ao PT e seu bloco de aliados, além do velho e, belicoso PMDB. E, sabemos: essa gente, onde chega, estabelece um ambiente e nichos próprios e, não nada modestos quanto à expansão de suas raízes...
Outro cenário: segundo turno. Quem Marina apoiaria? Dilma. Como já apontei, o PV é um aliado antigo do PT e, participou do governo petista. Nesse sentido, os comentários econômicos sobre os sucessivos escândalos produzidos pela escumalha petista denunciam claramente a sua tendência, muito embora o meio ambiente político possa vir a ficar ameaçador para os cidadãos e para a democracia, num futuro governo petista.
Do contrário, diante da posição de líderes como Fernando Gabeira, o pv pode iberar seus militantes para escolher o candidato para o segundo turno. E outra vez, a maioria dos ativistas apoiam Dilma, pois a militância verde é, uma dileta filha, senão variedade, da militância dita "de esquerda". E se, outra vez, Marina silenciar no momento importante, já não será novidade.
É isto leitor. Estamos vivendo um momento perigoso - o Estado de Direito estão sob ameaça. Todo aquele edifício de organização de direitos e, garantias individuais e, bem assim, da organização do Estado e, das contas públicas vão ruindo.
E, muito pior que isso, o respeito à liturgia do cargo de presidente da república, da política como um meio civilizado de existência da nação e do país foi praticamente destruído por um partido cujo único parâmetro de atuação é a sua própria fome de poder e, dinheiro, à sombra de um tipo esperto, irresponsável e abusado.
Pelo que se vê atualmente e, bem ao contrário do que disse o palhaço Tiririca, candidato a Deputado Federal em São Paulo pelo PR, as coisas podem ficar muito pior.
* Como sei disso? Muito por acaso, um conhecido meu é vizinho de terras do Nhonhô-sortudo-filho-de-presidente.