Falta de Ética: O Pincel que matou Lula e FHC
Qual seria a sensação de olhar para um quadro em uma exposição da Bienal-SP e se deparar com Lula tendo sua garganta cortada, e FHC levando um tiro à queima-roupa? No mínimo curioso. Nada de abstrações, impressionismos ou pós-impressionismos. E o artista plástico, Gil Vicente, autor das obras ainda adverte: “A lista é muito mais extensa”, em seu rol encontram-se “persona non grata” que vai de Bush ao Papa Bento XVI.
Lula ao ter sua garganta cortada me veio uma sensação de alivio imediato. Como o mandatário da República gosta de vociferar: “nunca antes na história deste país” – um presidente falou tanta besteira. O mesmo não se atém as funções precípuas do executivo. Há uma confusão generalizada quando olhamos pelo prisma das atribuições que são inerentes à cada um dos poderes. O executivo governa somente do ponto de vista de suas funções atípicas, seja legislando ou julgando. O interessante é que legisla e julga somente em causa própria. Faz vistas grossas às mazelas do governo popular, mas, é pontual em apontar o dedo às favas alheias. Caem ministros, secretários e altos funcionários sempre ligado ao PT, que agora insere mais um sofisma na sociedade: o de “partido mais amado do Brasil”, mas, a imagem do presidente permance intacta, o que aumenta a sensação de inamovibilidade do presidente, que outrora era um nordestino pobre de menino filho do sertão. Aquele menino, cresceu tornou-se o presidente mais popular da história do país. Tal popularidade acoberta as falhas do PAC, bem como, os escândalos que se tornaram uma constante do governo petista.
Tal popularidade permite ao presidente usar todo o aparato da máquina pública para fazer uma imagem caricata da canditata petista Dilma Roussef, que nem de longe inspira o mesmo carisma do presidente filósofo. A Presidência da República usa funcionários e equipamentos da NBR, TV oficial do governo, para filmar comícios de sua suscessora, dos quais o presidente participa, sempre alegando não saber de nada, seria cômico se não fosse trágico para o país.
FHC levando um tiro à queima-roupa foi emblemático, uma vez que o “crime artístico” não teve os mesmos “requintes de crueldade”. O tiro provavelmente o atravessará acertando o Serra, que está muito paz e amor, em momento algum assumiu a condição de opositor. Talvez ele tenha a consciência de que “quem não tem teto de vidro, que atire a primeira pedra”.
A série “Inimigos” do artista Gil Vicente, que será exposta na 29ª Bienal de São Paulo, que abre ao público no próximo dia 25, tem encontrado resistência por parte da OAB-SP, uma vez que a mesma rotula a obra de fazer apologia ao crime. Não se trata de apologia, e sim de uma forma de expressar o descontentamento com a realidade sóciopolítica. Realidade que transcende a verossimilhança quando se descumpre a eticidade e a moralidade – isso sim é apologia. Como o próprio artista diz “apologia ao crime é o que o nosso governo faz o tempo todo, é o que os políticos fazem, como roubar dinheiro público".
Como dizia Dalmo de Abreu Dallari em uma palestra sobre ética na Fundação Abrinq,“creio que uma discussão a respeito da ética pode nos ajudar a viver, com mais consciência do que nós próprios somos, mais conscientes das nossas possibilidades e responsabilidades. A ética individual não é desligada da ética social exatamente porque ninguém vive sozinho, todos vivem necessariamente num grupo humano, todos vivem necessariamente em associação”. Lula e seus asseclas disfarçados de ministros, secretários, se esqueceram da realidade e pensam que estão vivendo no fantástico mundo de Tim Burton. Com a apologia à corrupção e a ignorância, querem nos levar para a caverna e nos submeter aos grilhões.