Precisamos reemancipar Dias d’Ávila - BA

A maior parte da receita de ISS de Dias d’Ávila vem sofrendo retenção na fonte pelas empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari que a transferem para aquele município.

As autoridades de Dias d’Ávila, além de não fazerem nada para impedir a evasão da receita, quando questionadas, argumentam; “Não podemos cobrar novamente, seria bitributação”. Parece que todo mundo foi orientado para falar a mesma besteira, a mesma maluquice. Não dá para acreditar que não saibam o que é bitributação ou que desconheçam o que diz o artigo 30, inciso III, da Constituição Federal de 1988.

O que mais nos inquieta é: por que tanto desinteresse? O que há por detrás dessa concordância pacífica? Será que é um esquema onde alguém leva vantagem, ou tem participação na receita desviada?

Isso nos leva a pensar se não é chegada a hora de convocarmos novamente o povo para uma CAMPANHA DE EMANCIPAÇÃO FINANCEIRA, de libertação contra a tirana Camaçari, da conivência daqueles que têm o dever de proteger o município e nada fazem?

Já emancipamos este município uma vez e isso nos dá experiência e coragem para lutar de novo. Fizemos em condições bem mais desfavoráveis do que as de agora, numa luta linda, em que nosso povo participou bravamente, chegando a enfrentar o poderio, a riqueza e a truculência da Prefeitura de Camaçari que, àquela época, era comandada pelo ditador Humberto Éllery.

E por falar nisso vale ressaltar que grande parte das autoridades de Dias d’Ávila tem alguma ligação com Camaçari. Temos funcionário daquele município no mais importante cargo daqui, assessor, consultor, puxa saco, pelego, tudo. Se for feita uma investigação criteriosa pouca gente escapa. Vivemos com o inimigo dentro da trincheira.

Não tem a menor lógica a Prefeitura de Camaçari reter 90% do nosso ISS e ninguém fazer nada. Ao contrário, ainda vêm na defesa dos ladrões.

Talvez estejamos precisando fazer tudo de novo: visitar casa por casa para dizer que o município é rico, mas a sua riqueza continua sendo arrebatada por Camaçari. E é por isso que convivemos com o fantasma do desemprego dentro da nossa casa. No trabalho, a preferência também é por quem é de fora. Nossa gente vive de perna seca de bater de porta em porta, sem sucesso. Talvez só mesmo o povo sabendo que, a razão da nossa pobreza, está na falta de interesse dos nossos governantes. São eles responsáveis pela falta de trabalho, de saúde, de educação de qualidade, de segurança. O que se deixa de arrecadar poderia estar sendo empregado na qualificação dos nossos trabalhadores, na geração de novos empregos. É triste sermos tão ricos e vivermos enfrentando tantas dificuldades. Será que existe aqui na cidade uma casa (tirando as deles) onde não se tenha um desempregado, uma desempregada? E isso é justo?

A esperança que tínhamos de sermos independentes foi frustrada porque a emancipação política não veio acompanhada da emancipação econômica, financeira. É Camaçari que continua a arrecadar nossas receitas e pior, com a concordância das nossas autoridades, que curiosamente se fazem de cegas, de surdas, como se participassem todos de um grande conluio.

Será que não seremos nós os legitimados a encabeçar essa nova luta?

A emancipação política foi, de certa forma, embotada pelo peleguismo de alguns aventureiros da “SOCIEDADE DOS INIMIGOS DE DIAS DÁVILA” que era comanda por Mozart Pedrosa, com participação acadêmica de gente que até hoje é homenageada, como a professora Laura Foli, que nunca teve nenhuma identidade com o nosso povo. Nossas professoras foram Altair da Costa Lima, Miriam Lemos, Profª. Jupira, Profª. Idinha, Hildete e D. Vivi que tomava a tabuada e puxava as orelhas da meninada, dentre outras. Laura Foli eu nem sei quem é.

Os nossos limites são uma vergonha por conta de uma negociata feita entre a “SOCIEDADE DOS INIMIGOS DE DIAS D’ÁVILA” e o então governador - o Carneiro João Durval que hoje é senador-, para nossa tristeza. Uma coisa é certa: algo precisa ser feito ou seremos coniventes com todos esses desmandos.

O Rio Imbassaí, que já foi o nosso cartão de visitas, é hoje a nossa maior vergonha e, de deboche, ainda o fotografam para colocar no site oficial do município. Se fotografia transmitisse doença, muita gente seria contaminada. E o pior é que a fotografia é linda como era o nosso rio. É por ele e pelo nosso povo desempregado que precisamos voltar à luta.

Camaçari abocanha mais de vinte milhões de reais por ano da receita própria do nosso município, sem que ninguém faça absolutamente nada para barrar essa roubalheira.

Mas, que diferença faz para quem está bem empregado se Dias d’Ávila perde vinte milhões de reais por ano? Para nós, que precisamos do emprego, do médico, da escola profissionalizante, esse dinheiro poderia ser a solução.

Precisamos emancipar Dias d’Ávila! De novo.

Justino Francisco

19/09/2010

Justino Francisco
Enviado por Justino Francisco em 19/09/2010
Reeditado em 20/09/2010
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