És candidato, porém!
Joacir Soares d’Abadia*
O “porém” que se coloca frente aos candidatos (à presidência, deputados federais e estaduais e governadores) é a respeito dos falsos “afetos” exagerados que eles manifestam para persuadirem seus eleitores a dar-lhes voto: sorriso, aperto de mão, abraços e tapinhas nas costas. Todos, sem exclusão, portam-se como que “amigos” dos pobres, dos mais necessitados, através desses sentimentos afetivos.
Para compreender um pouco do que está acontecendo com os aspirantes políticos é imperioso procurar a significação do termo “afeto”. Ele deriva do latim “affigere” e expressa “apegar-se; unir-se fortemente”.
Depois dessa real definição não nos resta imprecisões de que os candidatos atuam de má fé ao demonstrarem suas emoções afetivas, visto que este afeto irrefletido não os permitem apegar-se fortemente a seus eleitores. Esses, por sua vez, são esperançosos; depositam sua confiança em alguém, desejando que hajam transformações hábeis que favoreçam não somente as classes menos beneficiárias, mas que tenha em vista o bem comum, a política.
Eu, enquanto um desses eleitores trapaceados (por vários anos) pelos falsos afetos dos candidatos gostaria de encerrar este artigo com o poema “O político e o pobre” que mostra o descaso que nós sofremos – não exclusivamente com os inventivos afetos:
1. Moro em um país...
E mais, sou cidadão.
Mundo dos grandes...
Feras soltas.
2. Morte não se vê
Olhos vendados
Maré mansa pra pensar.
Consigo o mundo!
3. Ardendo de fome,
Come cru
Alimento, arte para comer.
Comer o quê?
4. Alívio que vem
A vez de votar
Aperta a mão, abraça-se e bate nas costas.
Porém, a barriga doi.
5. Queria ser rei. Dão-me a coroa da fome
Quero ser forte. Vem-me a injustiça
Queria ser político. O roubo é a oferta
Quero ser livre. Entregam-me à morte.
Deste modo, o ponto nevrálgico que encontram os eleitores é em um afeto instintivo! O qual não possibilita ao candidato um conhecimento sólido das reais carências que sofrem os seus constituintes desprovidos de bens. Este afeto em massa poderá, portanto, transformar-se em bem comum? É muito provável que não. Sejamos esperançosos, todavia! Pois se és candidato... Porém!
*Joacir Soares d’Abadia, diácono
É autor dos livros:
“Opúsculo do conhecer” (Cidadela) e
“A Igreja do ressuscitado” (Virtual Books)
E-mail: joacirsoares@hotmail.com