As incoerências dos americanos

AS INCORÊNCIAS DOS AMERICANOS

Eu nunca gostei de americanos. Desde minha tenra juventude, quando eles acenavam com a “aliança para o progresso”, que nada mais era que uma estratégia de colonialismo imperialista, minha consciência começou a avermelhar (embora eu fosse gremista) e passei a detestar os gringos do norte, o que me valeu vários contratempos na escola e no trabalho. Para me afastar do olho-do-furacão, me mandaram, de 65 a 70 morar em Jaguari, uma cidade, no interior do Rio Grande do Sul, que distava 500 quilômetros da Capital, e não tinha jornal nem pegava televisão. Os movimentos libertários dos jovens de 68 para mim não aconteceram...

Depois disto eu visitei os Estados Unidos, com o mesmo animus de alguns que visitam Cuba: só para encontrar defeitos. De fato, o que me irrita nos yankees é a incoerência deles. Falam em democracia, mas são colonialistas e escravocratas. Apregoam liberdade, mas desrespeitam essa virtude nos outros povos. Arrotam direitos humanos, mas desprezam os cidadãos negros do país deles e torturam prisioneiros em Guantânamo. Afirmam-se moralistas, mas é onde mais existe pornografia, interna e para exportação. Essa irritação se exacerba quando me deparo com brasileiros americanistas, adeptos de Wall Street, fãs do rock e apaixonados pelos mariners. Falam em cultura e destruíram as obras de arte do Iraque.

Por falar nos fuzileiros, o hino dessa tropa de bandidos relata tropelias militares desde o “Hall de Montezuma” (México, 1848) até as areias de Trípoli (Líbia, 1805) nações com que eles nunca estiveram em guerra declarada. Eu não sei quem conferiu aos americanos a função de fiscal e xerife do mundo. Se não for pelo desejo de faturar no comércio de material bélico, não sei por que eles sempre têm uma atividade bélica. Ainda bem que as derrotas na Coréia e no Vietnã os fizeram cair na real.

Agora eles estão contra a política nuclear do Irã e da Coréia do Norte. Ora, eles e seus aliados podem ter arsenais atômicos, os outros não. Por quê? O Brasil teve, na Serra do Cachimbo (operação Calha Norte) um sonho de se tornar potência nuclear. Por pressão dos gringos, Collor de Melo, jogou literalmente, uma “pá de cal”, em 1991, no Projeto Aramar, tudo sob a chancela dos americanos.

Li numa revista que o sonho de consumo de 88% dos jovens americanos é “comprar o céu”. Isto revela o pensamento pragmático e mercantilista das novas gerações, isso quando saem por aí atirando em colegas da escola.

A incoerência maior foi o ataque ao Iraque e o assassinato de Saddan Hussein. Onde estavam as armas de destruição? Agora Obama, o “prêmio Nobel da Paz” (??!) está retirando os soldados de lá. Sabem para onde eles virão? Para a América Latina. Já têm bases americanas no Paraguai. O sonho deles é a Amazônia. Nós que nunca dissemos não a eles, agora não podemos mais dizer nada. Quem viver verá...