'O momento agora, é deles'

Nossas políticas eleições ocorrem em um calendário bienal e não quatrienal, como muitos por aí propalam.

Temos, as eleições nacionais - presidente, senadores, deputados federais, governadores e deputados estaduais. Daqui a mais dois anos, teremos as eleições municipais - prefeitos e vereadores.

Contudo, o que me ocorre agora e no momento, é justamente o grande circo que se forma neste burburinho de candidaturas, em que os muitos candidatos que pleiteiam uma vaga eletiva posam nas mais diversas facetas em suas propagandas.

Excetuando-se o horário gratuito no rádio e na televisão onde, com mais acuidade, o eleitor poderá fazer um perfil de cada candidato, optando a sua escolha, acertadamente ou não, visto que o cenário de algumas e inusitadas apresentações de cada pleiteante nos remete à uma análise mais aprofundada, o que faz emergir uma uníssona pergunta: 'o Brasil merece isto?'.

Não muito diferente dos horários políticos, os muitos carros-de-som, com suas potências e poderosas caixas de sons, nos agridem com os mais variados 'jingles' de campanha de cada candidato e partido.

As promessas são tão 'convincentes' que até nos surpreendemos em acreditar que tais propostas serão levadas a cabo quando eleitos forem. E, o que dizer das 'musiquinhas' enaltecedoras das qualidades individuais de cada um. São verdadeiras 'pérolas', muitas vezes compostas depois de noites e noites de inspiração onde, cada verso terá de caber e rimar a cada estrofe, em destaque para as convicções e capacidade do candidato.

Reuníssemos nós, todos os 'jingles' políticos e arranjássemos uma gravadora, acredito que teríamos um 'hit parade' por algumas longas semanas e as rádios poderiam reviver o famoso 'telefone pedindo bis' para o mais tocado da semana.

Os temas de cada música são os mais variados possíveis e vão desde

a 'ilibada honestidade' até o 'melô do ficha limpa', passando pelo 'rebolation' , que aqui tem o sugestivo nome de 'renovation', numa clara alusão de renovação política.

Mas, será que o nosso povo brasileiro tem boa memória e permitirá a recondução de alguns parlamentares já bastante conhecidos de passadas falcatruas que macularam nossa cívica honra, já que as deles

estão mais que denegridas? E quanto aos novos que se propõem em assumir a uma possível vaga no legislativo e sem o conhecimento da 'máquina' e por força de suas aparições na mídia nacional, com é o caso de alguns artistas famosos - comediantes e apresentadores de

programas de fraca audiência, cantores sertanejos, boxeadores e mulheres 'quitandas' em suas variedades de frutas, além daqueles outros 'naturais' que, por força de suas oníricas sinceridades, declinam em seus rápidos e exíguos discursos um séquito de 'farei isto e aquilo, realizarei aquilo e aquilo outro, combaterei as corrupções, criarei tais projetos, etc e tal'.

Como vemos e, sempre a cada dois em dois anos, as nossas eleições oferecem um momento que, posso afirmar, seria trágico se não fosse cômico, ou seria o contrário.

Momento por momento, agora o momento é deles. Compete a nós, eleitores e detentores do poder democrático da livre escolha, selecionar os novos (ou velhos) nomes daqueles que por quatro anos serão os legítimos administradores da coisa pública de nossa nação, com exceção para aqueles escolhidos para a câmara alta, o senado federal, que desfrutarão de longos oito anos de imunidade parlamentar.

Só lembrando que, o erro de um dia terá quatro anos de arrependimento.

Boas eleições.