O CASO IRÃ: QUESTÃO de PLANEJAMENTO

Engraçado esse negócio de política internacional.

Dos primitivos clãs, que se alastram na busca da riqueza, até o agrupamento moderno de Estados militares em torno do Capital, a política internacional se caracteriza muito mais pelas trombadas e patetices, do que pela liturgia diplomática das casas consulares.

E dentro da atual Inquisição de modelo capitalista, não poderia ser diferente.

Lord Mensalóide, na sua peregrinação internacionalesca, sensível que é às transformações no sobe e desce pela liderança do planeta, resolve meter o pé no ar na esperança de deslocar a modernidade das mãos tutelares dos Eua.

E o que se viu? Um apanhado de trapalhadas brutuculescas.

Primeiro, postou-se ao lado do Mahmude.

Segundo: formou um bloquinho de aves arribantes, culminando com uma declaração iraniana p'ra lá de vaga.

Último: assinou a sanção da ONU contra o Irã e mudou de lado.

Do ponto de vista diplomático, a chancelaria tupinincrédula é um fracasso.

O bom mocismo babaca e síndico-liberal do Presí, é ridículo.

Não pelo fato do Mahmude ser péssima companhia ( pergunte à mulher, aos intelectuais e artistas (de esquerda ou direita), o que é viver na opereta aiatolesca)), mas porque o Brasil é integrante de um bloco hegemônico sob tutela de uma potência militar, e a única maneira de alcançar a independência passa pela autonomia armada, e isso envolve auto-suficiência nuclear (qualquer dúvida, manda as trôpegas forças armadas americanas se meterem na Georgia, p'ra ver o que acontece).

Quando se traça um plano de ascensão e independência, é levado em consideração uma política sólida na formação de alianças estratégicas.

Muito bem. Qual o planejamento do Governo Mensalístico, para mobilizar os auto-denominados Estados emergentes em prol do Irã?

E qual a justificativa para deixar um bloco, do qual era, bem ou mal, o líder, para servir de vagãozinho no bloco dos Eua?

No primeiro caso, o umbigo. No segundo, a irresponsabilidade.

E porque irresponsabilidade?

Porque a Casa de Rio Branco sempre se baseou no bom-senso. A diplomacia brasileira é dona de uma das mais sólidas tradições na gestão de conflitos internacionais, baseada sempre no respeito pelas tradições e costumes dos povos, planeta afora, e no direito dos Estados que estruturam estes povos, de se armarem garantindo independência.

Nunca, na história da Casa de Rio Branco, o Brasil condenou o direito dos Eua, Rússia, Inglaterra, França, China, Cuba, e outros membros do Clubinho militar, de se trajarem de super-heróis atômicos.

Porque condenar o Irã?

Como é possível condenar o Irã por não abrir os segredos nucleares, se Israel se cala quando perguntada sobre a bomba-atômica sionista?

Seja como for, Lullinha, o Bom Menino, atirou no lixo a tradição da diplomacia brasileira, porque se o principal esforço desde o Governo Itamar (razão porque FHC ocupou a Chancelaria), é liderar o bloco dos Estados emergentes, este esforço deu em nada, no momento em que a assinatura batráquia do Presidente tirou o Brasil da liderança emergente para cãozinho amestrado da senilidade anglo-saxônica.