A condenada Sakineh - horror, violência, demagogia e mentiras...
A condenada Sakineh - horror, violência, demagogia e mentiras...
No mundo inteiro, levantou-se um movimento em favor da Sra. Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento no Irã.
Aos 43 anos, Sakineh foi, primeiramente, acusada de cometer relações sexuais ilícitas com dois homens (isto, quando já éra uma viuva!) e, desde maio de 2006, divide uma cela com outras 25 mulheres acusadas de homicídio na prisão de Tabriz, no noroeste do Irã. Originalmente, ela havia sido sentenciada a receber 99 chicotadas (pena já executada). Mas, para sua desgraça, seu caso foi reaberto quando foi acusada na justiça iraniana de ter matado o marido. A despeito de ter sido inocentada de tal crime, a pena relativa às supostas relações ilícitas foi revista e aplicada a pena para o crime de adultério, e a iraniana acabou sentenciada à pena capital, em 2007. Agora, seu processo está sendo apreciado pela suprema corte de justiça iraniana.
No Brasil, a par das boas (porém estranhas e condenáveis) relações do governo brasileiro com o governo do regime dos aiatolás, surgiu o movimento ganhou o nome de "Liga, Lula!", movimentado através de um blog na Internet, cujo objetivo era conseguir pela via diplomática, a clemência para a condenada. Atenção para este detalhe: o que se pedia era clemência, e não outra coisa.
O movimento foi ganhando volume e adeptos na Internet e, na imprensa, até que chegou um momento em que o próprio Presidente da República se manifestou a respeito, jogando para a torcida e dizendo que não podia interceder pela condenada, para não abusar, ou melhor, não "avacalhar" a relação com os persas, em virtude da necessidade de respeito às leis e o governo do Irã.
Diante da repercussão negativa de sua fala, Lula voltou ao assunto, para dizer em público, que se o caso incomodava ao violento governo iraniano, o Brasil de bom grado oferecia asilo a ela.
Perceberam? Foi pedido ao nosso presidente que solicitasse clemência para Sakineh. E Lula, depois de colocar o governo iraniano numa situação incômoda, falou em asilo. Qual a diferença?
A clemência tem um caráter de perdão e de suspensão da aplicação da pena, se dirige a um indivíduo específico e enfim, não questiona a lei aplicada, nem o sistema judicial, nem o governo e, o condenado pode, receber perdão total ou cumprir pena mais branda, em seu próprio país. O asilo, em tese, só é concedido na presença de uma ameaça de natureza política a alguém ou a um grupo de pessoas (muito embora o tenham concedido a um assassino pertencente a uma organização criminosa italiana, o violento e frio Cesare Battisti).
Sentiram a incrível gafe cometida pelo nosso Presidente da República?
Ao que parece, em nenhum momento, o governo brasileiro percebeu a diferença de conceitos entre clemência e asilo e, menos ainda, o fato de que a concessão do asilo tornaria a viúva Sakineh em mais uma liderança de oposição ao regime atuando no exterior, pelo simples fato de se mostrar como um exemplo de crueldade, horror e violência do governo iraniano contra seu próprio povo - motivo pelo qual, o asilo parece ser uma concessão mais difícil de ser obtida do governo iraniano.
E a resposta do governo iraniano veio de imediato. O amigo governo do Brasil foi taxado de "emotivo (o que, em linguagem diplomática não é nada amistoso e quer dizer coisa bem diferente...) desinformado e intruso.
Todavia, a principal acusação contra Sakineh foi modificada, no processo movido contra ela - de adultério para assassinato - o que quer dizer que, sua execução provavelmente vai ser comutada para... enforcamento.
Mas, e agora? Se ela não nem sequer era adúltera, como se afirmava, qual a validade do processo a que foi submetida e dentro do qual foi julgada?
Ao que parece, para o judiciário e governo iraniano (cuja sombra coordenadora é o Conselho dos Aiatolás), tanto faz. O que pretendem é amainar as críticas internas e externas e, de qualquer jeito, executar de uma forma medonha, a condenada Sakineh Mohammadi Ashtiani...
Quando se quer cortejar e protejer ditaduras ou governos assemelhados, um facínora sempre alega em favor daqueles o tal do direito de "livre determinação dos povos". Mas, quando se quer afirmar os direitos da pessoa e os valores democráticos, basta invocar a Declaração dos Direitos Universais do Homem e, aí, fica claro que, ou é se é a favor de uma ou outra coisa.
O nosso governo já deixou bem clara a sua posição, em favor da escumalha que, a todo título e pretexto, ignora, rompe e subtrai os direitos básicos da pessoa humana, desde Cuba até o Sudão.
Nesse sentido, o Palácio do Planalto, secundado pelo Palácio do Itamarati anunciou - que coisa incrível! - que o governo brasileiro propos ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas que suprima a aplicação das chamadas "Monções de Censura", com a qual se agrava aos governos genocidas ou violadores de direitos humanos, a título de evitar a suposta "politização" do tema e, facilitar a negociação com os mesmos.
A repercussão da vergonhosa e reveladora iniciativa foi a seguinte: Os Europeus, digamos que estranharam. Mas os governos árabes e africanos, ao contrário, receberam muito bem a inusitada proposta!...
No fim de semana, o candidato à presidência da república José Serra aproveitou-se da deixa e, questionou a razão do governo federal ter criado um órgão com status de Ministério para realizar uma política específica para as mulheres, já que apóia e defende a política de governos violentos, covardes e misógenos, iguais ao do Irã, dizendo: “Eu acho uma ironia o Brasil ter uma Secretaria Especial de Políticas para Mulheres e considerar como amigo, ter carinho por um regime que enterra a mulher até a cintura e apedreja até a morte”. - Touché!
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Em 10.08.2010 - Falando em Irã, horror, violência demagogia e, mentiras: o governo brasileiro acaba de informar, via Itamarati, que, a despeito da "contrariedade", vai assinar o termo das novas sanções da ONU contra o Irã, alegando a tradição do Brasil na adesão às decisões do citado órgão.
O que dizer disso? A contrariedade do presidente da república só não é mais patética e inacreditável do que sua crença nas boas intenções do Irã em relação ao seu programa nuclear, porque uma condição nega fatalmente a outra.
A despeito da tal e antiga tradição, o atual governo estabeleceu um espantoso costume: cortejar governos de párias em momentos de efervescência e, depois subtrair-se do questionário estabelecido pelo apoio, usando as portas dos fundos e o óleo de peroba no verniz da face!
Mas, diz a letra daquela versão da canção chata: “É isso aí!…” Que nem Coca-cola…