Educação Para A Barbárie: 60 Dias De Censura Ao ESTADÃO
As excelências do Judiciário em conluio incestuoso com os dois outros poderes republicanos estão em processo de punição à Imprensa porque esta está a defender os interesses sociais dos eleitores melhor e de forma mais veemente, do que elas. Enquanto o Legislativo rouba descaradamente, às vistas de todos, as verbas dos cidadãos em coluio com o Executivo, o Judiciário garante a impunidade de todos com seu corporativismo elitista entre poderes.
A perda das referências morais civilizadas, como mostra Proust “Em busca do tempo perdido”. Conduz “as dez mil pessoas da classe alta à formação de um clã de criminosos, uma quadrilha de conspiradores, uma camorra de consumidores”. Walter Benjamim ao comentar o livro de Proust à feérie satânica, o ganancioso trabalho da pulsão de morte.
O sádico e socialmente destrutivo trabalho institucional da classe que ele descreve como sendo a do “explorador puro” em sua relação deletéria com os demais membros da sociedade, se evidencia pela lisonja servil entre seus membros que se bajulam e promovem entre si, indiferentes às necessidades socio-culturais, financeiras políticas e econômicas da sociedade.
Todos podemos observar através da TV Senado a quantidade exorbitante de confetes e serpentinas verbais que os parlamentares jogam de um para outro palanque. É vossa excelência para cá, é vossa excelência para lá, é vossa excelência a todo momento e em todo lugar dos discursos laudativos, corrompidos por uma intencionalidade cheia dos chiliques de praxe da etiqueta parlamentar. O formalismo brega visa encobrir a corrupção de suas atividades ditas secretas. Atos e votações em segredo de conspiração parlamentar.
Na Casa Grande Senado não há seriedade de propósitos nem dignidade manifesta na discursividade fácil, sem conteúdo social pertinente. A educação é simplesmente esnobada. Os investimentos na indústria bélica, na Petrobrás e no Bolsa Família beiram os 150 bilhões. Por que não investir esse dinheiro em educação? A educação responsável pelo exercício escolar e acadêmico de uma linguagem que eduque para a cidadania e não para o boquete precoce a corrupção emocional e o tráfico de entorpecentes.
Por que as excelências ignoram o estado nocivo, infame, da educação nas escolas públicas municipais, estaduais e federais? As privadas estão no mesmo padrão. Raras as exceções. Para Benjamin “o verdadeiro fundamento do conhecimento não é o sujeito, empírico ou transcendental, mas a linguagem”. E qual é a linguagem exercitada nas escolas e academias, senão uma linguagem sem nenhuma exigência de qualidade, sem nenhum preparo, exceto o mínimo, dos atores docentes e discentes no sentido de desenvolverem, mesmo que superficialmente, o exercício do questionamento das velhas cartilhas didáticas sem nenhum compromisso moral e intelectual com a trans-disciplinaridade do saber.
A cultura que se repassa nessas instituições é uma cultura para o exercício da barbárie camuflada pelos diplomas adquiridos com o único objetivo de obter um salário para a sobrevivência, sem qualquer compromisso moral com o exercício dos direitos individuais e da cidadania mais elementar. A cultura acadêmica atual é o testemunho mais radical de crueldade escolar e acadêmica. Docentes que fazem questão de mostrar que não estão minimamente interessados em repassar conhecimentos, exceto aqueles que aprenderam e reconhecem que não mais servem para refletir as mudanças dos paradigmas culturais da atualidade. Os governos não investem neles. Eles não investem nos discentes. Os discentes não cobram qualidade porque não sabem o que significa isso.
Há uma encenação maléfica no gestual e nas palavras de palanque proferidas pelas excelências da Casa Grande Senado. Elas são agentes do preconceito e do fanatismo de classe que não mais consegue se esconder por detrás da expressão verbal e corporal desses parlamentares. Eles se tornaram um pesadelo nacional para a população de eleitores de todos os credos, raças, idades e condição cultural. Isso porque os eleitores estão manifestando que se sentem politicamente traídos, uma vez que suas reivindicações são simplesmente ignoradas pelas excelências. Que estão esperando essas excelências para saírem do discurso irracional e totalitário com a nefasta intencionalidade de manter um padrão legislativo em causa própria?
As mudanças na pós-modernidade acontecem numa velocidade inaudita. E a educação brasileira estacionou. Sem educação não pode haver futuro. É isso que querem as excelências? Que o futuro da educação seja possível apenas para uns poucos privilegiados dissentes nos colégios e academias com raro padrão aceitável de ensino?
As excelências da Casa Grande Senado não veem que a atual educação diploma apenas para a perversão, a revolta, a subserviência, a vassalagem e a esquizofrenia? Ao sair dessas escolas e universidades o graduado está preparado apenas para os testes de inserção no mercado que incluem a prova do boquete e o teste do sofá? Essa realidade educacional e mercadológica destrói a difícil construção do amor-próprio e da auto-estima. Essas excelências querem a continuidade de uma educação de diplomados em escolas e academias do faz de tudo para ter a carteira profissional registrada?
Sem educação ética teremos senadores e excelências como essas que em evento recente na Casa Grande Senado arquivaram em bloco o espírito crítico, a esperança e o moral nacional em nome da prevalência dos interesses particulares da oligarquia Sarney. Sem educação ética teremos senadores que não mostram o mínimo respeito pela atividade política e social de seus mandatos públicos, e que saíram da votação do “Conselho de Etitica” fazendo chacota da imprensa, a exemplo do senador que presidiu o “Conselho de Etitica” dizendo que “pior é no Irã que não tem nem parlamento”.
Se a Imprensa, o 4° Poder, não sair em defesa dos eleitores, quem o fará? Quem defenderá suas demandas políticas? De cidadania? Quem reivindicará seus direitos contra os esquemas institucionais de corrupção parlamentar? Por certo não aqueles que foram eleitos com essa intenção. A intenção traída de seus eleitores. Essas excelências, que por certo saíram dessas escolas e academias que não estão minimamente preocupadas com qualidade de ensino, tem em mente que não possuem obrigação moral de exercitar um comportamento ético que lhes permita melhorar o padrão de ensino e aprendizagem de seus eleitores, desde que, se esses eleitores tiverem um padrão educacional melhor que o deles, eles não teriam seus votos. Nem teriam sido candidatos.
É esse o Brasil do futuro que essas excelências querem manter com uma “Educação do Presente” para inglês ver? As disciplinas na área de humanas são precariamente repassadas numa linguagem que ensina os discentes à prática da subserviência e da servidão humanas. Os discentes são diplomados no exercício de uma linguagem subalterna, submissa, ordinária. Essa linguagem os quer sem nenhum preparo para o exercício do espírito crítico tão necessário à construção das bases de novos paradigmas para o exercício da cidadania na neo-modernidade.
Essas excelências da Casa Grande Senado estão empenhadas em roubar de seus eleitores, com a ajuda institucional das outras excelências, dos outros poderes, um bem tão necessário a seus eleitores brasileiros brasileiros: a esperança. Sobreviver sem ela, pensar, exercitar uma linguagem sem ela, agir e viver sem ela está muito além de nossas forças. Se nos tiram ela, até nossas forças mínimas de sobrevivência se ausentam. E ficamos à mercê do deus-dará. O progresso que possa vir dessa ordem é o progresso da barbárie.
A história da Casa Grande Senado pode mas não deve ser agente social da decadência moral da sociedade brasileira que não possui tradição de comportamento ético porque seus representantes parlamentares fornecem um exemplo de comportamento institucional contrário às demandas de cidadania da população. Aqueles parlamentares que fazem a história da Casa Grande Senado precisam defender e fortalecer as instituições democráticas. E não aviltá-las com um “Conselho de Etitica” que mantem os interesses de uma oligarquia contra todas as evidências de que seus eleitores queriam uma solução institucional que lhes mantivesse a esperança nas instituições supostamente democráticas. Ainda que essas instituições continuassem a fazer valer formas mais aperfeiçoadas de maracutaias e corrupção que substituíssem os atos secretos, criação corporativista do Kayser do Maranhão.
Sem educação ética a barbárie em breve tornará completamente inviável a democracia. Mesmo essa que estamos a presenciar: A das instituições “democráticas” totalitárias. Que ignoram os investimentos em educação. Que não respeitam minimamente a vontade de manter viva a esperança de seus eleitores. Que sucateiam precocemente os corações e a mente de seus filhos. Das novas gerações. Precocemente caducas. Em função da educação.